Rocketman coroa a grandiosidade de Elton John
Por Redação - 30/05/19 às 01:55
Rocketman, a cinebiografia de Elton John é um exagero, assim como seu protagonista. Exagero esse que transborda no talento de Sir Elton John, nos seus brilhos, na sua música e também em uma vida regada a álcool, drogas, sexo e compulsões. Assim como todo artista genial, o ícone pop também teve que lidar com seus lados mais sombrios, principalmente quando o sucesso e os holofotes apontaram em sua direção, O filme é um mergulho delicioso na vida de um ícone.
Diferentemente de Bohemian Rhapsody, que não teve a versão de Freddie Mercury dos fatos e apresenta algumas divergências quanto à história real e até na linha temporal dos acontecimentos, Rocketman contou com a apuração precisa da estrela do filme: Elton John. O astro acompanhou de perto a construção de sua história e deu sua benção quando soube que Taron Egerton o interpretaria, chegando a afirmar que não poderia haver ator melhor. A genialidade por trás do filme se dá pela presença do personagem central nos bastidores, dando seu toque, deixando suas cicatrizes serem estampadas e representadas na tela do cinema, entregando ao público uma história pessoal, cheia de feridas abertas e embalada por músicas icônicas de Elton.
A direção de Dexter Fletcher, que foi responsável por finalizar Bohemian Rhapsody após a saída de Bryan Singer, dá o tom colorido, vibrante e único, exigido por uma cinebiografia como Rocketman. Fletcher consegue equilibrar os abusos do protagonista com seus dramas e dilemas pessoais, afinal, eles caminharam juntos ao longo da vida do músico. Por falar em abusos, o diretor ouviu as instruções de Elton John e não suavizou as cenas que envolvem sexo e drogas, porém, as deixou muito elegante. Sem perder a classe e sem 'mimimi', a fragilidade do cantor é exposta sem frescura, sem pudor, e com muito rock n' roll.
Entre músicas, brilhos, álcool e substâncias ilícitas, Rocketman não tem como objetivo final mostrar o sucesso que Elton John é, afinal, disso todos nós já sabemos. O foco aqui é mostrar que, para ser Elton John, ele precisou abraçar Reginald Kenneth Dwight, o seu eu que ele 'matou' por anos, tentando matar também suas feridas. Entre Dwight e Elton, havia um abismo muito grande, que causava dor, feridas abertas, e dramas pessoais que, paradoxalmente, só se intensificaram com a fama e o dinheiro.
Uma das relações mais bem retratadas no filme é a de Elton e seu braço direito, Bernie Taupin, interpretado por Jamie Bell. Além da química entre Taron e Bell na hora de contracenar, o roteiro, assinado por Lee Hall (Billy Elliot), dá ênfase nessa parceria profissional e pessoal que já dura 50 anos. Bernie é o letrista e parceiro de composição de Elton há 50 anos, Your Song, por exemplo, é uma letra dele, e sempre foi a calmaria no meio do caos que era a vida de Elton John.
Apesar de não ser perfeito, já que alguns recortes são contados demais e outros de menos, como o relacionamento de Elton com seu agente John Reid (Richard Madden) e o casamento do músico com a engenheira de som Renate Blauel respectivamente, os pontos positivos gritam aos nossos ouvidos, assim como o talento de Elton gritou para o mundo naquela primeira apresentação no icônico Trobadour, nos Estados Unidos, aos 23 anos, fazendo o público delirar com sua presença de palco e musicalidade.
Rocketman começa com Elton John contando sua história em uma clínica de reabilitação. Reabilitação é a ação ou efeito de reabilitar(-se); recapacitação, regeneração e é essa a mensagem mágica por trás do filme e da vida de Elton John: Para curarmos nossas feridas, precisamos fazer às pazes com quem somos e com quem as causou. É preciso regenerar e recomeçar.
Redação
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