Trechos exclusivos: Filho de Gugu conta como pôs fim a briga pela herança do pai

Por - 15/12/24 às 22:55

João Augusto LiberatoReprodução Globo

Cinco anos depois da morte de Gugu Liberato, finalmente terminou a disputa judicial pela herança do apresentador. Em entrevista ao “Fantástico”, os filhos João Augusto, Maria e Sofia, a irmã Aparecida Liberato e a mãe dos filhos de Gugu, Rosemiriam falaram sobre o caso.

OFuxico teve acesso exclusivo a integra da entrevista realizadas pela jornalista Carol Raimundi em São Paulo, na residência de João Augusto e revela os principais trechos.

Fantástico: Agora já são 5 anos desde que aconteceu o acidente. Como é que foram esses 5 anos pra você?
João Augusto: Foram anos que eu senti que eu amadureci bastante por ter passado por tantas coisas muito difíceis.

João Augusto Liberato
Reprodução Globo

F: O que você fez nesse período?
J.A.: Eu fiz a faculdade de Administração de Empresas e Comunicação. Experimentei por um tempo a vida de morar sozinho em uma townhouse perto da minha faculdade.

F: Você tem uma queda por esse lado da comunicação, né?
J.A.: Sim, eu gosto bastante. A minha vida inteira eu sempre gostei. Não só pelo fato do meu pai ter sido um grande comunicador, mas eu também sempre tive esse desejo de estar na frente das câmeras. Eu tive canal no YouTube quando eu era pequeno.

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F: Aparentemente você é tímido. Ou não?
|J.A.: Eu acho que eu sou parecido com meu pai. Meu pai é uma pessoa tímida e eu sinto que eu também sou, mas conforme eu vou me acostumando com a conversa de frente para as câmeras, eu vou pegando o jeito e vou ficando mais confortável. Aquele frio na barriga, aquela ansiedade vai passando aos poucos.

F: Você estava em casa quando aconteceu o acidente? Você ainda mora na mesma?
J.A.: Sim, eu estava. É a mesma casa, sim. A gente ainda mora lá. Eu moro lá com a minha mãe. A Marina agora mora na Califórnia e a Sofia em Miami.

F: Como foi aquele primeiro momento pra você, João? Você tinha acabado de fazer 18 anos e além de você perder o seu pai, começou uma grande confusão na sua família. Como você encarou isso?
J.A.: Eu fiquei muito surpreso, não tinha ideia do que aquilo ia se transformar. Na verdade, eu achava que tudo seria muito tranquilo, que a gente ia fazer a divisão dos bens tranquilamente, iriamos conversar como uma família, mas não foi isso que aconteceu.
Então, eu tive que ter uma postura muito madura, porque o que eu sempre quis foi defender o desejo do meu pai, que é a única coisa que eu posso fazer agora por ele. E foi isso que eu fiz.

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F:  Quando essa briga em família começou, teve ali uma situação que foi muito comentada, que foi você ficar de um lado e a sua mãe ficar de outro. E vocês morando na mesma casa. Como foi essa situação, vocês estarem em lados opostos na  justiça, mãe e filho. Como lidou com essa situação?
J.A.: O meu desejo sempre foi honrar aquilo que meu pai queria. Por isso que houve essa divisão de interesses e foram anos muito difíceis. Eu tinha opiniões diferentes das minhas irmãs e da minha mãe e ficou um clima ruim. Demorou alguns anos pra gente poder voltar a ter essa conexão em família.

F:  Mesmo morando na mesma casa existiu esse distanciamento?
J.A.: Sim, com certeza. Mesmo a gente morando juntos, tínhamos nossas vidas normais.

F:  Vocês tiveram momentos de querer sentar e conversar? Decidir tudo entre vocês?
J.A.: Ah, várias vezes a gente sentou pra conversar, eu e  minha mãe, eu e minhas irmãs, mas quando uma pessoa tem uma opinião diferente da sua e quando existe pessoas ao seu redor que falam outras coisas, fica difícil ter uma conclusão. Então a gente nunca chegava numa discussão final, sabe? Era coisa esquentada, era sempre melhor parar por ali e isso foi se arrastando até agora.

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Nilton Moura para OFuxico

“MEU PAI SEMPRE FALAVA: EU E SUA MÃE SOMOS AMIGOS”.

