Saiba tudo sobre a nova novela da Globo, Saramandaia. Cenografia
Por Redação - 01/06/12 às 12:41
Cenografia e direão de arte
Tão personagem quanto seus moradores, a fictícia Bole-Bole merecia mesmo atenção especial. Durante mais de cinco meses, a equipe de cenografia liderada por May Martins pesquisou a fundo para imprimir ecletismo na cidade cenográfica de Saramandaia.
O desafio era criar um lugar improvável, porém possível, e mostrar que Bole-Bole é, na verdade, a união de várias cidades brasileiras. Para isso, a equipe buscou referências em capitais como Belém (PA), Belo Horizonte (MG) e Porto Alegre (RS), além de cidades menores, como Palmeira dos Índios (Al) e São Tomé das Letras (MG). Por ali, pode-se ver uma prefeitura do sul do Brasil, assim como um prédio do nordeste, um aqueduto como o da Lapa carioca e uma rodoviária ao estilo do arquiteto Niemeyer. Tudo muito harmônico, com uma pálida paleta de cores, evitando que uma ou outra construção se sobressaia,
mas sempre marcando certa estranheza.
Com quase 5 mil metros quadrados, Bole-Bole possui uma parte alta, acessada por escadas de tijolo e pedra que permite outro ponto de observação da cidade. O fabuloso universo da novela remete a histórias medievais e permitiu a construção de uma cidade murada.
A cidade cenográfica ainda abriga a praça principal com um coreto para cada banda, uma rodoviária, a prefeitura de Lua Viana (Fernando Belo), o Centro Cívico, a farmácia de Cazuza (Marcos Palmeira), a barbearia e a_lanhouse_ de Cursino (André Abujamra) e Totó (Zeu Britto), a loja de pássaros de João Gibão (Sergio Guizé), a pensão de Risoleta (Debora Bloch) e as casas dos ilustres bolebolenses como a de Aristóbulo Gabriel Braga Nunes) e Redonda (Vera Holtz).
Para a morada do professor (e lobisomem nas noites de quinta-feira), May e sua equipe se inspiraram em construções inglesas.
Já a personagem mais pesada da trama mora em uma casa que remete a um cupcake. A ideia foi construir com base em um doce, sem ares de desenho animado.
Nos cenários internos de Saramandaia, a conta é também alta: todos juntos somam cerca de 4 mil metros quadrados de estúdio. Entre os mais imponentes, está a representação cenográfica da rixa que divide a cidade: as duas fazendas da novela. De um lado, a da família Vilar, onde as pessoas vivem em torno da figura do avô, Tibério (Tarcísio Meira), reservado em seu próprio mundo e literalmente enraizado na sala. De outro, a da família Rosado, cuja dona de casa é Helena (Ângela Figueiredo), uma mulher moderna e com um extremo bom gosto. May conta que até a paleta de cores exprime estas diferenças.
“Na fazenda Vilar, era importante ficar visível que aquelas paredes têm vivência, estão ali há séculos e carregam a história da família. Tudo ali é mais quente e barroco, de tons terrosos ao verde. Já Helena não tem esta relação com o passado. Ela só quer saber da estética perfeita e dos gélidos tons azuis das paredes de sua casa”.
A equipe do produtor de arte Guga Feijó ousou, usou e abusou sem medo de exageros. Para a praça central da cidade fictícia, o trabalho conjunto com a equipe de cenografia resultou em um divertido pavão de topiaria. Inspirado no filme norte-americano Edward, Mãos de Tesoura, a escultura em jardim ganhou identidade brasileira, repleta de flores coloridas.
Guga escolheu o pavão por ser uma ave bastante exótica e fazer referência à música Pavão Misterioso, tema do protagonista João Gibão (Sergio Guizé).
Já dentro da igreja, é possível rezar ao pé da imagem de Santo Dias, padroeiro de Bole-Bole e símbolo de uma grande homenagem a Dias Gomes, autor da trama original de 1976. A peça, fabricada na Bahia, tem 1,2 metro de altura e retrata o mundo do teatro e da televisão.
O produtor de arte também chama a atenção para o interior da prefeitura. Para decorar as paredes com fotos dos antigos prefeitos de Bole-Bole, sua equipe utilizou o rosto do ator José Mayer, intérprete de Zico Rosado, para criar os retratos de homens de várias épocas.
