Thiago Fragoso: ‘Engoli sapo por muitos anos’
Por Redação - 17/05/15 às 14:08
A aparência de calmo, de fala mansa e voz baixa, contrasta com a real personalidade de Thiago Fragoso, que em entrevista à Revista da Tevê, do jornal O Globo, revelou que nem de longe parece a pessoa ansiosa que conta ser.
"Sou muito pilhado. Sempre quero fazer tudo, resolver tudo. Com o tempo, estou melhorando".
Ele já tentou melhorar com a ioga e o budismo. Quando pode, gosta de meditar, embora não o faça na frequência com que gostaria. Mas, ao mesmo tempo, Thiago acha que é exatamente essa característica que o ajuda profissionalmente.
"Se melhorar muito, eu acho que pode me atrapalhar, sabe? Na hora que você vai fazer a cena, aquela ansiedade ajuda a construir, o desequilíbrio nos leva para outros lugares. Pode ser ilusão, mas me sinto assim”.
Na pele do advogado Vinícius, de Babilônia, novela exibida na Globo na faixa das 21h, ele reclama da patrulha do “politicamente correto” em cima da história. Com audiência abaixo da esperada e após críticas ao excesso de maldade dos personagens e ao casal formado por Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg, a novela está sendo reeditada.
“Isso é muito chato. Shakespeare, por exemplo, escreve coisas pesadíssimas. Se fosse hoje, ele seria chamado de fascista. A arte tem que falar de lugares do ser humano que são reais e que podem existir, não necessariamente corretos ou justos. O Brasil está num momento de ebulição mesmo, de polarização, dividido, aquele momento Fla X Flu. As pessoas estão tomando partido, o que, de certa forma, é positivo. Isso é o primeiro passo pra uma mobilização e para a melhoria. O segundo é fazer as escolhas certas para também não virarmos um país retrógrado, tradicionalista. Eu tive sorte de fazer parte do evento que foi Niko e Félix (Mateus Solano) em Amor àVida, e achei que tínhamos conquistado alguma coisa. Talvez não tenhamos”.
Thiago tem se dedicado mais aos cuidados com o corpo, por conta do personagem. Disciplinado, acorda cerdo para nadar, correr e fazer musculação.
“O Vinícius é um cara que gosta de praia, atlético, e eu tenho que sustentar isso até o fim. É muita pressão, desgaste, você tem que se doar com afinco. Se eu não mantiver a rotina de exercícios, dá três meses e o personagem está gordinho. Tem essa coisa do sacerdócio, no sentindo que você tem que viver em função do personagem durante os meses, manter. Nadar até me dá prazer, mas não tenho muita paciência para ficar horas na piscina. Fui federado, era obrigado a nadar e fiquei traumatizado. Hoje, se eu nadar 25, 30 minutos fico feliz. Não sou estilo preguiçoso, sou mais para o ativo. Se não tivesse que fazer a novela, eu estaria mais disposto, porque tenho dormido quatro, cinco horas por dia".
Nas poucas folgas que tem, faz questão de ficar com a mulher e o filho, Benjamin, de 4 anos. E se diverte jogando videogame. Thiago e Mariana têm vontade de ter outro filho. Mas querem fazer tudo com calma.
“Sabe aquela velha história da obra? Quando a gente teve o primeiro, tínhamos vendido o apê e não tínhamos comprado outro, sabe o desespero? Não queremos passar por isso de novo, então estamos esperando a casa ficar pronta, se mudar, e aí a gente pensa nisso”.
Junto e “superfeliz” há dez anos, o casal é do tipo que leva trabalho para casa. E quando Thiago está muito quieto, sem paciência ou cansado, Mariana faz questão de puxar o papo. O ator destacou ao jornal que a tranquilidade na vida pessoal contribui, e muito, para sua estabilidade enquanto ator.
“A única permanência que a gente tem nessa profissão é a instabilidade. O desemprego é a realidade. Quando a gente está empregado, está fora da normalidade. No meio dessa loucura, colocar o pezinho na base é essencial. Saber que você vai voltar para casa e encontrar pessoas que o amam e em quem você confia. Que você está construindo algo sólido, duradouro e que suas ideias e valores estão sendo semeados. Faz toda a diferença”, disse ele à Revista da TV.
Foi gracas ao casamento e ao relacionamento diário com Mariana que o ator começou a se posicionar mais diante das coisas, diz. Hoje em dia, por exemplo, já consegue ser mais explícito em suas vontades, demonstrar o que quer. Um aprendizado, ele reconhece.
“Isso até melhora a saúde. Quanto não gosto de algo eu falo. Até nas relações profissionais: 'Cara, não gosto disso', ou 'Não me trata assim'. É você começar a impor respeito numa boa. Eu só engoli sapo durante muitos anos. Fui muito calminho nesse sentido. Tinha toda a ebulição interna, porque sempre fui ansioso, mas nunca falava as coisas, nunca falei. Depois de casado fui ganhando essa energia".
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