Vinny lança CD mas pode deixar a música para seguir nova profissão

Por - 14/10/12 às 10:13

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Quem não se lembra dos hits Heloísa Mexe a Cadeira ou Shake Boom, sucessos que estouraram nas rádios e na TV nos anos 90? Músicas que fizeram muita gente requebrar e se divertir, compostas por Vinícius Bonotto Conrad, mais conhecido como Vinny.

O músico está lançando seu CD, batizado como 13!, acaba de se formar bacharel em filosofia e foi um dos selecionados – entre centenas de pessoas- para cursar mestrado em uma das mais conceituadas e disputadas universidades da Argentina. Tá bom? Não, Vinny ainda quer seguir a carreira como professor e confessa: se tiver de escolher, lá na frente, vai optar por deixar a música guardadinha.

Em conversa com O Fuxico, Vinny fala de música, família e Filosofia.

OFuxico – Você acaba de se formar como filósofo, certo?

Vinny lança CD mas pode deixar a música para seguir nova profissãoVinny – Sim, sou bacharel em Filosofia e estou fazendo mestrado em Ciências Sociais na Argentina.

OF – Como você frequenta o curso lá fora?

V – São dois meses no ano, janeiro e julho. Sendo assim, não posso fazer nada neste período, pois estarei inteiramente por conta disso.

OF – Por que escolheu a Filosofia?

V – Olha, já cursei direito, psicologia e, nestes cursos, tive algumas cadeiras de Filosofia. Me apaixonei, isso é coisa antiga, sabe? Queria fazer Filosofia, mas com a doideira de turnê, shows, não conseguia. Agora arrumei um esquema na minha agenda para dar conta do recado.

OF – Você foi escolhido orador da turma, na COC de Ribeirão Preto e chorou durante seu discurso. Como foi este momento para você?

V – Paguei mico (risos) no bom sentido. A galera me escolheu, pediu para eu fazer os agradecimentos da turma, porque acharam que, como sou músico e escrevo muito, teria facilidade. Aceitei. Menina, na hora a voz embargou. Além do momento, vi ali meus amigos, minha família, e chorei. Mas foi um mico que faz parte da vida da gente, impossível passar um momento assim sem se emocionar.

OF – Em que universidade vai fazer seu mestrado na Argentina?

V – Na Universidad Nacional de la Matanza, a mais disputada da Argentina.

OF – Teve que se esforçar muito?

V – Sim, ralei, estudei. E pra permanecer lá também tenho de estudar muito, pois tenho de publicar artigos de temas difíceis. Mas adoro escrever a respeito desses temas. Quero fazer tudo paralelo a lecionar e cantar.

OF – Lecionar?

V – Quero manter duas profissões, dar aula não é só estar a frente de uma sala de aula. Tem que fazer  uma programação para a universidade.

OF – É diferente de fazer shows?

V – No palco não é diferente, tem muita responsabilidade, não é só subir no palco e cantar. Tem toda uma parte de concentração, de empresariamento, de responsabilidade.Além disso, tem também a vida pessoal  para coordenar junto com tudo isso.

OF – Você acha que vai dar conta de tudo então?

V – Muita gente diz que dá para levar sim. Eu até entendo que digam isso e espero poder fazer tudo bem feito, no nível que acho que tem que ser feito.

OF – Onde você vai lecionar?

V – Quero lecionar no Brasil para universidades e até em escolas, adorei dar aula num pré-vestibular, para uma rapaziada ávida pelo conhecimento. Tive algumas propostas para dar aula. A intenção é sentir prazer nessa nova profissão, pois no Brasil o investimento na carreira do professor é muito ruim. Um país que quer ser levado a sério tem que levar a serio educação. Mas acredito ainda que isso seja uma questão de tempo .

OF– Você acha que com a Filosofia dá para entender um pouco melhor as coisas que acontecem no país?

