Silvio Santos: “Vou fazer de tudo para não vender a televisão”

Por - 14/11/10 às 11:57

Divulgação

Silvio Santos falou em entrevista à revista Veja sobre o rombo bilionário encontrado no banco PanAmericano, do qual é um dos principais acionistas. O apresentador voltou a declarar que está disposto a vender todas as suas empresas – exceto o SBT – para pagar a dívida de R$ 2,5 bilhões  no prazo de 10 anos estabelecidos pelo Fundo Garantidor de Créditos.

“A televisão não vendo. Vou fazer de tudo para não vender. Mas as demais empresas, por que não? Estou com quase 80 anos e não tenho interesse especial em bancos ou indústrias de cosméticos. Posso vender empresas e ficar com a televisão, que penso em deixar para as minhas filhas que se interessam por comunicações. Uma delas, a Daniela, já mostrou que gosta de televisão”, afirmou aquele que é considerado o maior comunicador do país.

O Fuxico selecionou os principais trechos da entrevista feita pelo jornalista Felipe Patury, na qual Silvio também falou sobre a possibilidade de rombo feito por executivos do banco e garantiu que não foi pedir ajuda ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Confira:

Como soube do rombo do banco

“Era o dia 11 de setembro, um sábado de gravação como outro qualquer. Em um dos intervalos me entregaram um telefone celular e disseram que era urgente. Pensei nas minhas filhas. Elas estavam viajando, e fiquei preocupado. Não eram elas. Era o presidente da holding. Ah, não…! Em sábado de gravação não falo sobre questões empresariais. Mandei-o ligar depois. Bem, era a questão do PanAmericano. Disseram-me que o Banco Central já estava trabalhando lá dentro fazia três semanas e que tinha sido encontrado um rombo contábil bilionário. Foi um baita susto. Como o Banco Central estava havia três semanas em meu banco e não me informavam de nada? E as auditorias que davam tudo como perfeito?”

Golpe?

“O que está me parecendo agora, mas não estou 100% certo, é que a operação era mesmo deficitária e os executivos, também para garantir seus prêmios, falsificaram a contabilidade. Saíam 50 mil reais, por exemplo, e os caras registravam como se tivesse entrado 50 mil reais. Demiti todos eles. Mas só saberemos exatamente o que houve quando as investigações terminarem.”

Aposentadoria

“Eu estava pensando em me aposentar no ano que vem. Claro, né? Só faltava eu apresentar o programa já bem velinho e de bengala. Vou adiar o plano de aposentadoria. O problema com o banco me fez buscar energias para entender o que está acontecendo e para negociar. Não tenho porque estar abatido. Meu banco quebrou, mas não dei prejuízo  ninguém, não peguei dinheiro público, ofereci garantias de sobra pelo empréstimo e ainda tenho dez anos para pagar.”

Presidente

“Tive mesmo uma reunião com Lula quando o problema do PanAmericano já estava detectado, mas não pedi nada ao presidente, até porque nesses casos ele não pode fazer nada. Eu fui pedir a ele para abrir o Teleton. Nem toquei no assunto do banco, Lula não poderia fazer nada, mesmo se quisesse. Ah, ele acabou não doando os 13 mil (valor pedido pelo apresentador para a maratona televisiva de caridade, em prol da AACD).”

Dívida

“Acho que negociei bem com o Fundo Garantidor de Créditos o FGC. Eles queriam que eu pagasse juros sobre aquele valor. Eu disse que juros não pagaria. Aceitei apenas corrigir o desgaste inflacionário em cima do dinheiro. Tenho dez anos para pagar, com três anos de carência. Isso significa que a primeira parcela vence em junho de 2014. Até lá, tenho só de cobrir a inflação. É uma pancada, mas posso pagar desde que venda algumas das minhas empresas, a participação do banco…”

O Rei e o prazo

“Muita coisa pode acontecer em dez anos. Você conhece a história do rei que adorava coisas estranhas? Era uma vez um rei que adorava coisas estranhas. Sabendo disso, um espertalhão abordou o dono de um elefante e propôs levarem o animal até o palácio e vendê-lo ao rei dizendo que o bicho falava. O rei mandou o elefante falar – e nada. O espertalhão se adiantou e informou que levaria vinte anos para o elefante falar e, enquanto isso, ele e o sócio deveriam ser hóspedes usufruindo toda a mordomia da corte. O rei topou e disse: daqui a vinte anos, se ele não falar, vocês serão torturados até a morte. O dono do animal ficou apavorado. O espertalhão nem aí, com ar triunfante, disse: em vinte anos o rei pode morrer, o elefante pode morrer e até nós podemos morrer.”

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