Roberto de Carvalho escreve sobre saudade de Rita Lee

Por - 08/07/23 às 13:51

Roberto de Carvalho e Rita LeeReprodução/Instagram

Neste sábado, 8 de julho, Roberto de Carvalho usou as redes sociais para lamentar a saudade que sente de Rita Lee.

“Saudade, 2 meses… Uma eternidade. O vazio permanece”, escreveu. Momentos depois, ele postou uma selfie e colocou na legenda: “Na real”.

A rainha do rock morreu em 8 de maio, após luta contra um câncer de pulmão. Recentemente, em entrevista para a Veja, Roberto contou como lida diariamente com a ausência da amada. “É a sequência de um longo processo de uma vida toda. Tenho altos e baixos. Tem horas em que estou em paz com o que aconteceu. Tem horas em que desabo. Particularmente, não creio que eu possa algum dia ter a coragem que ela teve de passar por tudo que passou. Depois que ela subiu, tive até certo alívio com o fim do flagelo. Por outro lado, morreu um pedaço de mim também. Estou no processo de entender quem sou e o que sobrou de mim após toda essa situação”, disse ele.

O instrumentista também afirmou que a morte nunca foi um tabu para a artista. “A morte nunca foi um tabu para nós. Sempre falamos sobre isso com naturalidade, especialmente durante a pandemia. No primeiro ano da pandemia, fomos morar na Granja e tivemos um convívio bastante intenso. Nossa rotina era gostosa, de tomar sol, de fazer nossa comidinha, de ver televisão. Era uma utopia dentro da distopia. Olhando para trás, parece que foi um ano de despedida da nossa vida”.

Durante a conversa, Roberto de Carvalho também relembrou como foi descobrir que a amada estava com câncer com metástase.

“Tudo desandou após Rita parecer sentir os efeitos da segunda dose da vacina da Covid e, no hospital, descobrirmos que na realidade ela estava com câncer. Foi o começo do fim. Com o tratamento, deletamos o tumor do pulmão, mas surgiram metástases nos brônquios e em outros lugares do corpo. Quando achamos que haveria uma vitória, o médico me chamou em um canto, longe da Rita, e disse: ‘Não tenho boas notícias. Metástase no cérebro’. Eu desmaiei. Apaguei”.

Apesar de todo sofrimento causado pela doença, a morte de Rita foi tranquila e ao lado das pessoas que ela mais amava. “Estávamos eu e meus filhos, além das enfermeiras. Não foi uma coisa pesada. Ela foi apagando pouco a pouco. Não teve drama, foi como uma chama se extinguindo. Foi como um passarinho machucado. Eu queria ter ido junto. A gente planejava ir junto, sabe? Foi o que a gente sempre quis. No fim, ela já não estava falando mais nada. Ela abria os olhos e dormia”, disse Roberto.

Roberto também comentou sobre as imensas manifestações de carinho dos fãs de toda parte. “Leio tudo o que eles escrevem no Instagram. São coisas muito legais e que me consolam muito. O velório no Planetário do Ibirapuera foi uma das coisas mais emocionantes que já presenciei. Em determinado momento, os fãs foram embora e ficamos só a família e amigos próximos. Sentamos naquelas cadeiras reclináveis e começou a tocar um canto gregoriano. Projetou-se na cúpula o céu da hora e do dia em que ela nasceu. Rita tinha me dito que queria o caixão fechado. Eu também não queria que ficasse aberto durante o velório, mas naquele momento senti que deveria abrir. Quando fiz isso, ela estava linda, tranquila. Deixei aberto para ela fazer essa viagem junto com a gente. A sensação que tive foi que ela realmente estava ali. Foi uma despedida magnífica. Eu olhava para o céu e olhava para ela. Me deu muita paz”.

Após o velório, o corpo da artista foi cremado. “As cinzas da Rita estão aqui em casa, em um altar. Vamos jogá-las no jardim, mas só quando eu subir e encontrar com ela. Quero ser cremado e que as minhas cinzas sejam misturadas com as dela. Aí nossos filhos decidem o que fazer. Nesse meio tempo, ela fica aqui pertinho de mim”.

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