F:  O que motivou essa briga em família foi a questão da sua mãe tentar provar na justiça que ela tinha uma união estável com o seu pai. Você não acreditava nisso? Isso pra você não fazia sentido?
J.A.: Eu considero que nós éramos uma família. Meu pai sempre amou muito a gente, eu, minhas irmãs e minha mãe também. Meu pai sempre esteve ao nosso lado, ao lado da minha mãe, ao lado da família da minha mãe. Mas uma coisa eu sempre entendia.
Eu entendia que meu pai nunca queria se casar, era um desejo dele. Ele gostava de ter sua própria vida, de morar sozinho. Mas esse desejo de se casar, de ter uma união estável, realmente não era pra ele, não era o que ele queria.
Quando eu era pequeno, eu até perguntava pra ele:  “Pai, quando você vai se casar com a mamãe? E ele sempre falava, filho, eu não tenho essa vontade. Eu e sua mãe somos amigos.

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Rosemiriam Di Matteo
Reprodução Globo

F:  Então, pra você, seu pai e sua mãe não eram casados?
J.A.: Não, nunca foram. A minha mãe sempre soube que eles não eram casados, mas ela é uma pessoa facilmente influenciável. Uma pessoa ingênua que fala coisas da cabeça dela e começa a acreditar que precisa fazer o que as pessoas dizem pra ela.

Colocaram na cabeça dela que ela deveria provar pra si mesma, pro Brasil, que houve ali um casamento, uma união estável, mas eu tenho certeza de que se nada disso tivesse acontecido, as nossas vidas teriam andado pra frente normalmente, como sempre foi.

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F:  Isso não foi ideia dela? Foi ideia de outras pessoas?
J.A.: Com certeza, com certeza. Todas as pessoas ao redor dela a influenciaram a tomar as decisões.

F:  Você sempre teve essa percepção, desde o início? Você sabia que ela estava sendo influenciada? Você falava isso para ela?
J.A.: Sim, com certeza. Desde o início eu sabia disso e tentava expressar isso para ela, mas, como eu disse, é difícil quando existem outras pessoas falando ao contrário, e eram muitas pessoas.

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Gugu e seus filhos João Augusto, Marina e Sofia
João Augusto usou a camisa do pai em entrevista ao Fantástico

F:  Como era pra você ficar lendo essas opiniões? Ou você não lia, não tomava conhecimento, preferia não ver? Foi muito difícil ?
J.A.:  Meu pai era uma pessoa super discreta, ele não se envolvia em polêmicas e foi muito triste pra mim ver tudo aquilo saindo na mídia, eu li algumas coisas, depois eu resolvi não ler mais, porque só trazia estresse pra mim. Eu via tudo que meu pai construiu, tudo o que ele acreditava, indo por água abaixo. AS pessoas falando uma coisa, depois falando outra, e eu sabia a verdade de tudo. Foi muito difícil pra mim.

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Chegou uma hora que eu falei: “as pessoas vão acreditar naquilo que elas querem. Mesmo se eu falar alguma coisa, vai ser difícil as pessoas acreditarem em mim. Então, não tem nada que eu posso fazer em relação a isso, sabe? Tive que aceitar e tentar não me estressar com tudo aquilo.

Reprodução Globo

“TUDO PODERIA SE RESOLVIDO NUMA CONVERSA EM FAMÍLIA”

F:  Sua mãe falou com o Fantástico, suas irmãs também. Sua mãe falou sobre a relação dela com seu pai. Qual foi a sua reação a respeito daquela entrevista, daquela fala da sua mãe?
J.A.:  Eu fiquei muito triste de ver aquela exposição. A exposição, principalmente, foi o que me feriu, sabe? Doeu no meu coração pelo fato que meu pai sempre manteve as coisas privadas. Meu pai era uma pessoa muito privada. Ele era famoso, mas ele era muito discreto.
Tudo poderia ter sido resolvido numa conversa em família. Sentando numa mesa, todo mundo conversando. E era esse jeito que ele teria sido feito. Era assim que a gente ia fazer as coisas acontecerem, mas acabou que aconteceu o que aconteceu.
Então, tudo que saiu na mídia, minhas irmãs, minha mãe, outras pessoas… Doía bastante em mim pelo fato de que meu pai ficaria muito triste.

F:  Em relação às suas irmãs, inicialmente vocês ficaram, digamos, do mesmo lado, depois as suas irmãs ficaram do lado da sua mãe, é algo muito complicado, familiares divididos, pessoas que se amam acabarem lados opostos. Como você e suas irmãs lidaram com essa diferença?
J.A.:  A gente tentava conversar, chegar numa resolução, mas realmente não dava, porque elas tinham a sua opinião delas e eu tinha a minha. A gente concordava em algumas coisas, mas no foco principal a gente não concordava. Então chegou uma hora que a gente resolveu: “ok, a gente não vai concordar a si mesmo, então não vamos tentar mais”.

