Saiba tudo sobre a novela Meu Pedacinho de Chão – História

Por - 03/04/14 às 13:47

Divulgação/TV Globo

Vila Santa Fé é o mundo da infância de duas crianças. Serelepe (Tomás Sampaio) e Pituca (Geytsa Garcia) são os protagonistas de Meu Pedacinho de Chão, nova novela das seis, de Benedito Ruy Barbosa, com direção de Luiz Fernando Carvalho.

Saiba tudo sobre a novela Meu Pedacinho de Chão - HistóriaA magia de um mundo de conto de fadas, repleto de referências a brinquedos, com árvores de várias cores e casas revestidas de latas enfeitadas, como os antigos brinquedos, é o caminho para o diretor ressaltar a atmosfera da infância que traz o texto. Escrito em 1971, quando a novela foi ao ar pela primeira vez, Meu Pedacinho de Chão ganha agora ares atemporais, longe do realismo da primeira versão e com espaço para uma boa dose de humor.

O universo rural ganhou novo significado a partir do olhar da criança, mas com um tom de modernidade e de mãos dadas com a síntese do autor. Estarão lá os coronéis, os capangas, a professorinha, porém revitalizados pelos códigos da contemporaneidade que absorvem, com generosidade, todas essas influências.
Nesse sentido, o texto de Benedito Ruy Barbosa é um clássico que pode, e deve, ser lido de várias maneiras. Na primeira versão, de maneira realista; agora, lírica. O que denota a abrangência do texto. É através da lente lúdica de Serelepe e Pituca que o Coronel Epa (Osmar Prado), latifundiário da região e pai da menina, avesso ao progresso em todas as suas formas, trava uma luta contra seu desafeto, Pedro Falcão (Rodrigo Lombardi). Ele é a favor da modernidade, doou parte de suas terras para a construção de comércios, de uma capela e, agora, da primeira escolinha da cidade.

O início de tudo…

O vilarejo de Meu Pedacinho Chão começou a ganhar contornos de desenvolvimento nas mãos da família Napoleão. São terras adquiridas há muitos anos pelo avô de Epaminondas Napoleão (Osmar Prado), que cultivou a enorme fazenda, a deixou para o filho e hoje está nas mãos do neto, Epaminondas.

Foi justamente Epaminondas (Osmar Prado), chamado por muitos de Coronel Epa, quem iniciou a venda de pequenos lotes daquelas terras para outros sitiantes das redondezas, dentre eles Pedro Falcão (Rodrigo Lombardi).

Homem retrógrado que se defende do progresso, Epa acabou inimigo de Pedro Falcão. Motivo principal: Pedro doou um pedaço do seu chão, comprado de Epa, para que nele fossem construídas uma venda de seu Giácomo (Antonio Fagundes), e uma capela, que ficou aos cuidados do padre de descendência alemã, querido por todos, e chamado de Padre Santo (Emiliano Queiroz).

Foi justamente Epaminondas (Osmar Prado), O Coronel Epa também nunca perdoou Pedro por tê-lo derrotado nas últimas eleições municipais, elegendo seu protegido e parceiro político, o Prefeito das Antas (Ricardo Blat).

O valor da amizade…

Mais forte que a representação das figuras do coronel, da professorinha ou do mocinho, é a representação de valores como a Justiça, o Amor e, especialmente, a Amizade. Tanto que a história é narrada pelo ponto de vista mágico da infância dos inseparáveis Serelepe (Tomás Sampaio) e Pituca (Geytsa Garcia).

Serelepe vive na fazenda do Coronel Epa. Menino pobre, sem eira nem beira, não tem mãe, nem pai e nem história passada. Vive comendo e dormindo em qualquer canto da fazenda. A única coisa dele de fato, genuinamente dele, é a amizade de sua querida Pituquinha.

A linda cumplicidade dos dois vive sendo ameaçada pelo Coronel Epa, pai de Pituca, que não gosta nada da relação da filha com o menino. Serelepe, muito esperto, desenvolveu um grande talento para se livrar de enrascadas e faz de tudo para se manter próximo de Pituca. Ambos representam a Amizade, a Infância, o Sonho e a Liberdade.

O núcleo do Coronel Epa

O Coronel Epaminondas é viúvo de dona Sofia, falecida há alguns anos e com quem teve seu filho Ferdinando (Johnny Massaro), que, muito jovem, saiu de casa para estudar fora. Casado pela segunda vez com a afogueada Madame Catarina (Juliana Paes), Epa tem com ela a graciosa Pituca ou Pituquinha (Geytsa Garcia), como muitos a chamam.

