Tóquio 2020: Brasil é prata no skate com Kelvin Hoefler

Por - 25/07/21 às 13:18

(Foto: Reprodução/ Facebook)

A primeira medalha brasileira na Olimpíada de Tóquio 2020 veio do skate, modalidade estreante nos Jogos Olímpicos nesta edição. A conquista aconteceu na madrugada de domingo, dia 25 de julho, no Parque de Esportes Urbanos de Ariake. Paulista de Itanhaém, Kelvin Hoefler somou 36,15 pontos e garantiu a medalha de prata no street masculino.

Campeão mundial em 2015 e quarto colocado em 2019 e 2021, Hoefler liderou a maior parte da decisão do título até ser superado por uma sequência de notas altíssimas do japonês Yuto Horigomi na fase das manobras únicas: 37,18 pontos contra 36,15 de Hoefler. O bronze ficou com o norte-americano Jagger Eaton (35,35). 

Aos 28 anos, Kelvin Hoefler foi o único brasileiro entre os oito finalistas no Parque Esportivo Urbano de Ariake. Avançou em quarto lugar com média de 34,69. Na decisão, cada um teve direito a duas voltas de 45 segundos e a cinco manobras, uma espécie de tudo ou nada na qual o erro era penalizado com nota zero.

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Os atletas receberam sete menções dos jurados. Das sete, contaram apenas as quatro maiores para a classificação final.O brasileiro foi o melhor nas duas primeiras passagens, mas cometeu três erros nas cinco manobras finais e foi ultrapassado pelo pelo japonês Yuto Horigomi (ouro), protagonista das notas mais altas na reta final.

Alem de Horigomi e Jagger Eaton, Hoefler teve como adversários na finalíssima os franceses Aurelien Girauld e Vincent Miou; o norte-americano Nyjah Houston, o peruano Angelo Narvaez e o português Gustavo Ribeiro.   

O brasiliense Felipe Gustavo também competiu no street masculino. Fez história ao ser o primeiro atleta a dropar no skate na história dos Jogos Olímpicos, mas foi prejudicado por quatro quedas na categoria street, terminou em 14º lugar e ficou fora da lista dos oito finalistas. Outro brasileiro na disputa foi Giovanni Vianna. Ele terminou a fase classificatória na 12ª posição e também foi eliminado.

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Filho do 1º Sargento PM Enéas de Souza Rodrigues, Kelvin agradeceu muito à família pela conquista da medalha. O skatista de 27 anos, emocionado citou a dedicação do pai.

“Agradeço ao meu pai que é policial militar e se esforçava para me levar em outra cidade para treinar, por ser policial, era difícil conciliar”, disse.

SKATE EM CASA 

Nascido em 10 de fevereiro de 1994, na cidade de Itanhaém, no litoral de São Paulo, Kelvin viveu a maior parte da sua infância e adolescência no Guarujá. O atleta ganhou o primeiro skate quando tinha 8 anos, e no ano seguinte, já estava participando de campeonatos do esporte. Kelvin começou a andar de skate dentro de casa: saía da cozinha e ia até a garagem, passando na frente da televisão da sala.

Algum tempo depois, o pai improvisou uma mini rampa no quintal da casa em que moravam. Não por acaso, a conquista do skatista brasileiro deixou a família dele pra lá de orgulhosa. Em uma postagem nas redes sociais, o pai do atleta afirmou que não dava para acreditar que o filho é medalhista olímpico e chegou a pedir desculpas pelo barulho de skate nos tempos em que o filho treinava na calçada da casa onde morava em Guarujá, no litoral de São Paulo.

A celebração pela conquista de Kelvin tem um gosto diferente para os familiares, já que ele é o primeiro brasileiro a participar da final olímpica do skate, incluído no programa olímpico pela primeira vez na edição de 2021.

DO GUARUJÁ À CALIFÓRNIA

Em 2011, Kelvin Hoefler foi para a Europa competir como skatista profissional, onde ganhou três campeonatos locais. Em 2014, ele venceu o Kimberley Diamond Cup, realizado na África do Sul. No mesmo ano, ele se mudou para Los Angeles, na Califórnia, onde vive atualmente com a esposa e fotógrafa, Ana Paula.

De lá para cá, o skatista foi campeão mundial de skate seis vezes. Para as competições, ele usa os fones de ouvido para não ser importunado por ninguém, mas não escuta nenhuma música. Além de despistar quem estiver por perto, o atleta se concentra nas rotinas dos adversários.

“Foi difícil chegar aqui e representar uma nação. Isso aqui (a medalha) é um alívio. Eu acreditei, o skate me abraçou e disse: ‘Kelvin, estamos juntos'”.

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É jornalista formada pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em Jornalismo Cultural e Assessoria de Imprensa pela Estácio de Sá. Ela é nosso braço firme no Rio de Janeiro e integra a equipe de OFuxico desde 2003. @flaviacirino