F:  Então, você chegou a ficar rompido com as suas irmãs? Quanto tempo?
J.A.:  Sim, infelizmente. Eu diria que alguns meses. A gente nunca perdeu o contato, tá? Eu falo rompimento porque havia diferenças de opiniões.

F:  O que que você acha quando as pessoas dizem assim, Poxa, Gugu, um cara tão bacana e não deixou nada pra Rose?
J.A.:  Eu acho que isso é a maior injustiça que uma pessoa pode falar sobre o meu pai. Porque o meu pai sempre ajudou muito a minha mãe, a família da minha mãe e todos ao seu redor. E meu pai tinha a ideia de que a geração dos filhos sempre apoiaria os pais. E por isso que meu pai também não deixou nada pra minha tia, pro meu tio, mas deixou pros sobrinhos. Ele era uma pessoa que pensava em tudo, ele sabia que se alguma coisa acontecesse com ele, meu tio e minha tia e toda a família jamais ficaria desamparado porque os sobrinhos estariam ali para ajudar. Do mesmo jeito aconteceu com a minha mãe.

F:  Seu pai ajudava a família da sua mãe?
J.A.:  Sim, ajudava bastante.

F: As pessoas dependiam deles? A demanda era grande?
J.A.:  A demanda sempre foi muito grande, as pessoas ficaram muito em cima do meu pai para receber ajuda, e o meu pai sempre ajudava, ele nunca fechou as portas para ajudar a nossa família, a família da minha mãe.

Minha mãe tem uma vida muito bem sucedida, muito boa mesmo, e ele jamais a deixaria ou a família dela desamparada. Meu pai era uma pessoa mais generosa que eu já conheci na minha vida. Você pode perguntar pra qualquer pessoa que era próxima dele, ele ajudava muito, muito, muito. Sempre ajudou. E esse era o plano dele para que nós sempre, estivéssemos prontos para sempre ajudar a minha mãe e dar a ela uma vida muito boa, uma vida que jamais faltaria nada pra ela.

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“A EXPOSIÇÃO FOI O QUE MAIS ME FERIU”.

F:  Quando começou a perceber que as coisas não iam se resolver. Você tinha vontade de resolver tudo?
J.A.:  Sempre tive essa vontade, tanto é que no começo várias conversas com todos, com a minha família, com advogados, para ver se a gente resolvia isso, porque foi uma perda de tempo, de dinheiro, de relações e tudo poderia ter sido resolvido com uma conversa. Eu tentei várias vezes.

F:  Durante esse período tinha o processo da sua mãe e aí apareceram outras pessoas, como no caso do Thiago. Como isso tudo ficou pra você? A vida do teu pai foi absolutamente devassada.
J.A.:  A exposição foi o que mais me feriu. E não só pelo fato que meu pai sempre foi uma pessoa discreta. Isso é muito triste. Eu tenho certeza de que esses outros processos não teriam acontecido também.

F:  O que passava pela sua cabeça?
J.A.:  Eu não conseguia não acreditar no que estava acontecendo. Eram muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo. A vida de todos nós não andava para frente por causa disso.

“EU FALEI: ‘A GENTE TEM QUE ACABAR COM ISSO’”.

F:  Em que momento vocês conseguiram alinhar as ideias e as expectativas para acabar com essa  briga? De quem partiu essa ideia?
J.A.: Eu acho que todos nós queríamos que isso acabasse. Fui eu que deu o passo para frente. Eu que reuni a minha mãe e minhas irmãs. Eu falei: “a gente tem que acabar com isso. Não está dando certo para ninguém e que o processo da minha mãe não andava para frente e a gente só estava gastando tempo, dinheiro, estresse com a família e que aquilo precisava acabar porque era isso que meu pai iria querer”. Meu pai iria dizer, “acaba com tudo isso, bola pra frente, vocês tem que ser unidos como uma família”. Isso era o mais importante pro meu pai.

João Augusto Liberato
Reprodução Globo

F:  E então foi feito o que seu pai determinou no testamento. Foi isso?
J.A.: Sim, foi. A gente seguiu o testamento, exatamente como meu pai queria, e isso realmente, desde o começo, era o mais importante para mim.  Tudo o que meu pai fez naquele testamento foi muito bem pensado.

