Silvia Abravanel: “Ele [Silvio santos] soube usar as pedras para reerguer sua escada”

Por - 30/04/11 às 16:31

Ag. News

No último dia 18, dia do seu aniversário, Silvia Abravanel – a filha número 2 de Silvio Santos – participou de uma reunião com a alta cúpula do SBT na qual foi comunicada de que assumiria a direção de núcleo infantil da rede. A notícia foi anunciada pela irmã, Daniela Abravanel Beyrute, diretora artística e de programação da emissora. “Foi o melhor presente que poderia receber. Amo crianças!”, comemora.

Dona de uma personalidade forte, Silvia – que conquistou a confiança do pai após dirigir com pulso firme a estrelinha Maisa Silva, que comanda o Sábado Animado – tem agora carta branca para apostar em novos talentos.

Sua primeira investida, porém, será na conhecida dupla de palhaços Patati Patatá, que estreia nesta segunda-feira (2), das 7h às 9h, à frente do programa Carrossel Animado, que será repaginado. Entre as novidades, o cenário contará com uma plateia de Muppets, que irá contracenar com a dupla.

Em conversa com O Fuxico, Silvia fala da paixão por dirigir, do desejo de ‘resgatar a infância perdida’ e da ligação com o pai, o empresário e apresentador Silvio Santos. Confira!

O Fuxico: Como surgiu a oportunidade de assumir a direção de núcleo infantil do SBT?

Silvia Abravanel: No dia do meu aniversário (18 de abril), a Daniela (Beyrute, diretora artística e irmã de Silvia) me chamou para uma reunião junto com outros diretores e me deu essa notícia de presente. Eu fiquei extremamente emocionada. Sou mãe, apaixonada por criança e mostrei – dirigindo artistas como Maisa – que consigo atingir muito bem o público infantil.

OF: Nesta segunda-feira (2), você passa a dirigir os palhaços Patati e Patatá no Carrossel Animado. Como surgiu a ideia de trazer a dupla, que surgiu na década de 60?

SA: Meu objetivo como diretora e mãe é resgatar a infância. As crianças hoje em dia são incentivadas a estudar informática, idiomas… Muitos pais querem filhos intelectuais aos cinco anos. Elas não tem mais tempo para brincar. E esses palhaços, com toda a sua ingenuidade, vão trazer isso para a tevê.

OF: Você assistia o Patati Papatá na sua infância?

SA: Muito. Adorava essa maneira lúdica de educar através das músicas, brincadeiras. Aliás, circo é uma das minhas paixões. Quando tinha cinco anos, o dono de um circo – amigo do meu pai – trouxe animais pequenos para vermos de perto. Lembro que minha mãe pegou um trigrinho no colo… Mas eu implorei para meu pai me dar um elefante bebê. Eu não tinha noção que ele cresceria tanto e sugeri que ele ficasse na nossa garagem. Meu pai riu muito e disse que no máximo eu poderia ter um macaquinho.

OF: Ser filha de Silvio Santos permitiu que tivesse uma infância normal?

SA: Meus pais sempre fizeram questão de nos preservar e incentivar nossa inocência. Aos finais de semana, eu e minhas irmãs nos reuníamos com nossos primos em casa e brincávamos de esconde-esconde, pega-pega, pulávamos corda… Adorávamos dormir todos juntos vendo tevê até tarde… Quando fui procurar escola para minha filha, optei por uma que tinha uma área enorme de recreação com um morro onde ela poderia escorregar e se sujar bastante. Criança tem que ser criança… Por isso, quando vejo a Maisinha brincando nos bastidores do programa fico feliz.

OF: Parte do público não vê a Maisinha como uma criança comum e sim como uma menina prodígio.

SA: Ela é muito inteligente, acima da média mesmo. Mas ela é criança. Pega os brinquedos do programa nos intervalos… Outro dia, ao ver a porta do estúdio aberta, ela subiu em uma bicicleta e saiu em disparada e quase se machucou. Aliás, a Maisa vive com as pernas cheias de roxo… Acho isso saudável.

 OF: É difícil dirigir uma criança com personalidade forte como a dela?

SA: Minha personalidade também é muito forte. A gente se comunica pelo olhar desde quando nos conhecemos. A Maisa pega tudo muito rápido e não preciso ficar repetindo, já que não usamos ponto.

OF: Vai ser difícil encontrar substituta para ela?

