Sônia Abrão define Rafael Ilha: ‘Queridinho de Deus’

Por - 08/09/15 às 08:10

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A apresentadora Sônia Abrão escreveu a biografia de Rafael Ilha, intitulada de As Pedras do Meu Caminho, e, em conversa com a imprensa, revelou sua opinião a respeito da história de vida do ex-Polegar.

"Teve momentos em que eu duvidei que ele fosse sobreviver, principalmente depois da história do corte no pescoço, a gente não acreditava muito mais. Ele teve uma hemorragia muito séria, mas está aí, é um sobrevivente mesmo, então eu acho que ele é um queridinho de Deus, porque só isso que explica na verdade", falou ela, antes de dar mais alguns detalhes sobre a obra em si, que afirmou não ter sido feita de maneira muito cronológica. 

"Eu começo com um flash do que foi aquela tarde de 20 de outubro de 2009, quando ele cortou o pescoço no elevador, daí eu vou um pouco pra infância e a gente vai passando até pintar o Polegar. A partir daí, as coisas vão pulando um pouco, porque são passagens importantes, vem a overdose, que merece um capítulo a parte, paradas cardíacas, experiências espirituais, a busca da cura pelas religiões, nada disso é cronológico, porque permeou toda a vida dele até agora, então a gente vai entrelaçando. Tem três anjos da guarda na vida dele, que eram uma policial, uma messiânica e uma prostituta, foram mulheres que cuidaram dele o tempo todo, uma delas se apaixonou pelo Rafael, então nada disso é cronológico, merecia capítulos a parte", contou Sônia. 

Com o coração totalmente aberto, a apresentadora do programa A Tarde é Sua, da RedeTV!, também falou sobre o processo de produção da biografia, e disse não ter sido nada fácil tocar nos assuntos difíceis e nas polêmicas que circularam pelo passado de Ilha. 

"É uma coisa complicada viu? Eu estive o tempo todo, e como a ideia nasceu na clínica, enquanto ele estava internado, até o psiquiatra dele falou assim: ‘Olha, mas vamos com calma, entendeu, porque você está mexendo com feridas antigas e muito pesadas, esse negócio de sair amarrado, camisa de força, 15 anos trancado num hospício, ele vai sofrer, e a gente não pode esquecer que ele tem uma estrutura emocional, naquela época ainda muito frágil, então a gente não pode saber qual vai ser o resultado disso’. Então, a gente se encontrava toda semana, ele ia lá em casa, a gente estava conversando, se o papo rolasse, rolou, se não, não forçava. A gente ia ver TV, novela, discutir futebol, fazer qualquer coisa, menos tocar nos assuntos pesados. Eu até falo, na dedicatória do livro, foram longas conversas e doloridos silêncios, porque quando ele travava, travava, quando chegava em algum ponto em que ele tinha bloqueado, tinha bloqueado. Então demanda um tempo, isso também contou para o tempo do livro, o relógio emocional dele. (…) Tinha orientação com psiquiatra, sempre falando ‘Pega leve, pega leve, vai aos poucos, não tenha pressa’, e assim foi feito mesmo. Acho que isso foi fundamental, e a gente não tinha mais pressa mesmo. Nossos encontros eram legais, tinha muito bate-papo, de uns meses pra cá passaram a contar com a presença da Laurinha (filha caçula do Rafael com sua atual esposa, Aline), então foi tudo muito legal", disse a jornalista. 

Além de falar, conforme OFuxico já havia noticiado, que passou algumas noites sem conseguir dormir direito por conta dos episódios pesados que o amigo relatava, Sônia afirmou, com todas as letras, que, mesmo conhecendo Rafael de perto, não sabia muitos dos fatos que ele contou, e até compartilhou uma das histórias que mais a deixaram impressionada. 

"A gente sabe os fatos e não sabe o que estava por trás, então quando você vai descobrindo, quando ele vai te contando, você vai falando ‘Meu Deus’.  Então tinha passagens em que, à noite, eu não conseguia dormir, porque você fica com aquela história, aquele sofrimento dentro de você. Por exemplo, quando ele estava na clínica, durante uma internação, em que ele tentou engolir uma caneta, para, de novo, tentar fugir de lá, o enfermeiro chefe agarrou, os assistentes vieram e amarraram-no na cama, com cordas pelo peito, braços e pés, e um capacete na cabeça. O Rafael ficou imobilizado na cama por três meses, eles só levantavam a viseira do capacete para colocar comida na boca, davam banho de gato nele, com pano, nem para ir ao banheiro ele tinha permissão para levantar. Depois de três meses nesse castigo, quando permitiram que levantasse, ele não sabia mais andar, não controlava mais o peso do corpo, tinha perdido completamente a noção de equilíbrio. O Rafael levou uma semana para recuperar esse tipo de coisa, e assim, ele tava amarrado, capacete na cabeça, e trancado, sozinho no quarto e no escuro, então, pra ele, era a sensação de ter sido enterrado vivo. Ele gritava, chorava, pedia e ninguém ia vê-lo, ninguém ia atender o que ele estava falando, então ele se sentia mesmo enterrado vivo, isso é uma coisa que eu, que tenho claustrofobia, fiquei muito abalada", contou ela na ocasião. 

Já antes de se sentar na mesa de autógrafos, junto com Rafael Ilha, a apresentadora ressaltou que, mais do que ela, o amigo e artista tem que considerar Deus e seus filhos como os grandes "anjos da guarda" de sua vida, e demonstrou estar bem contente e realizada com o trabalho feito. 

"Não acho que eu seja o ‘anjo da guarda’ dele. Hoje, o Rafael precisa contar com o anjo da guarda só do Senhor, porque  ele está muito protegido, e é o que ele fala, nos momentos de desespero, em que ele chamava por Deus, quando estava muito drogado, Deus mandou dois ‘anjos’, primeiro o Cauã (filho mais velho do ex-Polegar, fruto de um relacionamento já terminado), e depois a Laurinha, sabe, então acho que ele também tem esses ‘anjos’", finalizou ela. 

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