Samuel Rosa sobre o fim da banda Skank: ‘A vida está lá’

Por - 25/11/20 às 10:00

Reprodução/Tv Cultura

Sob o comando de Marcelo Tas, o programa #Provoca, da TV Cultura, teve como convidado o músico Samuel Rosa, na edição reexibida na última terça-feira (24). Na entrevista, o artista falou de política, o fim da banda Skank, futebol, família e trouxe até mesmo reflexões sobre sair da zona de conforto. 

Quando se vive algo por muito tempo, fica difícil deixar tudo para trás e recomeçar. Para Samuel, no entanto, isso não foi um problema. Quando questionado sobre o fim da banda Skank e os motivos que o levaram a tomar esta decisão, o cantor abriu o coração para o fato de sair da rotina e começar de novo.

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“Eu tenho dito que de um certo momento eu me dei conta que eu estou dentro de uma banda desde os 16 anos de idade. E eu comecei a pensar que isso talvez não fosse uma coisa normal. Por que eu tenho que ficar alinhado desde os meus 16 anos com outros três/quatro caras o tempo inteiro, dividindo majoritariamente o meu tempo com eles e não com outras tantas pessoas interessantes no mundo?”, começou o artista, fazendo referência à seu empresário, Fernando, como o ‘quarto cara’ justamente por ele estar sempre junto da banda.

“Não é uma questão de desgostar, não se trata de um desamor. É apenas uma questão de ver que metade da vida já se foi. E eu sinto que eu não posso fechar a porta para tantas outras opções, para um leque de coisas que, obviamente, são muito mais desafiadoras e vão me tirar de um certo comodismo, como eu falei. Mas é muito cômodo ser do Skank hoje. Todo final de semana tem show, o cachê pinga na conta direitinho no final do mês, eu começo o primeiro acorde e todo mundo já sabe que é Pacato Cidadão que eu vou tocar…”, contou. 

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O artista ainda falou a respeito dos jovens músicos e da grande questão de como ganhar dinheiro com música no Brasil. Mesmo sem ter uma fórmula concreta, Samuel reforça a importância de fazer as coisas com vontade. 

“Eu não sou o cara para dizer a melhor maneira de fazer dinheiro, não foi isso que me levou a fazer música. Mas o que eu pensava era: ‘O comprometimento, o tesão, isso aqui vai redundar em alguma coisa boa’. Essa convicção eu tinha. Eu falo isso para o meu filho a mesma coisa”, contou ele, se referindo ao filho Juliano, que é músico e está cursando jornalismo. 

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O medo de sair da zona de conforto que esteve inserido por bons 37 anos é um sentimento que não fica de fora. No entanto, isso não é um problema para o artista, que admite que esta sensação faz parte do ato de quebrar barreiras. 

“Eu preciso correr riscos, quem corre riscos tem medo. Então tenho medo sim, normal, vou com ele. O medo só é problemático quando ele te paralisa. O medo tem que ir com você. E vou conversando com ele, ‘vamos juntos? não me paralisa’”, disse aos risos.

Samuel ainda respondeu se tem vida depois do Skank. “Sim, a vida está lá. Sem querer desmerecer a minha banda. Eu acho que essa interrupção agora- porque eu acredito em uma retomada, por mais paradoxal que possa parecer- é um movimento que contribui para a longevidade e para a dignidade do Skank”, contou. 

O futebol também não ficou de fora da entrevista com o cantor, ainda mais pelo seu fanatismo pelo time de coração, Cruzeiro. O artista abriu o jogo sobre várias questões do futebol brasileiro e revelou que, ainda que tenha um grande amor pelo seu time, tem muita coisa que ainda precisa mudar quando o assunto é o futebol brasileiro. 

“Eu adoro futebol em qualquer instância. Eu gosto da pelada de rua, que eu já joguei também. Mas o futebol brasileiro me decepciona. Eu sempre falei que futebol é diretoria. Boa diretoria e bons dirigentes geralmente redundam em bons times. Mas também não há como tirar a culpa dos jogadores. São eles que estão alí, que entram no campo. Eu acho que as últimas entrevistas que eu dei falando do Cruzeiro, eu apontei muito para a diretoria, para os conselheiros, que são também culpados. Mas não falei de Thiago Neves, de Pedro Rocha, de muita gente que não jogou bola”, disse ele, se referindo os jogadores de futebol.

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“Eu fico pensando, será que o jogador não têm o mínimo de vaidade em saber que quando ele erra o pênalti, quando ele faz corpo mole, a conta vai bater nas costas dele também?”, completou.

Mesmo assim, quando questionado sobre o que escolheria entre um Brasil sem corrupção e um Cruzeiro Campeão Mundial, Samuel foi generoso:

“Um Brasil sem corrupção, um Brasil melhor. Um Brasil que a gente possa sentir orgulho pra se chamar de nação, de pátria. Mas mais do que um país sem corrupção, uma bela democracia. Trocaria facilmente”.

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