Vera Gimenez desabafa: “Preciso muito trabalhar!”
Por Redação - 20/10/10 às 12:55
Vera Regina Oliveira Gimenez, nasceu em São Paulo, SP, em 14 de setembro É mãe do ator Marco Antônio Gimenez e da apresentadora Luciana Gimenez. É também avó de Lucas Jagger, filho do roqueiro dos Rolling Stones; e ganhará outro netinho da filha em breve.
A vida desta linda mulher, que foi um dos grandes símbolos sexuais do País, daria um ótimo roteiro de cinema. Foi este veículo, aliás, que a consagrou como atriz. Em 1970 fez seu primeiro longa, Lua de Mel e Amendoim. Pouco antes, na tevê, estreou na novela Os Fantoches, em 1967, na extinta Excelsior. Na Globo atuou em novelas como Anjo Mau, em 1976.
Em 1971, Vera Gimenez encontrou-se com Jece Valadão no filme Vida Fácil, de Alberto Pieralisi. A partir do ano seguinte, atuou em Obsessão, tornando-se presença constante em vários filmes do ator e diretor: A Filha de Madame Betina, O Mau Caráter, Nós os Canalhas, A Noite dos Assassinos e Os Amores da Pantera foram alguns.
Na vida pessoal, Vera e Valadão tiveram um explosivo casamento, muitas vezes estampado nas páginas de jornais e revistas. Depois dele, novos romances não faltaram, mas ela nunca conseguiu um relacionamento eterno.
Mas o glamour da fama passou: Vera viveu momentos difíceis nos anos 90, devido a um câncer no seio. Hoje está curada, mas os trabalhos ficaram bem escassos. Os últimos – tirando pequenas participações – foram na série Donas de Casa Desesperadas, na RedeTV! e em 2007 e na novela Cristal, em 2006, no SBT.
Para sobreviver, além de contar com duas pensões, Vera recebe a ajuda financeira dos filhos. Mas ela não desiste! Em entrevista a O Fuxico, a atriz conta sua trajetória, se emociona ao falar da relação difícil com a filha Luciana no passado, e diz que gostaria e quer trabalhar. Por que não? Além de continuar sendo uma linda mulher, Vera se sente muito mais madura como atriz. Confira!
O Fuxico: Você fez vários trabalhos na tevê e no cinema. Do que sente mais falta deste tempo?
Vera Gimenez: Realmente o que mais sinto falta é de trabalhar mesmo.. . melhor coisa que existe é fazer algo coisa que te satisfaça. Além de atriz eu sou psicóloga também e vejo assim: se o ator não fosse ator ele seria psicótico, porque quando você está representando você é outra pessoa, pode criar outros mundos, outras fantasias… e principalmente no teatro, embora eu só tenha feito quatro peças, quando você pisa no palco existe uma transformação muito forte … Já aconteceu comigo de até de me machucar em cena e só sentir depois. E isso é maravilhoso!
OF:O que mais lhe rendia trabalho no passado, a beleza ou o talento?
VG: Infelizmente, a beleza abre portas e fecha rapidamente portas. Eu, na época, nem tinha noção da minha beleza. Se eu tivesse corrido mais atrás, tivesse estudado, teria me dado melhor… Mas eu também era casada com uma pessoa muito polêmica, que me criou muitos problemas, que era o Jece Valadão. Mas eu era mais chamada pela beleza, sim.
OFuxico:A partir de quando sentiu que isso mudou na sua carreira?
VG: Em 1981 fui fazer faculdade de Psicologia e abandonei a carreira, porque achei que não ia ser mais atriz, que seria psicóloga. Foi na época do governo Collor, que acabou com o cinema nacional… Alguns anos depois vieram novos diretores e em 86, quando me formei, eu ainda fiz teatro em São Paulo e no Rio. Mas não consegui mais entrar na televisão, pois havia saído do mercado. Acho que hoje sou uma atriz madura, com uma vivência enorme, que estuda e que não tive chance ainda de mostrar o que eu sei fazer.
OF:No passado essa história de teste do sofá rolava muito? Foi assediada por diretores?
VG: Fui assediada, sim, por diretores, mas eu era mulher do Jece Valadão e as pessoas tinham um certo respeito, então isso não ocorreu muito. O primeiro trabalho que fiz foi em São Paulo, em 1967, Os Fantoches, na TV Excelsior, com Walter Avancini, e ele, por exemplo, nunca me cantou.
OF: A que atribui o fato de hoje você quase não receber convites para atuar?