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F:  Como é que vai ser essa relação?
J.A.: Meu pai nunca deixou faltar nada pra ela. Ela sempre recebeu recursos enquanto ele estava vivo e nunca teve que pedir nada. De agora em diante, ela vai continuar a receber e a quantia que ela vai receber, eu te garanto que ela não vai ter que pedir absolutamente nada pra nenhum de nós, eu e minhas irmãs. Ela vai viver uma vida muito boa e ajudar a família dela, se ela, assim, decidir.

E o mais importante, ela poder viver a vida dela sem precisar pedir mais dinheiro pra gente. Então, a gente sempre vai manter o que meu pai fazia com minha mãe, até mais pra que isso jamais aconteça, e ela possa viver uma vida tranquila.

Marina e Sofia Liberato
Reprodução Globo

“ESPERO QUE A GENTE VOLTE A SER UMA FAMÍLIA 100% UNIDA”

F:  Isso é um compromisso dos filhos com a mãe.
J.A.: Sim, não só meu e das minhas irmãs, mas é uma coisa que meu pai, era um compromisso do meu pai, que a gente sempre vai manter.

F:  Muita gente olha pra esse caso e fala pra você, comenta, mas ele tem uma fortuna, por que não deixou nada pra sua mãe?  Sua mãe ficou com nada? Como é que isso se dá na vida real de vocês?
J.A.: Meu pai sempre teve o compromisso de ajudar minha mãe e não deixar nada faltar pra minha mãe, nem pra gente. Era um compromisso que meu pai tinha com ela, e agora eu e minhas irmãs temos com minha mãe, sempre vamos ter.

Eu espero que daqui pra frente a gente possa voltar a ser uma família 100% unida. Eu ainda sinto um pouco distante das minhas irmãs, mas acho que também pelo fato de que elas moram fora, elas têm os seus próprios namorados, então elas moram sozinhas.

Eu gostaria de voltar a falar mais com elas. Quero fazer mais viagens com elas, lembrar os velhos tempos que a gente viajava junto, sabe? Seria muito bom, mas eu acho que com o tempo a gente vai se aproximando mais.

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Aparecida Liberato e Asna Carolina Raimundi
Reprodução Globo

“MINHA TIA É UMA PESSOA HONESTA, QUE VOCÊ PODE ACREDITAR”

F:  Durante todo esse período, você decidiu ficar no lado oposto ao lado que a sua mãe estava, ficou do lado da sua tia. A sua tia Aparecida, que foi a inventariante e que, por ser a inventariante, viveu também esse turbilhão junto com você. Como é que é a sua relação com a sua tia?
J.A.: Bom, na verdade, eu gosto de falar que eu estava no lado do meu pai, do desejo dele, do testamento dele, do que ele queria. E a minha tia foi apontada pelo meu pai para ser inventariante. Ela era, obviamente, a pessoa que ele mais confiava no mundo inteiro. Sempre tive uma relação muito boa com a minha tia. Minhas irmãs também. Todo mundo sempre teve uma relação boa com a minha tia.

Minha tia é uma pessoa sensata, uma pessoa correta, uma pessoa que você pode acreditar, uma pessoa honesta. E é por isso que hoje eu vejo e falo “cara, meu pai, ele tava certo, essa era a pessoa certa pra tomar conta do inventário. O meu pai sabia o que ele tava fazendo desde o começo, quando ele escreveu aquele testamento, e eu agradeço a Deus que foi ela que controlou essas coisas, porque se fosse uma outra pessoa, pode ser que o processo do inventário não teria sido tão justo quanto ele foi, seguindo sempre o desejo do meu pai.

E a minha relação com a minha tia é muito boa, eu agradeço muito por ela, por todos esses anos que ela ajudou a gente. Ela deixou a carreira dela de lado, deixou a vida dela de lado pra tomar conta do inventário e fazer com que tudo acontecesse do jeito que o meu pai quisesse, queria, na verdade.

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F:  Pela justiça ela teria direito por ser inventariante a até 5% da herança. Mas ela abriu mão?
J.A.: Sim, isso é uma coisa muito especial. Isso mostra a honestidade dela, porque ela poderia ter recebido uma porcentagem do inventário e ela se recusou. Várias pessoas falaram para as minhas irmãs, para minha mãe, para mim até que no final ela receberia uma parte, e no final ela não quiz nada. O objetivo dela foi seguir o desejo do irmão. Esse foi destino que o meu pai deu pra ela. E ela cumpriu exatamente como tinha que cumprir e fez de uma maneira muito justa.