Ferdinando, já homem feito, volta para casa depois de ter concluído a faculdade de Agronomia. Só que o pai está aguardando seu único filho como um brilhante advogado, justamente para fazer frente, como político, ao senhor Pedro Falcão (Rodrigo Lombardi), ao atual Prefeito (Ricardo Blat) e a todos os seus aliados. Madame Catarina, esposa de Epa e madrasta querida de Ferdinando, é a única pessoa que sabe que o rapaz vai voltar engenheiro agrônomo e não advogado, para a maior decepção da vida do pai.
Na fazenda de Epaminondas vivem também, entre outros agregados, a Mãe Benta (Teuda Bara), parteira e benzedeira respeitada por todos, e seu filho Zelão (Irandhir Santos), além de Rodapé (Flávio Bauraqui). Também trabalham na Casa Grande, como é chamada a residência de Epa, Amânica (Dani Ornellas) e Rosinha (Letícia Almeida).

A escola de Santa Fé – Ensinando muito além do beabá

A escola de Santa Fé – Ensinando muito além do beabáPor doação de Pedro Falcão (Rodrigo Lombardi), foi construída a primeira escola de Vila Santa Fé. Uma escola muito simples, mas que será tudo para aquela gente. No mesmo dia em que Ferdinando  retorna ao vilarejo, chega também a encantadora e dedicada Juliana (Bruna Linzmeyer), professora contratada por Prefeito das Antas (Ricardo Blat) como a primeira mestra da escola da Vila.

E, como não tem onde ficar porque ainda não chegaram os móveis de seu quarto, Juliana é conduzida à casa de Pedro Falcão, onde irá viver por alguns dias. Lá, é recebida com honras de princesa por dona Teresa (Inês Peixoto), esposa de Pedro Falcão (Rodrigo Lombardi), e Gina (Paula Barbosa), filha única do casal.  Por trás da aparência selvagem e arisca de Gina, esconde-se uma moça muito bonita e cheia de grandes sentimentos. Ela será muito amiga de Juliana.

A construção da escola e a chegada da professora Juliana elevam ao máximo o ódio que Epaminondas sente por Pedro Falcão. E ele ordena que Zelão (Irandhir Santos), seu capataz, ponha fogo na escola antes que ela seja inaugurada.

Rústico, leal e acostumado a cumprir as ordens do Coronel Epa, Zelão segue sua missão. Mas, impressionado com a beleza, singeleza e meiguice da moça, Zelão desiste e a manda de volta para casa. Ele, que é considerado um bruto, temido por fiscalizar o trabalho de todos na fazenda e por executar todos os mandos de Epaminondas, começa a mostrar sua verdadeira essência, a partir de sua paixão por Juliana. Nela, ele reconhece a representação mais pura do amor e, tocado por esse sentimento, vai revelando-se mau apenas na aparência. Por dentro, trata-se de uma bela criatura. Zelão é, na verdade, o arquétipo do herói trágico.

As cartas de Zelão e seus rivais

Analfabeto, para confessar o seu amor para a professora Juliana, Zelão dita para Rodapé (Flávio Bauraqui), que se diz doutor em letras, cartas que são verdadeiros poemas. Acontece que Rodapé, por não saber escrever nem o seu nome, enche o papel de rabiscos e figuras de todos os estilos. Como Zelão nunca recebe resposta da professora, cria coragem, vai à escola e pergunta se ela leu as suas cartas.

Pelos desenhos e garranchos, Juliana se dá conta de que ele é completamente analfabeto. E Zelão, morto de vergonha, sai dali disposto a matar Rodapé, que foge dele como pode.

Mas não é só Zelão que se rende aos encantos de Juliana. Doutor Renato (Bruno Fagundes), médico recém-chegado à Vila e muito amigo de Ferdinando, também é arrebatado pela professora. Renato chegou ao vilarejo por exigência de seu pai, médico famoso na capital que, reconhecendo o valor da profissão e a carência de profissionais da área no interior, sabe o que representa para a formação do filho que ele aprenda a cuidar dos mais necessitados antes de ter um grande consultório na capital.

Ele, que, a princípio, se instalaria por lá temporariamente, resolve ficar mais tempo. Seu amigo Ferdinando também se apaixona pela professora e os dois vão disputar esse sentimento.

Giácomo, um boa gente

Descendente de italianos, Giácomo é amigo de todo o vilarejo. E, tão histriônico quanto seu jeito de ser, é o seu imenso coração. Com muito sacrifício, construiu a venda agregada à sua moradia, onde, viúvo, vive com a filha Milita (Cintia Dicker), sua maior riqueza. É muito amigo de Pedro Falcão, de quem ganhou a terra para construir sua venda.

Giácomo é o arquétipo do cicerone e do clown. Ele esbanja simpatia, mas também sabe ser duro quando precisa, especialmente quando se trata do romance de Milita com Viramundo (Gabriel Sater), um violeiro de muito talento mas, aparentemente, sem futuro. Isso porque Giácomo sonha que a filha faça um bom casamento e vê no Doutor Renato um bom partido para Milita, moça muito bonita e que cuida da casa e do pai como ninguém. O que Giácomo não sabe é que Viramundo tem uma origem que, certamente, vai surpreender o comerciante.

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