VG:Eu não sei… Acho que é falta de espaço mesmo. Eu nunca briguei com ninguém, não tenho inimigo no meio, pelo menos que eu saiba.
OF: Seria o fato de você ser uma pessoa muito sincera, de dizer o que lhe vem à cabeça?
VG: Nem é por aí, mas já escutei várias vezes assim: ‘Por que você precisa trabalhar se tem filha rica?’ Eu não quero depender do dinheiro da minha filha ou do meu filho… Eu tenho que sobreviver, preciso trabalhar. Tenho meus sonhos, as coisas que eu gostaria de adquirir. É muito ruim ter que depender dos filhos para suas coisas extras. É muito desagradável.
OF:Você pede trabalho para os autores?
VG:Tem alguns que eu tenho um desejo enorme de trabalhar, como o Silvio de Abreu. Eu peço sim, mando email… Outro que tenho fascinação de trabalhar um dia é o Walcyr Carrasco, desde Xica da Silva, que ele escreveu para a extinta TV Manchete. Tem a Elizabeth Jhin [autora Escrito nas Estrelas], cujo trabalho é muito bom, e o Emanuel Carneiro. Há seis meses pedi um papel ao Gilberto Braga por email e ele me respondeu que o elenco já estava fechado. Quero dizer para eles que eu nunca estive tão preparada para atuar, porque não preciso mais ser bonita, quero só ser atriz, não tenho mais essa preocupação com a imagem.
OF:Que tipo de papel gostaria de fazer hoje na TV?
VG:Comédia. Mas o que eu queria mesmo era fazer teatro.
OF:Do que você vive hoje financeiramente?
VG:Tenho uma aposentadoria do INSS, de R$ 1.900, e uma pensão do meu ex-marido, que era médico do Ministério da Saúde, a qual divido com a mãe dele. Tenho meu apartamento próprio em Botafogo, zona sul no Rio, onde vivo… Já tive mais bens, porém precisei ir vendendo tudo, conforme a necessidade.
OF:Então a Luciana lhe ajuda?
VG: Sim, ela e meu filho Marco Antônio também. Mas eu gostaria muito de dizer pros meus filhos que não preciso mais e isso só trabalhando.
OF: Foi uma mulher fiel em suas relações amorosas, ou traiu?
VG:Não fui fiel, traí muito e não me arrependo. Fui fiel durante algum tempo ao Jece Valadão, mas depois descobri que ele me traía muito. Aí, falei: ‘tanto vai, quanto vem’. Minha última relação, que terminou no ano passado e durou três anos, nunca olhei para o lado, embora ele achasse que o traia. Mas depois de uma certa idade você não precisa mais trair. Você precisa é ter um companheiro.
OF:Mas você era apaixonada pelo Jece nesses 14 anos juntos?
VG:Eu sempre separei muito bem sexo de amor. Quando eu me apaixonei por outra pessoa, o Jece percebeu e eu me separei dele e fui viver com outro.
OF: Quem era essa pessoa?
VG:Um médico, que já morreu, Renê Peixoto Batista.
OF: Quem foi o homem da tua vida?
VG: Acho que amor vai mudando de característica conforme você vai amadurecendo… O Pai da Luciana (João Alberto Murad) foi importante em uma época… Fiquei noiva de um rapaz chamado Virgílio dos 14 aos 18 (fiquei noiva), mas ele morreu, aos 25 anos, de acidente de carro. Ele foi muito importante na minha vida. Foi meu primeiro namorado e primeiro homem. Teve ainda uma pessoa muito importante na minha vida e hoje ele é casado. Ele cuidou muito de mim… é o Onofre Perez Neto, que está com 84 anos e casado. É um homem que tenho profunda admiração, lhe devo muito, o quero muito bem e gostaria de poder falar com ele.
OF:Do que se arrepende?
VG:Não me arrependo de nada, só de não ter dado mais atenção à minha profissão.
OF:Acha que foi uma boa mãe para Luciana e Marco Antonio?
VG:Acho que fui boa mãe, mas a Luciana sofreu mais porque eu não podia levar ela pro Rio de Janeiro e ela teve que ficar em São Paulo. Ela sofreu com a minha ausência, sim, embora tenha ficado com a minha mãe.
OF:E por que você não pôde ficar com a Luciana?
