Tony Ramos: ‘Discutir o amor é um bálsamo e o público clama por isso’
Por Redação - 28/09/17 às 08:26
Cercada de elogios e com boa audiência, a novela Tempo de Amar estreou com imponência na faixa das 18h, na Globo, na ultima segunda-feira (26), trazendo de volta o talento ímpar de Tony Ramos. Aos 69 anos, o experiente ator surge como o José Augusto, produtor de vinho e azeite, dono da Quinta da Carrasqueira e influente na região. Pai de Maria Vitória (Vitória Strada) a quem criou sozinho com certa liberdade. Patrão de Delfina (Letícia Sabatella), que também é sua amante. Para Tony, uma história que vai cativar os telespectadores através das reflexões sobre o amor.
Em conversa com a reportagem de OFuxico, Tony destacou a responsabilidade de substituir Novo Mundo, que fez grande sucesso no horário.
"Novo Mundo foi uma novela adorável, com interpretações deliciosas. Caio Castro fez um Dom Pedro maravilhoso, Ingrid Guimarães, Guilherme Piva e Vivianne Pasmanter fazendo aquela parte cômica, Letícia Colin com um trabalho lindo. Um elenco inteiro afiadíssimo e com uma direção brilhante. Óbvio que temos uma responsabilidade grande nas mãos, mas acreditamos na nossa história. Num capítulo da novela das 18h, que tem 40 minutos de duração, é possível contemplar por 1 minuto e meio se colocado no lugar certo e na hora certa".
Ele apresenta melhor o personagem.
"Meu personagem se chama José Augusto, e é um rico proprietário de vinícolas, que possui oliveiras e outras plantações, e tem negócios internacionais. Possui uma filha única, e com o falecimento da esposa, ele cria essa filha sozinha com a ajuda de Delfina (Letícia Sabatella), e vai vivendo sua vida até o dia que sua filha resolve dizer que está apaixonada, por alguém que ele não concorda. As pessoas hoje podem pensar: 'que coisa mais antiga', mas vamos abrir o portal do início do século 20, e mergulhar nele. Vamos esquecer nossos raciocínios modernos para entender a visão deste personagem. Eu jamais faria isso na minha vida, mas cada novela conta uma história de seu tempo."
Ao contrario de muitos colegas, que buscam referências externas para a construção do personagem, o ator destacou que não recorreu a leituras, por exemplo.
"Eu não li nada, apenas me atenho ao texto que me chega e nas entrelinhas desse texto. Na minha última novela de aventura, que foi A Regra do Jogo, eu não fui em nenhum presídio visitar ninguém, eu fazia o que estava escrito. Sou muito atento ao que vem escrito, às rubricas do autor que vêm escritas do lado esquerdo do texto e às entrelinhas. As vírgulas muitas vezes falam mais que abertura e encerramento de uma frase".
O ator defende a idéia de que o entretenimento serve de alento para o público, em meio aos problemas da realidade, e uma história de amor como a narrada na trama, ajuda os telespectadores a esquecerem um pouco as agruras na política e economia brasileira.
"Durante a primeira e a segunda guerra mundial, a Broadway era um grande sucesso, não que ela hoje não seja, mas as pessoas buscavam um respiro em plena época de guerra, as pessoas precisavam disso. Refletir sobre o amor é algo que acontece em todas as épocas. As pessoas buscam amor há milênios, não importando o que está acontecendo à sua volta, não que fiquem absortas ignorando o mundo. De alguma forma as pessoas estão sempre a discutir seus problemas, mas o amor tem que permear isso. Muita gente brinca comigo porque não tenho redes sociais, mas eu quero tempo, para amar, para brincar com os cachorros, para conversar. Discutir o amor é um bálsamo e o público clama por isso, por fantasia".
Há 53 anos ininterruptos na TV, Tony Ramos destaca que a novela continua com sua força, apesar das tentações da vida moderna.
"Quando a censura diminuiu no fim da década de 80, diziam que as novelas estavam fortes demais. Tudo o que instiga e causa discussão acalorada também existirá sempre. O que muda hoje é o tempo de contemplação porque vem tudo mastigado e bem editado, como num videoclipe. Mudou-se o jeito de fazer televisão. A Força do Querer, que está batendo 40 pontos, mesmo em dose homeopática existe espaço para histórias bem contadas. Eu não abro mão de 3 pontos principais em uma história: amor, paixão e suspense. Assisto várias séries, como Breaking Bad, e é teledramaturgia assim como novela. Eu adoro fazer telenovela e nunca tive um olhar blasé para a telenovela porque ela é a maior identidade cultural brasileira. Uma história bem contada vai ter sempre espaço, o que muda é o local onde você assiste".
Avesso às redes sociais, Tony Ramos faz questão de se manter informado da maneira tradicional. E não abre mão de acompanhar a programação da TV, em especial as telenovelas.
"Acordo cedo, por volta das 05h30 e leio três jornais: Estadão, Folha e O Globo. E assisto tudo, tenho 4 HDs em casa e gravo o que não posso ver. Eu acompanho, quero saber, vejo tudo. A série Sob Pressão me encantou. Sou um homem antenado com meu tempo, com meu trabalho. Vou ao cinema, saio com minha mulher, namoro, beijo meus netos, beijo o cachorro, vida normal. O ator tem que saber o que rola, tem que estar atento a isso".
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