Susana Vieira: ‘Se o papel não for maravilhoso, eu faço ele se tornar’

"Eu estou revendo Branca, de Por Amor. Mas vai ser bom assim lá longe, o Sr. Manoel Carlos! Não posso deixar de dizer que por sorte estou em três trabalhos na televisão ao mesmo tempo, isso me deixa muito vaidosa, mas não é mérito meu e sim da empresa. Isso não cresce meu salário, mas são três personagens tão variadas que eu me espanto. Eu não me lembro como eu fazia tão bem aquilo, dava olhares de raiva e cinismo. De todas as novelas que fiz a Branca é a minha personagem que as pessoas mais lembram minhas falas", disse a atriz a OFuxico!.

Susana destacou um momento especial da trama.

"A última cena que ela é abandonada pela família, e a piscina fica imunda me lembro como se fosse ontem dela falando com a empregada: 'Querida senta na beirada, porque na beirada é coisa de gente rica, chique'. Era um texto surreal e ela não perdeu a pose. Eu não entendo como tem tanta gente que lembra. Os memes dela são gloriosos, uma coisa impressionante".

A veterana atriz contou à reportagem de OFuxico que, pela primeira vez na carreira, se rendeu à figura do coach, o ensaiador de cenas.

"Quando falaram que eu teria um coach, eu disse: 'Não quero, não preciso, estou aqui há 50 anos sem coach', mas daí percebi o tipo que é feito, e foi de grande preciosidade. Foram exercícios que nunca tivemos na preparação. Acho que eu seria uma atriz muito melhor se tivesse feito isso desde sempre. Acho que todo mundo deveria passar por um coach, ele mexe com nossa sensibilidade. Hoje eu digo que o primeiro coach a gente nunca esquece. Não quero fazer mais nenhum trabalho sem". 

Embora não esteja na linha de protagonistas da supersérie, a atriz – acostumada a grandes personagens, destacou a relevância de Cora.

"Se o papel não for maravilhoso, eu faço ele se tornar. Eu tive dificuldade quando li a sinopse sobre essa mulher, que é uma jogadora. Tive muitas experiências nessa supersérie que foram diferentes. A linguagem é de cinema,  luz escura, não vejo as câmeras, o diretor e todo mundo falando baixo. Achei que eu estivesse fora do contexto. Nunca pensei que fosse encontrar algo novo dentro da televisão a essa altura da vida, porque já fiz de tudo. É um trabalho com mais qualidade, que enriquece a gente. Precisei mudar até meu tom de voz, porque minha voz é muito forte, e muito poderosa". 

Ela seguiu na defesa de Cora e contou que a personagem engrenou.

"Quando percebi que a novela estava muito em cima da política, eu pensei que minha personagem não iria aparecer muito, pensei: 'então vou para a passeata para aparecer lá'. Eu tenho sentido mais agora que a novela já engrenou, que a minha personagem entrou na novela, mesmo que antes ela estivesse pontualmente. Nem sempre eu acerto o horário, então se eu ligo a TV, e não me vejo, eu já mudo de canal. Eu quero me ver, eu tenho talento, minha vida é isso, e eu quero ver o meu trabalho".