Momento de diversão para a equipe de produção de arte foi dar vida à sala e ao escritório da casa de Aristóbulo (Gabriel Braga Nunes) e sua mãe, Dona Pupu (Aracy Balabanian). Com referências em Harry Potter e nos filmes de Tim Burton, uma infinidade de livros, revistas, bibelôs, relógios, porta-retratos, porcelanas, discos e até uma vitrola se espalham pelos ambientes também frequentados por gatos. A quantidade de objetos, ao contrário de transmitir bagunça, passa o conservadorismo de uma senhora apegada às lembranças e aos
pertences de família acumulados por gerações. No geral, os tons de paredes, tapetes e sofás são suaves e pastéis para que o cenário interfira somente quando for necessário.
E o que dizer do que compõe a alimentação de Dona Redonda (Vera Holtz)? O mesmo que encherá o estômago da personagem, encherá também os olhos do telespectador. Coloridos e bem moldados, cupcakes, macarrons, jujubas e brigadeiros dão graça à mesa da gulosa senhora, sempre em tom lúdico e infantil para mostrar que Redonda não come com ganância, mas sim com prazer.
Gogoia Sampaio, figurinista de Saramandaia, acredita que o sonho de João Gibão (Sergio Guizé) em mudar o nome da cidade acabou facilitando o trabalho de sua equipe. A brincadeira com a trama da novela é para explicar que a divisão entre bolebolenses e saramandistas está também bastante presente no vestuário das
pessoas.
Mas foi também o protagonista quem mais lhe desafiou artisticamente. Como, desde criança, usa um gibão para esconder suas asas, não poderia ter apenas um. Gogoia e sua equipe então produziram três gibões diferentes.
Os moradores mais tradicionais, como a carola Fifi (Georgeana Góes), o casal Aparadeira (Ana Beatriz Nogueira) e Cazuza (Marcos Palmeira) e o chefe de gabinete Encolheu (Matheus Nachtergaele) usam tons sóbrios e peças mais antiquadas. O comportamento dos personagens, sempre em prol de Bole-Bole, está impresso também no conservadorismo de suas roupas.
Redonda (Vera Holtz) segue a mesma linha. Mas, apesar da falta de cuidados com o corpo, ela é uma mulher vaidosa, que gosta de peças estampadas e coloridas.
“A Redonda não compra roupa em loja. Na cidade, não há quem venda com suas medidas. Mas ela gosta de encomendar na costureira, quase sempre conjunto de saia e bolero”, comenta Gogoia.
Para a equipe de figurino, a realização das peças da personagem exigiu maior cuidado, já que precisava estar de acordo com o falso corpo usado pela atriz Vera Holtz. Desde o tecido ideal que permitisse leveza e movimento até o tipo de saia e blusa para marcar a vaidade de Redonda, tudo foi minimamente pensado.
Na fazenda da família Rosado, a presença de estilos diferentes é bastante forte. Matriarca da família, Candinha (Fernanda Montenegro) mistura tudo o que tem no armário e nem por isso sai menos elegante que os demais. Com um vestido dos anos 30, um xale da década de 80 e óculos de 2000, tudo é possível para ela.
Enquanto a bisavó passeia tranquilamente por várias épocas, Stela (Laura Neiva) é a típica adolescente antenada em moda. Com peças bem atuais, ela gosta de românticos vestidos floridos, shorts mais curtos, camisas com estampas modernas e, mesmo em fazenda, sapatos de salto.
Do outro lado da cidade, as mulheres da família Vilar são os ares de mudança que chegam à região. Com um cabelo bem curto e platinado, Zélia (Leandra Leal) mostra que acompanha as tendências quando usa jeans com botas e camisas mais femininas, uma clara mistura de seu temperamento forte com um jeito mais doce de mulher apaixonada.
Vitória (Lilia Cabral), sua mãe, igualmente se adequa à fazenda, mas as peças mais rústicas são usadas com roupas urbanas, claramente assinadas por algum famoso estilista de São Paulo, que não nos deixa esquecer todos os anos que a empresária viveu na cidade.
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