Silvio Santos: O camelô que virou ícone da televisão brasileira

Silvio Santos, um dos rostos mais reconhecidos do Brasil, conquistou uma trajetória única que o transformou em um dos empresários mais influentes do país. Nascido como Senor Abravanel em 12 de dezembro de 1930, no Rio de Janeiro, Silvio é filho de imigrantes judeus que vieram do antigo Império Otomano. Desde jovem, ele demonstrou habilidade para os negócios. Aos 14 anos, viu uma oportunidade ao observar um homem vendendo capinhas de plástico para títulos de eleitor. Inspirado, decidiu fazer o mesmo nas ruas da cidade.

Durante a juventude, Silvio trabalhou como camelô, onde percebeu o potencial de sua voz para atrair clientes. Isso chamou a atenção e lhe rendeu um teste na Rádio Guanabara, onde passou em primeiro lugar, superando até nomes como Chico Anysio. No entanto, ele voltou para as ruas, onde ganhava mais vendendo seus produtos.

O exército e o rádio

Aos 18 anos, Silvio foi convocado pelo Exército e serviu na Escola de Paraquedistas. Durante esse período, ele manteve sua atividade como locutor em uma rádio de Niterói, aproveitando os dias de folga. Em uma viagem diária para Niterói, teve a ideia de instalar um sistema de alto-falantes nas barcas que cruzavam a Baía de Guanabara. Além de tocar músicas, ele fazia propagandas de produtos, o que logo se tornou um sucesso entre os passageiros.

Com o sucesso nas barcas, Silvio decidiu tentar a sorte em São Paulo. Aos 20 anos, começou a trabalhar como apresentador de espetáculos e sorteios em caravanas de artistas. Durante esse período, criou a revista “Brincadeiras para Você”, que vendia nos comércios locais, diversificando suas fontes de renda.

Ascensão na televisão

O baú da felicidade e o começo do império

Em 1958, Silvio encontrou a oportunidade que mudaria sua vida. Seu amigo Manoel da Nóbrega, então radialista, enfrentava dificuldades para administrar uma empresa de vendas a prazo chamada Baú da Felicidade. Nóbrega havia vendido muitos carnês, mas encontrava problemas na entrega dos produtos. Silvio assumiu o controle do negócio e viu ali uma grande oportunidade. Em 1962, o Baú da Felicidade se transformou no Grupo Silvio Santos.

Com uma visão empreendedora, Silvio expandiu o Baú, criando lojas onde os clientes podiam trocar os carnês quitados por brinquedos e eletrodomésticos. Paralelamente, estreou seu primeiro programa de TV, “Vamos Brincar de Forca”, onde promovia o Baú da Felicidade. A partir dessa iniciativa, ele construiu um conglomerado de empresas que atuavam em diversas áreas, consolidando-se como um dos maiores empresários do Brasil.

Criação do SBT

Em 1981, após anos na TV Globo e na TV Record, Silvio fundou o Sistema Brasileiro de Televisão (SBT). O canal rapidamente se tornou uma das principais redes de TV do país. Com programas inovadores e estratégias audaciosas, como a exibição da minissérie “Pássaros Feridos” após a novela da Globo, Silvio garantiu a audiência e consolidou o SBT no mercado televisivo.

Anos 1980 e 1990

Em 1980, o “Programa Silvio Santos” começou a ser retransmitido pela TV Record e, após o fim da Rede Tupi, continuou em emissoras dos Diários Associados e nas de Silvio Santos. Com a criação do SBT em 1981, o programa passou a ser exibido pela nova rede e simultaneamente pela TV Record até 1987. Silvio vendeu sua parte na Record em 1989, quando o “Domingão do Faustão” da Globo assumiu a liderança de audiência aos domingos. Em 1990, o programa deixou de ser exibido pela TV Corcovado e ficou exclusivo do SBT, tornando-se um mix de diversos programas de auditório. Silvio Santos também introduziu novos apresentadores como Gugu Liberato.

Década de 2000

No início dos anos 2000, Silvio reduziu seu tempo no programa dominical, focando em atrações semanais. Em 2008, o “Programa Silvio Santos” foi reformulado, reunindo quadros clássicos. Em 2009, o programa mudou para o horário das 20h. Durante esta década, houve atualizações de cenários e a introdução de novas tecnologias.

Década de 2010

Em 2010, novas mudanças de cenário ocorreram e Patricia Abravanel, filha de Silvio, tornou-se parte do “Jogo dos Pontinhos”. O programa continuou a evoluir com novos quadros e tecnologias. Em 2017, alcançou a vice-liderança em audiência. Em 2018, completou 55 anos, sendo o mais longevo do mundo com o mesmo apresentador.

Década de 2020

Devido à pandemia de COVID-19, o programa passou a exibir reprises entre 2020 e 2021. Em 2022, Silvio retornou ao comando após oito meses afastado. Em 2023, Patricia Abravanel assumiu definitivamente o programa, com Silvio gravando esporadicamente. Em junho, o programa celebrou 60 anos com uma edição especial.

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Principais quadros e programas

Silvio Santos é conhecido por apresentar diversos quadros populares, como “Brincando com o Auditório”, “Show de Calouros”, “Qual É a Música?”, “Jogo das Três Pistas”, “Show do Milhão” e “Câmeras Escondidas”.

Audiência

Em termos de audiência, o Programa Silvio Santos teve momentos de destaque no século XXI. Em 2008, competindo com programas como Domingão do Faustão e Show do Tom, alcançou a vice-liderança com uma média de 14 pontos. Em 2010, após uma queda na audiência do Fantástico, o programa atingiu índices significativos no IBOPE. Em 21 de agosto de 2016, durante a Cerimônia de Encerramento dos Jogos Olímpicos, Silvio Santos alcançou a liderança com 18 pontos, e na média geral ficou com 14,2 pontos, sua maior audiência desde 2008.

Diversificação dos negócios

Além da televisão, Silvio expandiu seu império empresarial. Criou a Jequiti, empresa de cosméticos, e o Hotel Jequitimar. Enfrentou crises financeiras, como o rombo de mais de R$ 4 bilhões no Banco Panamericano, mas conseguiu superar vendendo o banco ao BTG Pactual. Em 2013, apareceu na lista de bilionários da Forbes, com uma fortuna de R$ 2,67 bilhões, embora tenha enfrentado perdas significativas nos anos seguintes.

Vida pessoal e prêmios

Silvio casou-se com Maria Aparecida Vieira Abravanel, com quem teve duas filhas. Após a morte de Cidinha em 1977, casou-se com Íris Abravanel, com quem teve mais quatro filhas. Recebeu inúmeros prêmios, incluindo o Guinness Book em 1983 pelo programa mais duradouro da TV brasileira. Ganhou prêmios como “Melhor Animador” no Troféu Imprensa e “Melhor Líder Empresarial Setorial” na Assembleia Legislativa de São Paulo.