VG:Porque existia uma coisa que se chamava pátrio poder. Eu não podia retirar a minha filha do domicílio do pai. O Jece não era divorciado quando fui morar com ele. E quando ele obteve o divórcio e eu já tinha condição financeira, Luciana já tinha quatro anos e minha mãe pediu para eu não levá-la. Luciana também não queria ir. E eu também achei justo, porque eu ia levar a minha filha pro Rio de Janeiro para deixar na mão de empregada? Não era melhor ficar com minha mãe? Achei que era muito melhor pra minha filha, que eu amo de paixão.
OF:Mas foi difícil para você essa separação?
VG: Eu sofri muito com o fato dela ficar em São Paulo e eu no Rio…
OF:Até que idade ela morou com a avó?
VG: Até os 11 anos… Mas foi muito duro, chorei muito [Vera neste momento tem os olhos marejados de lágrimas]… Quantas vezes eu peguei o avião aqui em São Paulo pra ir pro Rio de Janeiro e chorava a viagem inteira… Mas não foi egoísmo da minha parte, pra ela era o melhor.
OF:Isso ainda lhe toca muito, não é?
VG:Nossa, muito mesmo!!! Ainda hoje a Luciana me fala umas coisas que não deveria e está relacionado com isso.
OF:Como avalia a trajetória da Luciana?
VG:Olha, a Luciana foi uma menina maravilhosa, embora geniosa e com desejos muito claros. Ela é muito mais determinada que eu. Eu me perco no meio do caminho, ela não se perde. Tem um diário que uma amiga da Luciana [Andréia] fez quando eram jovens, falando o que queriam ser quando crescessem… Andréa, por exemplo, disse que queria ser dona de casa, já Luciana deixou claro: ‘Eu quero ser famosa e sair em todas as capas de revistas’. A Luciana tinha uma meta e ela atingiu. Eu tenho a maior admiração por isso. Ela é determinada!
OF:E sua relação hoje com ela, como é?
VG:A Luciana, aos 16 anos não era fácil, tinha muitos arranca-rabos comigo. Daí, aos 17 ela foi pro exterior e achei que não ficaria. Pois ela voltou, ficou dois meses aqui, retornou. Por volta dos 25 anos melhorou o relacionamento da gente, mas depois que ela teve o Lucas e se sentiu bem segura, trabalhando na RedeTV!, ela melhorou. E hoje a Luciana está cada vez melhor, mais amiga. A gente se dá bem.. Claro, temos gênios fortes, mas nos damos bem.
OF:Mas o que você se vê fazendo hoje pro teu neto que não fazia com os filhos?
VG:Hoje sou muito mais paciente. E esse bebê da Luciana que está vindo, eu quero trocar fralda dele. Com Lucas não fiz isso, porque a Luciana tem muito ciúme do filho. Mas a Luciana é uma excelente mãe, talvez melhor do que eu fui. O Lucas é uma criança maravilhosa, muito doce, meigo, carinhoso. Eu gostaria de poder ficar mais com ele.
OF:Você já posou nua para a revista Ele e Ela, na década de 80, não é?
VG:Não posei totalmente nua. Era seminua. Era um pedaço do peito, da bunda, mas não totalmente. E não pagavam bem para fazer, viu… Anos depois republicaram minhas fotos sem minha autorização, entrei com processo na Justiça e ganhei, mas estou na fila para receber porque a editora Bloch quebrou e tem vários credores.
OF:Se arrepende de ter feito filmes de pornochanchada?
VG:Na verdade só fiz um nessa linha, Lua de Mel e Amendoim, em 1970. Mas pornochanchada não era sexo explícito, era muito mais insinuação. A estrela principal deste filme era a Renata Sorrah. E aceitei fazer numa época em que precisava de dinheiro, porque o pai da Luciana havia sequestrado ela com um ano de idade, quando me separei dele. Daí precisava pagar advogado, mas depois ele logo apareceu com ela.
OF: Por que ele fez isso?
VG: Talvez por não se conformar com a separação.
OF:Na juventude chegou a usar drogas?
VG:Usei maconha, levada por um namorado. Mas logo me livrei disso, porque não é bom para ninguém.
OF: Você ainda é uma linda mulher na maturidade… Já fez plástica?
VG: Fiz um lifting no rosto, há alguns anos; refiz o seio, após ter retirado por causa do câncer; e agora quero fazer uma plástica na barriga e arrumar meu seio, que não ficou muito bom.
OF:Tem alguma religião?
VG: Sou espiritualista… rezo todas a noites, acredito muito no universo, na lei do retorno, que aqui se faz, aqui se paga… Creio muito em Jesus, mas não tenho uma religião.
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