Sacha Bali: “O que me realiza mais é escrever e dirigir”

Para fazer um bom trabalho em sua primeira oportunidade na Globo, Sacha Bali foi corajoso. Alguns membros do elenco de Salve Jorge se prepararam junto com militares; outros viajaram para Turquia. Enquanto isso, Sacha, que na trama vive o traficante Beto, teve de ir à luta. Ou melhor, ir à boca de fumo.

"Ninguém disse: 'Agora você vai para boca ficar lá'. Então, tive de correr por fora", conta o ator, que conseguiu chegar ao tráfico do Morro do Alemão, mas com dificuldade.

Somente através de um amigo que fazia um projeto no morro que ele começou a ganhar a confiança das pessoas com quem teve convívio. Passou a frequentar o local semanalmente, por pelo menos dois meses.

"Comecei a ir lá para poder pegar a atitude deles, as gírias, para poder tentar pegar as especificidades daquele local", explica. 

A ideia de Sacha era aprender mais para poder representar os traficantes. Segundo o próprio ator, o trabalho está sendo aprovado pelas pessoas com quem conviveu durante o laboratório.

"Eles estão se amarrando, me dando a maior força. Dizem: 'Pô, tá representando'", comemora, citando uma expressão que aprendeu no Alemão.

Após seis anos na Record, o ator acredita ter ganhado uma visibilidade muito maior na Globo.

"A Record tem um público classe C, D, E, então eu vou no Alemão, ou em qualquer favela, e todo mundo me reconhece. Mas na Barra ou na Zona Sul, eu não era tão reconhecido", afirma Sacha, que no início de sua incursão ao Morro do Alemão era chamado de Metamorfo pelos moradores nome de seu antigo personagem na trilogia Os Mutantes, da Record. 

Essa diferença na audiência tem feito Sacha refletir. Com mais amigos e familiares assistindo ao seu trabalho, o retorno, em alguns momentos, tem sido diferente do habitual.

"As pessoas mais próximas são mais sinceras. Eu ouvia muito: 'Parabéns, você está lindo'. Agora vira um irmão e critica. É um retorno diferente", analisa. 

Na nova emissora, ele garante estar se encontrando. Novas amizades sempre são importantes em momentos como esse e Sacha diz ter tido sorte de trabalhar com Nanda Costa e Roberta Rodrigues.

"Elas não só são grandes atrizes, são meninas que têm um coração enorme. Elas me abraçaram de uma forma que viramos amigos", recorda.

Apesar do bom início, Sacha ainda não pensa em um vínculo maior com a emissora. Com muitas ideias para trabalhos em cinema, teatro e até televisão, o ator só se preocupa com o presente.

"É tanta coisa que eu quero fazer, que eu não estou preocupado com o futuro, estou preocupado em produzir", afirma.

Para poder produzir, ele não se contenta apenas com a interpretação. De acordo com Sacha Bali, um ator tem uma função muito importante, que é levar emoção ao público, mas a vontade dele é conceber isso. O único problema é que na televisão ainda não tem essa abertura.

"Eu só estou ali para falar o texto que a Gloria Perez escreve. O que me realiza mais é escrever e dirigir, então estou correndo atrás disso por fora", avisa.

Entre os projetos como escritor, ele tem até uma série televisiva, mas acredita que ainda não é a hora para ser apresentada.

"Eu quero ganhar mais experiência. Estou escrevendo mais para mim, para poder exercitar", despista.

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