Taumaturgo Ferreira revela “cancelamento” na TV: “Durou seis anos”

Por - 14/12/21 às 04:00 - Última Atualização: 13 dezembro 2021

Selfie de Taumaturgo Ferreira usando óculos degrauReprodução/Instagram/@antoniotaumaturgo

Intérprete de Januário em “O Cravo e a Rosa”, atualmente reprisada na TV Globo entre o “Jornal Hoje” e a “Sessão da tarde”, Taumaturgo Ferreira relembrou de sua experiência nada agradável na teledramaturgia. Em entrevista para a coluna de Patrícia Kogut, no jornal O Globo, o artista disse ter sido “cancelado” por alguns anos na TV.

O fato aconteceu em 1993, quando estava no folhetim “Renascer”. Por divergências com a produção, ele acabou expulso da trama.

Eu fui cancelado. Durou seis anos. Queriam que eu fizesse uma coisa mais rural, da Bahia. Eu tinha combinado com o diretor que meu personagem [José Venâncio] não teria sotaque nem falaria ‘oxente’ e ‘painho’. Porque ele era um cara que tinha estudado fora, mais sofisticado, namorava uma hermafrodita… Eu não via sentido. Combinei com o diretor para não fazer. Só que se esqueceram de combinar com os russos [risos]. Aí me picharam, disseram que eu fazia um papel muito afetado e sofisticado para aquela família.

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“Fui sentindo uma resistência. Me expulsaram no capítulo 50 ou 60, não lembro. E nessa hora aparece todo mundo que não vai com a sua cara para chutar cachorro morto. Então, o Januário foi minha volta por cima na Globo. Foi uma grande oportunidade de mostrar que eu também poderia fazer um papel não só do irreverente, blasé e debochado”, detalhou.

Contudo, o ator revelou sentir algumas inseguranças por conta da retirada repentina do trabalho. “Se te expulsam de uma novela, quando você faz outras, fica aquela sensação de que a qualquer momento podem te tirar. Demorou para passar isso. Nem sei se passou, sabia?”, lamentou.

Porém, Ferreira garantiu ser um profissional tranquilo e focado nos projetos. “Quando está todo mundo adorando, aí você se esquece disso. No momento em que me tiraram, eu nem me dei conta. Não dei muita atenção para isso. Só fui vendo como se refletiu na minha carreira anos depois. Nunca fui arrogante.”

“Quem me conhece sabe que sou um doce de coco. Compenetrado e aplicado. Amo o que faço. Não fico me promovendo, dizendo que sou o ator do método, que estudo. Mostro isso no dia a dia.”

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NAMORO COM MALU MADER

Taumaturgo, durante o papo, relembrou o relacionamento com a também atriz Malu Mader. Apesar dos bons momentos juntos, o veterano contou ter sido alvo de críticas e comentários negativos por parte do público quando houve o término da relação. Os artistas começaram o namoro quando trabalharam na novela “Anos Dourados” (1986).  

Depois que fiquei com ela, começaram a falar que era muita areia para o meu caminhão. Começaram a me sacanear assim, era uma coisa de ciúme, porque eu estava com a deusa, a musa da TV brasileira. Era como um patrimônio, uma propriedade das pessoas: ‘Só eu posso gostar da Malu’. Senti que teve uma revoltinha.

“Nós sempre fomos discretos. Morávamos juntos. Quando começou Top Model [1989], as pessoas demoraram a perceber que estávamos separados. A imprensa era mais devagar, não era tão abrangente e instantânea como hoje. Lembro que, antes de ficar com a Malu, a novidade era o grande ator que estreou.”

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FILHOS

Na época do relacionamento com Malu, Taumaturgo Ferreira viu as especulações midiáticas quanto ao desejo dos pombinhos em aumentar a família. Porém, esse não era um objetivo da dupla.

“Desde garoto, eu falava: ‘Nunca vou casar, nunca vou ter filho’. Eu tinha 30 e ela, 20. Não havia essa preocupação, esse objetivo. Não se conversava sobre isso”, afirmou. E hoje, com 65 anos, segue sem esse desejo. Um dos motivos da decisão do ator é a instabilidade da profissão. 

“Não me arrependo. Foi por causa da minha profissão, que é muito incerta. Sempre pensei: “Imagina se tiver que fazer um papel ou um trabalho humilhante, uma coisa que vai machucar, porque tenho que pagar a escola do meu filho e dar comida?”. Isso não combinava comigo, eu queria ser completamente livre.”

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