F:  Você ficou surpreso com a atitude da sua tia, de recusar a herança?
J.A.: Eu não fiquei muito surpreso, porque eu sei da índole da minha tia, e eu sei que ela jamais iria querer tirar uma parte que o meu pai falou claramente que ele queria que fosse dividido pra mim, pra Sofia, pra Marina e pros primos. Ela não interferiria no desejo do meu pai. Então, na verdade, eu não fiquei muito surpreso com isso.

F:  Qual o sentimento que você tem hoje?
J.A.:  Pra mim é um grande alívio, eu posso olhar pra frente agora. É bola pra frente. Eu posso fazer as coisas acontecerem agora, e eu tenho esse grande desejo. Meu pai fez muita coisa, ele criou um legado muito grande e eu quero fazer algo parecido. Eu quero usar o dinheiro e os recursos que ele me deu pra transformar, multiplicar. Eu tenho muito essa vontade.

O alívio também é que meu pai pode descansar, porque todo esse caos que aconteceu não estava deixando ele descansar. E se ele está olhando isso de algum lugar, por todos esses anos ele estaria muito triste, e acho que com isso acabando ele vai poder realmente descansar.

F:  Como é que agora você lida com isso, cinco anos depois? Você conseguiu viver esse luto?
J.A.: Foi muito difícil. Para mim, até hoje é muito difícil aceitar que meu pai morreu.

Vem na minha cabeça perguntas que eu gostaria de fazer pra ele, que eu não posso fazer. Nas minhas celebrações, graduações, nas conquistas, eu não tenho meu pai ali pra me dar um abraço. Então, pra mim, realmente, o luto acho que vai durar a minha vida inteira. Eu sinto muita falta dele, eu queria que ele estivesse aqui pra me auxiliar. Eu tenho muitas perguntas.

Eu senti que ele partiu muito cedo, então, antes dele partir, eu não precisava fazer esse tipo de pergunta que eu queria fazer pra ele. Eu queria ter falado mais coisas pra ele, sabe? E hoje eu sinto isso, muito.

JOÃO VIVE NA CASA ONDE SEU PAI  MORAVA

F:  Você ficou com a casa onde o seu pai viveu. Uma casa que tem Gugu por todos os lados. Por que você decidiu ficar com essa casa?
J.A.: Porque é o lugar que mais me remete ao meu pai. É o lugar onde ele dormia, onde as roupas dele estão aqui. Se eu sinto saudade, eu venho pra cá. Eu fico no escritório dele, eu relembro as memórias que eu tinha com ele aqui. Pra mim, nunca foi uma opção não ficar com essa casa. Ela é tão importante pra mim que eu jamais deixaria ela ser vendida.

E eu admiro muito o meu pai. Eu uso o relógio dele, eu uso a camisa dele, Eu admiro muito, muito, muito ele, então eu quero ter sempre as coisas dele por perto. Eu gosto muito de ter as coisas dele perto de mim. Eu sinto que ele está comigo.

F:  Você é um cara de 23 anos, herdou uma fortuna, pode comprar roupa que quiser, mas esse cara quer usar uma blusa antiga do pai.
J.A.: Sim, meu pai sempre ensinou pra gente pra ser muito cauteloso com dinheiro. Eu não vejo muito por que em comprar coisas que eu realmente não preciso. Ele não ligava. Meu pai comprava moletom. Ele se interessava em outras coisas, passar o tempo em família, eu acho que isso é o que eu realmente importo. E mais uma das coisas que eu quero seguir o meu pai, sabe?

F:  O que você pensa em fazer agora?
J.A.:  Em 2025 eu pretendo morar sozinho, ter uma casa só minha. Aqui no Brasil eu já moro sozinho. Quero poder ter minha vida própria. Quero poder investir dinheiro, imóveis, outras coisas. Porque uma coisa que eu não quero é receber uma herança e não fazer nada com ela. Eu quero realmente criar as coisas, do mesmo jeito que o meu pai criava.

E quero sempre estar perto da minha mãe, que é uma coisa muito, muito importante pra mim. A verdade é que todo esse tempo eu nunca fiquei bravo com a minha mãe. Eu queria proteger ela das outras pessoas, principalmente.

Idealizadora do site OFuxico, em 2000 segue como CEO e Diretora de Conteúdo do site. Formada em jornalismo pela Faculdade Casper Líbero, desde os anos 1980 trabalha na área do jornalismo de entretenimento. Apaixonada por novelas, séries, reality, cinema e estilo de vida dos famosos.