Tais Araújo e Thalma de Freitas assistem Filhas do Vento

Por - 16/09/05 às 09:36

Felipe Panfili

Além de estrelarem e terem sido premiadas como melhores atrizes coadjuvantes por seus desempenhos em Filhas do Vento, Taís Araújo e Thalma de Freitas apresentaram mais uma coincidência na noite em que o filme entrou em cartaz. Usando implantes de tranças rastafári, as duas compareceram ao Unibanco Arteplex, na Praia de Botafogo, zona sul do Rio, na quinta-feira, 15. 

O novo visual de Taís consumiu 4 horas da atriz na cadeira da cabeleireira Daí Barros, do Espaço de Estética e Cultura Afro Daí, na Lapa, centro da cidade, e foi feito há uma semana. A produção faz parte do look de Taís no filme O Maior Amor do Mundo, de Cacá Diegues, que ela começa a rodar no próximo domingo, em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense.

“Farei a Luciana, que é uma personagem completamente diferente da Cida de Filhas do Vento. A Luciana é uma menina de um local pobre, que tem os pés no chão, quer subir na vida através de seu esforço próprio e, por isso, estuda feito uma louca. A Cida é uma sonhadora, que queria virar atriz de radionovela, já que o filme do Joel Zito Araújo se passa antes do advento da telenovela”, resumiu a bela Taís.

Thalma de Freitas contou que é a primeira vez que colocou uma quantidade tão grande e comprida de tranças rastafári. Ela mudou o visual há três semanas, para interpretar a personagem Baiana na novela Bangue Bangue, da Rede Globo, que estréia dia 3 de outubro.

“Fiz na minha casa, com a Leida Mota, uma africana de Cabo Verde que estuda Ciências Sociais na PUC-RJ. Já era velha freguesa dela e a indiquei para a Globo”, explicou Thalma, que no premiado Filhas do Vento – vencedor de cinco Kikitos no Festival de Gramado de 2004 –, vive a Ju, irmã de Cida (Taís Araújo), que brigam quando jovens por causa do amor de Marquinhos (Rocco Pitanga) e só fazem as pazes muitos anos depois, quando as duas personagens já são interpretadas respectivamente por Lea Garcia e Ruth de Souza, e Rocco é substituído por Zózimo Bulbul.

Filhas do Vento aborda temas que fazem parte do cotidiano das mulheres de qualquer parte do mundo. Mas, no longa de Joel Zito Araújo (premiado como melhor diretor em Gramado), esses conflitos se tornam maiores porque se passa numa pequena cidade do interior do Brasil. Os personagens, na sua maioria negros, convivem com os fantasmas da escravidão e do racismo e isso afeta a vida deles, porém, de forma sutil.

“Se eu não for falar dos ressentimentos da minha raça quem é que vai falar por mim? Filhas do Vento é muito isso. Graças a Deus sou de uma família negra”, resume Taís Araújo.

Premiação

Filhas do Vento chega aos cinemas depois de quase três anos em que foi filmado e um ano após ter sido o grande vencedor do mais conceituado festival de cinema brasileiro, o de Gramado, que completou 32 anos de existência em 2005. O longa abocanhou os seguintes prêmios: Melhor Diretor (Joel Zito Araújo); Melhor Ator (Milton Gonçalves); Melhor Atriz (Ruth de Souza e Léa Garcia); Melhor Ator Coadjuvante (Rocco Pitanga); Melhor Atriz Coadjuvante (Taís Araújo e Thalma de Freitas) e Prêmio da Crítica.

Direção e elenco foram responsáveis por esquentar a morna competição da cidade da Serra Gaúcha do ano passado. Inicialmente, eles se recusaram a aceitar a premiação por causa de um infeliz comentário de um conceituado crítico de cinema, que afirmou a um jornal do Rio de Janeiro que Filhas do Vento tinha sido vencedor por ser realizado e estrelado por negros.

Desculpa pedida publicamente, e também aceita desta forma, todos saíram com seus Kikitos nas mãos.

“Fora a polêmica e premiação, pessoal ou coletiva, o melhor prêmio é ver Filhas do Vento chegando às telas, porque a exibição continua sendo uma grande dificuldade do cinema nacional”, disse Rocco Pitanga.          

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