Romário aconselha pais de crianças com Síndrome de Down

Por - 20/03/06 às 11:14

Felipe Panfili

Romário já era pai de cinco crianças, quando soube que a sexta, fruto de seu relacionamento com Isabella, nasceria com Síndrome de Down. De imediato, o jogador entrou em conflito com seus valores e conceitos. Rico, famoso, auto-suficiente, começou a questionar sua vida.

“O primeiro impacto foi terrível, não posso negar. Mereço passar por isso? Era o que eu mais perguntava. Sempre fui temente a Deus, não podia ser verdade. Foi horrível, fiquei em parafuso. Poxa, tive cinco filhos sadios, a sexta nasceria com problemas? O que eu fiz de errado? Foi difícil aceitar. Com o passar do tempo, fui entendendo que Deus tinha me dado essa dádiva", diz o jogador.

Em conversa com a reportagem de OFuxico, durante a comemoração do primeiro aniversário de Ivy, a filha especial do craque, realizada na casa de festas infantis Praticar, no Rio, Romário contou que cada evolução dela é comemorada com muita alegria por toda a família.

Na manhã daquele mesmo dia, a menina ficou de pé pela primeira vez e ele, novamente, pôde comprovar que se tornou um novo homem.

“Ela apoiou no sofá e levantou, pela primeira vez. Foi uma alegria imensa, todos gritando de emoção. É fantástico acompanhar cada dia da minha filha! Ela, com um aninho de idade, é o meu grande orgulho. Ivy tem apenas a Síndrome, não tem nenhuma doença como a maioria das crianças especiais tem. Infelizmente, 80% delas têm problemas de coração".

"O principal é que Ivy é uma criança feliz. Ela faz fono, natação e fisioterapia. Eles têm algo especial, são muito carinhosos e parecem viver num mundo bem melhor do que o nosso. Meu recado é para que os pais que, por ventura, venham a ter filhos com a Síndrome de Down, não lhes dêem as costas. Não é à-toa que são chamadas de crianças especiais. Elas tornam a nossa vida especial”, desabafa o jogador.

Romário e Isabela querem fazer uma campanha em prol das crianças com Síndrome de Down, mas ainda não definiram o que será feito.

Entenda a Síndrome de Down

A síndrome é definida como um atraso no desenvolvimento das funções motoras do corpo e das funções mentais, tornando o bebê pouco ativo e molinho, o que se denomina hipotonia. A hipotonia diminui com o tempo, e o bebê conquista, mais lentamente que os outros, as diversas etapas do desenvolvimento.

Dentro de cada célula do corpo estão os cromossomos responsáveis pela cor dos olhos, altura, sexo e também por todo o funcionamento e forma de cada órgão do corpo interno, como o coração, estômago, cérebro etc.

Cada uma das células possui 46 cromossomos que são iguais, dois a dois. Um desses cromossomos, chamado de nº 21, é que está alterado na Síndrome de Down. A criança que possui a Síndrome de Down, tem um cromossomo 21 a mais, ou seja, ela tem três cromossomos 21 em todas as suas células, em vez de dois. É a trissomia 21. Portanto, a causa da Síndrome de Down é a trissomia do cromossomo 21. É um acidente genético.

Devido à hipotonia do bebê, ele é mais quieto, apresenta dificuldade para sugar, engolir, sustentar a cabeça e os membros. A abertura das pálpebras é inclinada com parte externa mais elevada, e a prega, no canto interno dos olhos, é como nas pessoas da raça amarela. Tem a língua protusa (para fora da boca). Apresenta rebaixamento intelectual, estatura baixa, 40% dos casos possuem problemas de coração.

Até o momento não há cura. A Síndrome de Down é uma anomalia das próprias células, não existindo drogas, vacinas, remédios, escolas ou técnicas milagrosas para curá-la. Com os portadores da Síndrome de Down deverão ser desenvolvidos programas de estimulação precoce, que propiciem seu desenvolvimento motor e intelectual, iniciando-se com 15 dias após o nascimento.

Estima-se que a cada 550 bebês que nascem, uma tenha a Síndrome de Down.


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