Taís Araújo: ‘Maternidade não me completa’

Por - 29/06/17 às 15:48

Divulgação/TV Globo

Uma das atrizes mais queridas da televisão brasileira abriu o coração e comentou sobre um dos assuntos que, infelizmente, ainda parece ser um tabu: a maternidade.

Em entrevista à revista Marie Claire, Taís Araújo revelou ter sofrido com dois abortos e que teve medo de morrer no parto da segunda filha, Maria Antônia, de dois anos.

“Engravidar foi sempre um prazer. Na gestação do João, eu parecia uma zen-budista. Na da Maria não, porque não me planejei. Estava gravando a novela Geração Brasil e usava DIU quando fui convidada para o filme O Roubo da Taça. Tirei o DIU, mas achei que fosse engravidar seis meses depois. Cara, rolou no mês seguinte. Daí, foi aquela situação horrorosa de dar a notícia para a turma da novela, do filme, mudar enredo… Enlouqueci. Mudei de casa e, dois meses depois, cismei que queria reformar de novo, fiz obra… Essas maluquices que as grávidas fazem”, contou.

Ainda na entrevista, Taís falou de seus dois partos.

“Queria parto normal, mas, quando visitei uma maternidade na gravidez do João, fiquei com muito medo. Liguei para a minha irmã, que é obstetra, e pedi para ela fazer o meu parto. Era a única maneira de eu não pirar. Ela disse que faria comprazer, mas, como mora em Brasília, precisaria ser cesárea. Ou arriscar não tê-la no dia. Decidi marcar. Senti muita pressão por parte dos defensores do parto normal, mas minha escolha precisa ser respeitada. Isso não faz uma mulher mais mãe do que outra. Nas duas cesáreas, tive medo. Na da Maria, quando estava entrando no elevador para a sala de cirurgia, o João deu um grito: ‘Mãe, não vai!’. E o medo de o moleque ficar sem mãe? Falei para o Lázaro: ‘Se eu morrer, deixa a minha mãe te ajudar com as crianças’. Ele respondeu: ‘Pelo amor de Deus, isso é hora de falar uma coisa dessas?’”, comentou.

Neste trecho do bate-papo, a conversa parece ter tomado um rumo mais emocionante. A atriz contou sobre momentos difíceis que passou ao perder dois bebês.

“Sofri duas perdas espontâneas. A primeira de um bebê que seria gêmeo do João, mas não vingou. Com dois meses, descobri que ele não tinha batimentos cardíacos. Felizmente o corpo reabsorveu o feto e não foi traumático. Mas foi sofrido. Chorei muito e o Lázaro me chamou para a realidade. Disse: ‘Ei, tem uma criança aí que precisa de você inteira’. A segunda perda foi mais triste. Estava tentando o segundo filho havia um tempo e perdi com um mês e pouco. Tive sangramento, senti dor. Fiquei arrasada, mas segurei a onda. Exatamente um ano depois, engravidei da Maria”, revelou.

Ao final da conversa, a esposa de Lázaro Ramos ainda disse que a maternidade não a completa, e que sentiu culpa ao não amamentar a filha.

“Amamentei o João até 1 ano e 2 meses. Parei porque ele não quis mais. Já a Maria, não pude amamentar porque no fim da gestação tive uma infecção que me fez tomar antibióticos na primeira semana de vida dela. Quando ofereci o peito, ela já não quis mais. Fiquei mal. Sentei com meu analista e chorei. Ele me deu um chacoalhão: ‘Não é isso que vai determinar a relação de vocês. Cuidado para não caminhar para uma depressão pós-parto’. Acho que todas as mulheres sentem essa culpa, mas a minha era enorme porque minha mãe me amamentou até os 6 anos. Lembro bem de como eu gostava. Mas a terapia (que faço desde os 22 anos) me ajuda a lidar com isso e várias outras coisas, como o fato de eu trabalhar muito. Nunca pensei em parar para cuidar dos filhos. A maternidade, por si só, não me completa. Sou bem mais do que isso. Minha história é esta: trabalho para criar os filhos da melhor maneira e os crio da melhor maneira para poder trabalhar bem”, finalizou.

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