Sonia Braga critica classificação etária de filme
Por Redação - 25/08/16 às 09:20
"Tudo que é falado tem que ser provado. É um filme de família, sobre uma família. Um filme feito com uma visão de futuro do Brasil. Então essa plateia de adolescentes interessa muito a gente, interessa muito que essas pessoas tenham essa visão do que a gente está falando, do que a gente está comentando, e que é uma resposta deles mesmo. Porque, na realidade, quem vai unificar o Brasil nesse momento são essas pessoas que estão abaixo da faixa etária de 18 anos, que estão nas escolas, nas faculdades, e que estão preparando o futuro do país. Tem um tubarão no filme. Eu fico com a impressão que tem pessoas preocupadas em defender os surfistas abaixo de 18 anos de idade", disse.
A atriz sugeriu que a imprensa questionasse a classificação.
"Nos anos 60, eu tinha 16 anos e participava, ia a passeatas, vi o país entrando na ditadura e participei das Diretas Já. Eu acho que você proibir um filme pode estar refletindo outros aspectos de uma reflexão de quem tem o poder, de quem está no poder, de quem pode fazer isso. Eu gostaria muito que a imprensa pudesse investigar um pouco, fazer um trabalho e perguntar às pessoas que deram essa classificação o porquê".
Politizada, Sonia encorajou as pessoas a expressarem suas insatisfações.
"Não tenham medo! Todos nós queremos o mesmo. Nós todos queremos um Brasil rico, bonito, com futuro. Principalmente, pensar, nesse momento, em uma coisa única para que todas as crianças brasileiras cumpram o seu destino. Não é o momento de retroagir, mas de ir para o futuro da melhor maneira possível e sempre unidos".
Os atores Maeve Jinkings e Humberto Carrão, que também integram o elenco, estiveram na inauguração do espaço.
"Espero que as pessoas se envolvam no filme, que elas se comovam como a gente se comove. Como eu costumo falar: todo bom trabalho ensina muito. Aquarius me fala muito sobre a forma como a gente lida com o poder, sobre como a gente sobrepõe o poder, colocando-o acima de valores humanos. Tem um significado pessoal para mim e, evidentemente, profissional, porque o longa já tem uma trajetória extraordinária no exterior. A gente espera, claro, que a trajetória dentro do nosso país seja boa, mas, de todo modo, já é um filme muito importante para a minha carreira pela repercussão que ele tem tido. E, além de tudo, conheci a Sônia Braga!", disse Maeve.
Humberto Carrão lembrou dos protestos em Cannes (os artistas fizeram manifestações contrárias ao impeachment da, até então, presidente Dilma Rousseff durante o festival) e acha que isso não deve atrapalhar a divulgação no país.
"As pessoas que dizem que não vão ver o filme por causa disso, me parecem que são pessoas que já não veriam a princípio. A gente fala muito do protesto porque muita gente não viu o longa e ele, assim como no ato de protestar, também pensa na cidade, também pensa a forma como a sociedade está se construindo. O tempo inteiro as interferências, o desrespeito pela memória… Acho que isso tudo é uma forma de protestar também", afirmou o ator.
Rodrigo Santoro, Lucia Verissimo, Lucélia Santos, Bianca Comparato e Bruna Linzmeyer, estiveram no lançamento e assistiram Aquarius.
No filme, Clara (Sonia Braga) mora de frente para o mar no Aquarius, último prédio de estilo na Avenida Boa Viagem, no Recife. Jornalista aposentada e escritora, viúva com três filhos adultos e dona de um aconchegante apartamento repleto de discos e livros, ela enfrenta as investidas de uma construtora que tem outros planos para aquele terreno.
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