Rodriguinho lança CD O Mundo Dá Voltas: “É meu desabafo”

Faz sete anos desde que Rodriguinho deixou o grupo Os Travessos e abandonou os fios ultra loiros. Com outro visual e maior maturidade artística, o cantor prepara-se para lançar ainda neste mês o mais recente álbum, O Mundo Dá Voltas, com 13 músicas inéditas, que farão parte da trilha de um filme musical homônimo, previsto para junho.

O novo e ousado trabalho traz o artista como cantor, produtor, compositor e conta com grandes parcerias, tais como o MV Bill, Thiago Martins, Preta Gil, Nanda Lisboa e Thiaguinho. Para Rodriguinho, que soma 17 discos de sucesso, este é o melhor trabalho e o mais maduro CD de sua carreira.

Em entrevista a O Fuxico, o cantor fala sobre os fãs, dificuldades da carreira solo e diz que O Mundo Dá Voltas é um desabafo.

O Fuxico: Este é um trabalho autobiográfico?

Rodriguinho: O primeiro clipe realmente foi, pois fala da minha infância, de algumas experiências que vivi. Mas o restante é tudo ficção. Nos vídeos, eu apareço como o Rodriguinho, cantando e fazendo as passagens das músicas. Já fiz outros trabalhos neste segmento [filme e CD ] mas este é o melhor. No segundo, eu fiquei mais focado no filme, quis fazer algo grande e não gostei muito. Mas este voltado para o principal, que é a música.

OF: Com este título – O Mundo Dá Voltas – trata-se de uma espécie de desabafo?  

R: Quando decidi seguir carreira solo, passei por muitas coisas, até porque houve uma briga com empresário e questões de contrato. Cheguei a ser convidado para outros grupos, que me ofereciam dinheiro, mas sabia que me prejudicaria mais para frente se aceitasse. Ao mesmo tempo, as pessoas resistiam ao que eu queria profissionalmente, relutavam, não aceitavam as minhas propostas. Percebi também que a mesma mídia que te vangloria em um dia, no outro diz que você não é nada…  

OF: Apesar das dificuldades, você continuou gravando. Tanto que tem sete discos solos…

R: Tenho, mas já passei necessidade, fiquei sem dinheiro, tive uma fase muito difícil. O Thiaguinho [cantor], que é uma pessoa que era meu fã, já me emprestou dinheiro, me ajudou. Ele nunca disse isso, mas eu faço questão de dizer. É um grande amigo. Hoje, o mundo deu voltas, me recompensou depois do meu esforço. Tenho parcerias ótimas, estou feliz com a minha carreira, faço de 15 a 20 shows por mês, realizo um trabalho que me satisfaz. Foi uma batalha, amadureci pessoalmente, profissionalmente. O Mundo Dá Voltas é, sim, um desabafo.

OF: Você já declarou que este é o seu melhor trabalho. Em qual sentido?

R: Musicalmente falando. Sou compositor, produtor, conheço bastante as músicas que estão no mercado. Consegui fazer um trabalho de qualidade, que eu sempre quis e – o mais importante – com a minha cara. Estou realizado e feliz por esse CD e filme. Quem escutar e assistir vai notar o amadurecimento.

OF: Você mencionou o Thiaguinho, como é a relação de vocês?

R: Nos conhecemos durante um trabalho e, logo nos primeiros minutos de conversa, nos entendemos. Apesar de eu ter mais tempo de carreira, a gente se identificou por morarmos no interior, pela nossa história, por termos valores parecidos. Em todos os lugares que ele vai, ele fala de mim e essa amizade é absolutamente recíproca. Quando nos encontramos para compor músicas, muitas vezes ficamos conversando, conversando e, quando vemos, já está na hora de ele ir embora e não compomos nada (risos). Daí, ele manda um SMS: “A ideia que eu tive foi essa…” e conversamos por e-mail.

OF: O que você disse para o Thiaguinho quando ele saiu do Exaltasamba?

R: Existiram comentários na imprensa de que a gente fosse se unir profissionalmente, pois já havíamos gravados duas músicas juntos. Neste período, ele me ligou e comentou que queria mesmo sair do Exalta. Falei o que achava e, a partir do momento que ele tomou a decisão de seguir carreira solo, eu apoiei. Gostei da maneira como ele saiu, sem brigas, fazendo shows de despedida, fazendo participações como o Péricles. Acho que ele fechou aquele ciclo no momento certo, pois hoje é o maior cantor do gênero no Brasil.

OF: Depois do sucesso "Fugidinha", conta como é o processo de composição?

R: Às vezes eu estou em um lugar e vem uma ideia, daí eu anoto e retomo depois. Mas a maioria das vezes é só sentar, saber do que vamos falar e sai. O Thiaguinho me ligou esses dias e falou que precisava de uma música assim, para uma personagem assim, que estaria e tal novela. Daí começamos a pensar e a música veio. Hoje, a música vem com mais facilidade.

OF: É verdade que vocês apostaram que você teria que perder 15kg em 40 dias?

R: É verdade, mas adianto que já perdi… A aposta (risos). É difícil, tenho cinco filhos, levo ele para o Mac, para comer fora, eu gosto muito de comer. A gente apostou dinheiro, mas o prêmio sempre mudava dependendo de como eu me comportava. Perdi 9Kg e foi bom. Agora, que devo fazer mais televisão, quero perder mais um pouquinho.  

OF: Você carrega os fãs dos Travessos até hoje?

R: Com certeza. Quando saí do grupo, as pessoas me acompanharam e sinto o mesmo carinho, até porque não durou tanto tempo depois. Noto que, quando estouramos, muitos fãs eram crianças e não podiam ir aos shows. E, hoje, eles realizam essa vontade. É por causa deles que faço com o maior prazer o pot pourri dos maiores sucessos dos Travessos. Não pode faltar Sorria, Quando a Gente Ama, Querubim… É um orgulho e uma fase que gosto de relembrar.

OF: Qual é o seu sonho hoje?

R: Olha, sou muito feliz com tudo o que eu tenho. Sou feliz com a minha família, sou um paizão, e sou feliz com esse novo trabalho. Só tenho que agradecer por este momento e desejar que este novo disco agrade o público.

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