SA: Não tenho dúvida disso! Ela é muito inteligente, tem senso de humor apurado, raciocínio rápido, dança, canta, apresenta… É difícil encontrar crianças assim. Mas o legal nisso tudo é que ela não menospreza os amiguinhos. Maisa entra no clima das outras crianças quando está longe do vídeo. Também tem seus momentos de manhã, tem medo de máscara… O público pôde ver a reação dela naquela brincadeira que o meu pai fez e que a assustou. Maisa já o perdoou, tanto que vai aos programas dele. Mas deixou claro que não quer mais esse tipo de coisa. Ela tem muita opinião.

OF: A Maisinha já vai completar nove anos. O SBT tem um plano de carreira para ela?

SA: Ela é uma artista talentosa e com futuro promissor. Nos próximos dois anos, ela ainda vai manter esse visual de bonequinha parecido com o da Shirley Temple. Só depois pensaremos em um visual e projeto diferente. Já o Yudi e a Priscila estão adolescentes e precisam mudar rapidamente. Estou criando um estilo diferente, colorido inspirado no programa Hi5 (exibido no canal Discovery Kids).

OF: Por que você continua proibindo a Maisa de dar entrevistas?

SA: Eu procuro preservar a Maisa. Todas as perguntas precisam obrigatoriamente passar pelo meu crivo. Eu cuido dela como filha. Não gosto que interpretem errado as respostas dela. Maisa é uma criança e já viu seu nome envolvido em polêmicas. A imitação, de extremo mau gosto do Pânico na TV me deixou triste, e ela percebeu e veio me acalmar, pode? Já o CQC, que costuma colocá-la no Top Five, sempre a trata com carinho. Os apresentadores nunca degradaram a imagem dela. Então, tenho de manter certa distância da imprensa e deixar que ela tenha uma vida tranquila. Não quero que ela sofra com críticas.

OF: Em 2004, você comandou o programa Cor de Rosa, ao lado de Décio Piccinini. Não pensa em repetir a experiência?

SA: Foi uma experiência válida, mas amo criar, produzir, definir luz, áudio, cenário. E como apresentadora, quando chegava ao estúdio já estava tudo pronto. Há pouco tempo, recebi a visita de produtores americanos que assinaram a versão original do programa Roda Roda. Eles vieram me conhecer porque acharam que nossa atração estava igual a deles. Isso me deixou muito feliz. Sou detalhista e dedicada para realmente fazer um trabalho que encante as pessoas.

OF: Sua irmã, Cíntia Abravanel, aceitou o desafio de dirigir o Teatro Imprensa, e hoje é respeitada no mercado. Qual a marca que quer deixar na tevê?

SA: Eu quero ser considerada uma grande diretora de infantis.Uma profissional antenada, afinada com os assuntos que cercam esse público e que consegue conversar com as crianças, resgatando o universo sensível e de inocência. Eu estava conversando com o Patati e o Patatá em um evento em que eles foram cercados pelas crianças e disse que adorava essa troca sincera de energia. Quando a Maisinha me abraça, sinto que aquele gesto é verdadeiro. Isso me fortalece.

OF: Como diretora de núcleo você terá carta branca para  apostar em novos talentos?

SA: Sim. A emissora quer lançar sempre bons produtos e grandes talentos. E sabe que estou antenada em relação aos jovens talentos. Passamos momentos de muita tensão, mas a emissora vive agora uma fase tranquila e promissora.

OF: No ano passado com a crise do Banco PanAmericano, seu pai enfrentou momentos difíceis. Comentava-se que ele venderia o SBT. Como vocês, da família, viveram esse momento?

SA: Com serenidade e fé. Eu e minhas irmãs percebemos que éramos mais unidas do que imaginávamos. Meu pai sempre foi nosso ídolo pela força que nos passa. Mas ele superou todas as expectativas. Ele conseguiu manter a tranquilidade e colocou em prática uma lição que nos ensinou desde cedo: usou uma questão negativa para se fortalecer.

OF: Em nenhum momento vocês tiveram receio de perder a emissora?

SA: Como disse, meu pai explicou a situação com serenidade e disse que daria a volta por cima. Não tenho motivos para duvidar de sua perspicácia e integridade. Ele é um grande empresário, um profissional honesto e sempre deu provas disso. Ele soube usar as pedras para reerguer sua escada. Meu pai não teve filhos homens, mas preparou suas seis filhas ensinando a lutar com garra e sem nunca passar por cima de ninguém. Dizia para nunca mentirmos ou omitirmos fatos importantes e enfatizava a importância de enfrentarmos nossos erros e problemas com coragem. Somos mulheres batalhadoras, graças a ele.

 

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