Russell Brand escreve artigo comovente sobre Amy Winehouse

Por - 25/07/11 às 13:46

Grosby-Group

Russell Brand escreveu um artigo comovente em seu site 'Russell Brand TV', posteriormente publicado também pelo jornal britânico The Sun,  sobre sua amiga Amy Winehouse.

Como o ator não quis receber pagamento do jornal, foi feita uma doação para a Focus 12, uma entidade que ajuda viciados, no valor do pagamento que lhe seria devido.

Leia trechos do artigo:

"Quando você ama alguém que sofre da doença do vício você espera o telefonema. Haverá um telefonema.

A sincera esperança é que a ligação seja dos próprios viciados, dizendo que já se cansaram, que estão prontos para parar, pronto para tentar algo novo.

Porém, você teme a outra chamada, uma triste ligação noturna de um amigo ou parente dizendo que era tarde demais, ela se foi.

Conhecia Amy Winehouse há anos. Quando eu a conheci perto de Camden, ela circulava pelos bares do bairro com amigos em comum, a maioria dos quais eram de bandas Indie ou figuras locais.

Carl Barta me disse que Winehouse (como normalmente eu a chamava… é engraçado chamar uma garota pelo sobrenome) era uma cantora de jazz, o que me pareceu estranhamente diferente naquela multidão. Para mim, com meu conhecimento musical limitado, esta informação sobre Amy ia além de uma fronteira invisível de relevância. 'Cantora de Jazz?  Ela deve ser algum tipo excêntrico', pensei. Conversei com ela mesmo assim, e afinal ela se mostrou uma menina doce e peculiar, mas acima de tudo vulnerável.

Eu havia acabado de sair da reabilitação e estava procurando avidamente uma mulher menos complicada, por isso, não refleti sobre o que agora é óbvio, que Winehouse e eu compartilhávamos a mesma aflição, a doença do vício.

Todos os viciados, independentemente da substância ou de seu status social, compartilham um consistente e óbvio sintoma: eles não estão muito presentes quando você conversa com eles. Eles se comunicam com você através de um véu quase imperceptível, mas que não dá para ignorar.

Quer seja um sem-teto te perturbando por alguns trocados, ou um cara que cheirou, ou um executivo “alto”, existe uma aura tóxica que impede a conexão.

Eles olham através de você para algum outro lugar onde gostariam de estar. A prioridade de todo viciado é anestesiar a dor de viver.

De vez em quanto eu trombava com Amy e ela estava de bom humor, então podíamos conversar e rir, ela era uma figura.

Então, ela se tornou muito famosa.

Não fui curioso o suficiente para fazer algo tão extremo como ouvir sua música ou ir a seus shows. Eu também estava ficando famoso e isso era uma experiência desgastante.

Foi quase que por casualidade que eu a vi cantar ao vivo uma vez.

Cheguei tarde e fui abrindo caminho pela audiência enquanto ouvia a impressionante ressonância de uma voz feminina.

Vi, então, Amy no palco com Paul Weller e sua banda e fiquei muito espantado.

O espanto que te domina quando você vê um gênio.

De sua estranha e delicada presença vinha aquela voz que parecia não sair dela, mas e algum outro lugar distante, da fonte da grandeza.

Uma voz cheia de tal poder e dor, que mesmo inteiramente humana, era conectada com o divino.

Meus ouvidos minha boca, meu coração e mente se abriram instantaneamente

Ela era um tremendo gênio.

Nos tornamos amigos e ela veio me ver nos meus programas de rádio e tevê.

Mas, então, Amy passou a ser definida por causa de seu vício.

Nossa mídia está mais interessada na tragédia do que no talento e começou a deixar de elogiá-la pelo dom, preferindo enfatizar sua queda.

As relações destrutivas, as sapatilhas cheias de sangue, shows cancelados.

Aos olhos do público, esse papo furado efêmero substituiu seu talento atemporal.

Nem todos de nós conhecemos pessoas com o incrível talento de Amy, mas todos nós conhecemos bêbados e junkies e todos precisam de ajuda para sair dessa.

Tudo o que precisam fazer é pegar o telefone e pedir ajuda. Ou não. De outra forma haverá uma ligação."

Tudo sobre a morte de Amy Winehouse – Cobertura completa

 

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