V –  Sem dúvida, principalmente causas e buscas sobre explorações. A Filosofia existe pra gente deixar de acreditar nas coisas que desde pequenos temos como verdades intocáveis. A gente estabelece a vida nos pilares da religião, do dinheiro, ambições e as vezes nenhum deles é forte suficiente de forma a nos ajudar a construir a vida. Gosto de citar uma história: sempre se ouve dizer que dinheiro não traz felicidade e uma vez, em ilha Grande, uma menina de uns 30 anos, trabalhava na Bolsa de Valores, uma grande empresa, ganhava muito bem. Um dia decidiu parar tudo, comprou um barco, pintou de rosa, alugou uma cabana e começou a fazer passeios com turistas pela vila. Agora se diz super feliz. A Filosofia se encaixa nessa tomada de consciência, é importante na idade adolescente para que na fase adulta a pessoa não se deixe  enganar por tudo que segue no ritmo do dinheiro. Além disso, quando mais velha fica a pessoa acaba descobrindo que se dedicou a algo errado, se enganou.

OF – E em relação a shows, como está sua agenda?

V – A partir de dezembro começo uma temporada de shows e trabaho de divulgação em TV e rádio.

OF – Já houve uma fase maior de shows?

V – Olha, estava fazendo um comparativo outro dia com meu empresário e descobrimos que até julho bati recorde em shows: de dezembro a julho foram 86 shows. Aí você pode me falar: mas para o sertanejo 86 shows é mínimo. E eu te digo que para mim, para o estilo de música que represento, a música pop, é muita coisa. Não numa fase áurea da vida, mas numa fase como agora, mais tranqüila, é bastante coisa sim.

OF – Como você pode definir seus fãs hoje?

V – Isso é muito bacana, sabia? Porque tenho fãs que hoje tem filhos e são meus fãs também. Sabe, tem uma rapaziada que me curtiu no berço e hoje ainda curtem, me tratam com o maior respeito.

OF – Isso tudo porque você faz parte da vida das pessoas.

V – Sim, de alguma forma estou marcando a vida das pessoas, seja com uma música que fale mais de amor, ou mais agitada. Isso é bom.

OF – Suas canções podem ser vistas como criticas ao sistema?  

V – Até devo admitir que durante um tempo minha intenção era diversão. Tive um período mais rebelde, porque achava que poderia mudar alguma coisa, como política, sistema social, mas acho que isso é para outrto tipo de compositor. Falo melhor de amor e outras coisas.

OF – Com todo o sucesso e talento você ainda pretende deixar a música?

V – Olha eu gostaria de conciliar tudo, mas se não conseguir fazer tudo em um nível que quero, como disse, aí com certeza vou ter que escolher. Admiro artistas como o Gilberto Gil, e aproveito aqui para dizer que acredito ter sido mal interpretado em outras entrevistas que dei falando sobre ele. Aos 70 anos, ele é um ícone da música, um baita exemplo para todos os artistas. Mas não me vejo com 70 anos fazendo turnê, com todo pique. Acho que isso é aptidão e mérito dele, acho que nessa idade não vou ter mais tesão para isso. Acho que eu terei o meu tempo para parar.

OF – Porque o novo trabalho musical se chama 13?

V – (risos) Eu adoraria que este nome tivesse um sentido esotérico, um chamamento, que eu tivesse recebido uma luz. Mas não, só achei legal dar o nome de 13! ao meu décimo terceiro trabalho. Quem sabe não é meio cabalístico mesmo, né? O Zagalo, por exemplo, é fã do número 13.

OF – Com os planos novos, o disco 13! é o último?

V – Ainda não, esse não é o último. Realmente não sei o rumo que a vida e a carreira vão me dar. Até porque se eu decidir fazer mais um disco, posso fazer, pois meu estúdio é dentro da minha casa, é onde gravo. Se viver até os 190 anos posso gravar (risos). Só não vou conseguir fazer turnês longas. A galera não tem noção do cansaço e o quanto de tempo isso demanda. Vou seguir dando aula, fazendo shows esporádicos, chamando amigos.

OF – Vinny continua bem casado com Karina Lusbin?

V – Muito (risos). São 21 anos de amor, de cumplicidade, de respeito. Uma raridade no meio, né?

OF – Vocês optaram por ter só o Lucca?

V – Sim, o cara hoje tem 12 anos, fechamos a fábrica. Acho moderno ter um filho só. Lucca é o homem da minha vida. por muitas vezes me vejo e me reconheço nele. E me sinto feliz quando isso acontece.

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