Turma do CQC vai se retratar após piada de mau gosto sobre Aids

Por - 19/10/12 às 19:59

Divulgação

Uma piada, feita no programa Custe o Que Custar (CQC), da Band, voltou a dar dor de cabeça à produção. Na última segunda-feira (15), o apresentador Marco Luque fez um comentário sobre Aids que incomodou a Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV/Aids – RNAJVHA.

Após a exibição de uma matéria sobre o mau funcionamento dos setores de achados e perdidos, o humorista disse as seguintes frases.

“Acho que colocar uma câmera ali é pouco. Tinha que botar uma armadilha. O cara abre e.. Tinha que ter pregos enferrujados, lambiscados com Aids, e com uma catapulta. Aí o cara abre e vai um monte de pregos aidéticos enferrujados na cara desses “motherfuckers””.

A RNAJVHA, por sua vez, emitiu um comunicado para a direção do programa informando sobre a gravidade que tal comentário pode causar em jovens que, muitas vezes, buscam conforto no álcool ou nas drogas para lidar com a nova realidade e tentar superar problemas de baixo auto-estima.

O site da ONG informou, também, que a produção do CQC informou que haverá uma retratação ao vivo, na próxima segunda-feira (22).

Leia, abaixo, o manifesto na íntegra.

 

"MANIFESTO DA REDE NACIONAL DE ADOLESCENTES E JOVENS VIVENDO E CONVIVENDO COM HIV/AIDS – BRASIL

Destinatário: Juliana Foresti – Eyeworks (Cuatro Cabezas) – Produtora CQC.

Assunto: Retratação sobre o comentário do apresentador Marcos Luque Martins na matéria Teste de Honestidade.

Senhores,

Após a veiculação do último programa exibido pelo CQC na data de 15/10/12, onde abordou o tema de extravios de bagagens dos passageiros, nós jovens vivendo e convivendo com HIV/AIDS do Brasil assistimos ao desrespeito proferido pelo Sr. Marcos Luque Martins, quando insinuou uma “piada” sobre a possibilidade de serem colocados “pregos enferrujados aidéticos” dentro das malas, incentivando de forma direta e indireta a manifestação arbitrária de discriminações voltadas a este público.

A colocação do apresentador se confronta diretamente com dois artigos dos Direitos Fundamentais da pessoa vivendo com AIDS do país, sendo eles:

“I – Todas as pessoas têm direito à informação clara, exata, sobre a AIDS.”

“IV – Nenhum portador do vírus será submetido a isolamento, quarentena ou qualquer tipo de discriminação.”

A epidemia de AIDS no mundo já atravessa 30 anos de muita luta contra posicionamentos que caracterizam a violação dos direitos da pessoa vivendo com HIV/AIDS e propagam a discriminação. O movimento organizado é o responsável pelas conquistas advindas através de muito esforço e luta conjunta com o poder público e privado, o que se torna mais difícil quando meios de comunicação de massa, através de concessão pública, manifestam opiniões que desconstroem toda esta história de luta social e garantia de direitos.

Tendo em vista o impacto desta afirmação na vida de milhares de adolescentes e jovens vivendo e convivendo com HIV/AIDS no Brasil, solicitamos em caráter de urgência, a retratação do programa Custe o que Custar ao vivo no próximo programa, pessoalmente pelo apresentador Marcos Luque Martins, além de serem emitidas notas de mesmo teor nas diversas mídias sociais e abertas disponíveis pela emissora e produtora.

O contexto social dos adolescentes e jovens vivendo e convivendo com HIV/AIDS perpassam ainda pela discriminação e preconceito, que ainda não possuem a real dimensão do que é sua condição – sendo agravada ainda mais por estes comentários -, levando-os a crer que se encontram fragilizados, diminuindo sua auto-estima, e fortalecendo sua visão distorcida acerca de si mesmo. Dentro destes fatores, os agravantes são os de buscas de refúgios em consumos abusivos de álcool e outras drogas e, muitas vezes, o abandono do tratamento. Podendo também contrair outras doenças oportunistas ou co-infecções através do sexo não seguro.

Em termos de estatística, para se ter ainda um panorama mais claro, hoje são 66.698 jovens em todo o país na faixa etária de 15 a 24 anos, de 1980 até 2011; e os números globais, sem recortes por faixa etária, totalizam o quantitativo de 524.547 pessoas em todo o território.

Percebemos, assim, que não se trata de algo pequeno e insignificante.

Esperamos que o sucesso do programa não seja afetado por opiniões que não promovam a vida e nem a transparência, tornando do humor uma ferramenta depreciativa ao invés de construtiva.

Abaixo, enviamos os links com o vídeo da participação dos jovens na campanha do dia mundial de luta contra a AIDS – 1º de Dezembro e o site da Rede Nacional de Adolescentes e jovens vivendo e convivendo com o HIV/AIDS.

Link do vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=pX-YDXTuk_k

Link do site: http://www.jovenspositivos.org.br/

Sem mais,

Membros da Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo e convivendo com HIV/AIDS do Brasil."

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