Show de Caetano e Gil em Israel vira protesto nas redes

Por - 01/06/15 às 16:15

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A polêmica sobre um show de Gilberto Gil e Caetano Veloso em Israel está instaurada. Robert Waters, ex-baixista e cantor do Pink Floyd, pediu para que eles cancelassem o espetáculo em Tel Aviv, capital de Israel, neste final de semana, mas dois movimentos já agitam as redes sociais há algum tempo.

Na manhã desta segunda-feira (1), mais de 10 mil pessoas já haviam assinado a petição online organizada pela comunidade "Tropicália não combina com Apartheid", criada no Facebook, que apela que Caetano Veloso e Gilberto Gil não se apresentem em Tel Aviv. A meta é atingir 15 mil assinaturas.

A campanha, criada pelo movimento global BDS (boicote, desinvestimento e sanções), de boicote a Israel pelo fim da ocupação de territórios palestinos, é contra a ofensiva militar do governo de Benjamin Netanyahu que, no ano passado, deixou mais de dois mil mortos em Gaza.

Confira o texto do abaixo-assinado na íntegra!

Queridos Caetano e Gil,

Com admiração ao trabalho de vocês e seu histórico de comprometimento com lutas pela liberdade, justiça e igualdade, pedimos que cancelem vosso show em Israel, previsto para 28 de julho. A data coincide com o aniversário de um ano dos ataques de Israel a Gaza, nos quais mais de 2 mil palestinas e palestinos foram mortos, incluindo mais 500 crianças. Ainda hoje, mais de 100 mil pessoas seguem desabrigadas em decorrência da ofensiva.

Tocar em Israel é endossar políticas e práticas racistas, coloniais e de apartheid -ilegais sob o direito internacional. Ademais, o governo israelense apresenta os shows em Israel como um sinal de aprovação a suas políticas. Israel viola sistematicamente o direito internacional ao impedir o retorno dos refugiados palestinos, ao colonizar e ocupar a Cisjordânia e a Faixa de Gaza e ao discriminar sistematicamente os palestinos cidadãos de Israel. As políticas discriminatórias de Israel também se manifestam contra refugiados e migrantes africanos: recentemente milhares de etíopes foram brutalmente reprimidos ao protestarem contra o racismo no país.

Nosso pedido faz coro ao chamado de artistas e da sociedade civil palestina para que artistas não se apresentem em Israel. Entre aqueles que responderam a esse chamado, cancelando seus shows no país, estão Lauryn Hill, Roger Waters (Pink Floyd), Snoop Dog, Carlos Santana, Cold Play, Lenny Kravitz e Elvis Costello.

O arcebisbo sul-africano Desmond Tutu, Nobel da Paz, é um importante apoiador desse chamado e explica que apresentar-se em Tel Aviv é errado “assim como dissémos que era inapropriado para artistas internacionais tocarem na África do Sul durante o apartheid, em uma sociedade fundada em leis discriminatórias e exclusividade racial”. Se apresentar em Israel seria como fazer um show em Sun City na Africa do Sul do apartheid.

Não ignorem esse chamado. Tropicália não combina com apartheid!

Porém, como a maioria das coisas relacionadas à religião e política sempre têm dois lados, foi criado um movimento chamado "Tropicália combina com liberdade", que defende a apresentação dos artistas.

Em uma entrevista publicada na página oficial do Facebook do movimento, um dos organizadores da campanha, que não se identificou, contou o principal objetivo do “Tropicália Combina com Liberdade”.

“O intuito é de alertar o máximo possível de pessoas sobre os males do movimento BDS na busca pela paz e suas falhas ideológicas. Nós, criadores da contra campanha, moramos por 1 ano em Israel e alguns de nós estivemos lá durante a última operação do exército israelense em Gaza, quando tivemos a oportunidade de conhecer de perto a verdadeira realidade do país, pouco mostrada na mídia mundial. Percebemos que lutar por Israel é defender a liberdade e a diversidade, já que lá o pluralismo é soberano, com uma sociedade aberta, composta de pessoas vindas da África, Ásia, Europa, Americanos e do Oriente Médio, representando múltiplos grupos religiosos e um parlamento constituído inclusive com árabes israelenses, o que denota a plena pratica da democracia. O nome para a nossa campanha surgiu como uma resposta à campanha do BDS “Tropicália combina com Apartheid”. Com esse nome, quisemos mostrar que Israel não só não é um regime de Apartheid, como defende, pratica e ensina a liberdade. Além disso, a tropicália não poderia combinar mais com Israel. O movimento libertário dos anos 60, onde Gil e Caetano expressavam através da música suas reivindicações durante a ditadura militar, surgiu como uma explosão de abertura em meio aos horrores praticados na época. Hoje, Israel faz o mesmo papel da tropicália, sendo um polo de tecnologia, inovações e respeito aos direitos humanos, com a igualdade garantida por lei, independentemente da cor, religião e gênero. Tudo isso em meio ao terror praticado por extremistas do Hamas, da Jihad Islâmica, Hezbollah e outras organizações vizinhas”, disse. O organizador do movimento.

Vale lembrar que esta não será a primeira vez que Gilberto Gil levará sua música para Israel. Em 2011, ele esteve duas vezes no país com seus shows. O artista tem boa recepção por lá e sua música A Paz foi tocada em hebraico em 2014 durante um protesto contra a ofensiva militar israelense em Gaza.

Até agora, os artistas não se manifestaram sobre os movimentos, mas mantêm o show em Tel Aviv em suas agendas.

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