Roberta Gualda sobre mulheres de mafiosos para papel em Balacobaco

Por - 27/10/12 às 17:05

Pedro Paulo Figueiredo/ Carta Z Notícias

Introspectiva, fala baixa, roupas discretas e sapatos rasteiros. Em nada Roberta Gualda consegue se assemelhar à espalhafatosa Dóris. Para moldar a vilã, que é gêmea de Diva, de Bárbara Borges, em Balacobaco, a atriz carioca não economizou em pesquisas. Assistiu desde seriados americanos sobre mulheres de mafiosos até a funkeiras em ação com seus passos populares e figurinos de gostos duvidosos. Tudo para esculpir a escrachada personagem em sua segunda novela de Gisele Joras. A primeira foi em Bela, A Feia, sua estreia na Record, onde viveu a destemida Luzia.

"Só tinha feito humor em rápidas participações. Estou adorando isso! Me divertindo trabalhando e saindo do drama onde as pessoas sempre me colocavam", analisa Roberta.

Em seus 10 anos de carreira na Globo, desde que estreou no seriado Mulher, em 1998, e mesmo quando teve seu primeiro papel de destaque, com a Paulinha, de Mulheres Apaixonadas – de Manoel Carlos, em 2002 -, Roberta sempre transitou por personagens densos. Foi assim também recentemente, na minissérie bíblica Rei Davi, onde a atriz de 35 anos teve de raspar a cabeça ao interpretar a sofrida Tirsa.

"Mas não sou de ficar sofrendo com personagem. Fecho a gavetinha quando a novela acaba, não fico carregando. Mas me coloco em segundo plano nesses momentos. Sempre por uma boa causa", valoriza.

O discurso seguro e articulado de Roberta não é fruto apenas da carreira como atriz, que se iniciou no teatro, quando Roberta tinha 14 anos e subiu aos palcos pela primeira vez em cursos no Teatro Tablado, no Rio de Janeiro. Neta de desembargadores, o que trouxe segurança à atriz foi ter cursado Direito, mesmo sabendo, nos primeiros períodos, que jamais exerceria a profissão.

"Só tive a intenção de seguir nos primeiros cinco minutos (risos). Na verdade, gostei de algumas matérias. Me fazia bem circular por outros meios totalmente diferentes do teatro. É enriquecedor viver outros universos", avalia a atriz, que também fez mestrado em Comunicação Social.

O gosto pelos livros e o interesse pelo aprendizado trouxeram uma inquietude permanente à atriz, que sempre procura fazer cursos. Sua próxima investida será em aulas de canto. Porém, por enquanto, as únicas aulas que Roberta têm tido tempo e uma certa obrigatoriedade em fazer são para esculpir as formas para o figurino justíssimo de Dóris. Apesar de não suportar fazer exercícios, a atriz tem frequentado a academia para séries de musculação e corridas na esteira sempre que pode.

"Depois dos 30, não dá para fugir, principalmente com uma personagem com figurino de funkeira! O problema é tempo. Quando não dá, coloco um saltão e faço truques", brinca, imitando a voz da personagem despachada.

"Ela é desbocada, fala alto, tem vários tons acima, mas também tem uma doçura. Apesar de viver de golpes e bicos, se preocupa com os outros. Não é tão ensimesmada", defende.

Para Roberta, o interessante de viver essa personagem nesse momento tem sido coincidir esse trabalho com outro que acaba de estrear no cinema, onde a atriz vive uma personagem radicalmente oposta. No longa Gonzaga – De Pai Para Filho, de Breno Silveira, Roberta interpreta Helena, a segunda mulher de Gonzagão, com quem ele viveu por quase toda a vida.

"Ela é uma grande personagem. O Breno apostou muito em mim nesse filme. Hoje sou grata de sobreviver do trabalho de atriz, pois nem todo mundo consegue. Minha carreira tem um saldo muito positivo", comemora.


 

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