Vladimir Brichta diz que ator tem que ter maturidade parar o sucesso
Por Redação - 20/04/13 às 10:15
Encarar o mesmo personagem ao longo de três anos na tevê pode parecer cansativo e complicado. Mas Vladimir Brichta garante que ainda consegue se estimular e encontrar variações de tons possíveis para o enrolado Armane de Tapas & Beijos, da Globo. Longe de aparentar sinais de cansaço, o ator parece, sim, ter receio da estagnação que a posição confortável de fazer parte de um programa bem-sucedido pode trazer.
"Estamos sempre atrás de sucesso. Quando você consegue, começa a olhar naturalmente para o cercado do vizinho, vendo para onde vai pular depois. É preciso maturidade para ver até onde vale a pena ir", avalia, completando que acredita que o programa tenha fôlego ainda para, pelo menos, mais duas temporadas.
Vladimir tem mesmo motivos para apostar nos seriados. O primeiro que protagonizou, Faça Sua História, teve boa repercussão de público e crítica, sendo lembrado até hoje por quem para o ator nas ruas.
"O retorno é tão impressionante desde a época em que estava no ar que muita gente pensa que foi exibido por anos. Mas não, teve uma única temporada", conta, orgulhoso.
Sobre voltar a fazer novelas ele integrou o elenco de Porto dos Milagres, Kubanacan e Belíssima, entre outras –, não rejeita a ideia. Mas também não se anima.
"Acho que vai acontecer em algum momento. Porém, agora, não posso falar que estou com vontade", entrega.
O Fuxico: Você fez cinco novelas ao longo de 12 anos de carreira na tevê. Mas, nos últimos sete, vem se dedicando exclusivamente à linha de shows. Foi um direcionamento que você quis dar à carreira?
Vladimir Brichta: É complicado falar sobre isso. Não foi uma questão de direcionar minha carreira. Na verdade, esse foi um processo que aconteceu naturalmente. As coisas foram surgindo. Ao mesmo tempo, não tenho como dizer que não foi uma escolha. Porque, embora não tenha buscado essa posição, optei por aceitar quando surgiram os convites. Costumo brincar que virei um garoto de programa e que ganho a vida com prazer.
OF: Tapas & Beijos já está em seu terceiro ano, se tornando um compromisso bem mais longo que uma novela. A rotina de trabalho é tão diferente assim para você?
VB: Aqui temos menos personagens, o que garante que você vai ter sempre muitas cenas para gravar. Mas as novelas prendem um ator por uns sete, oito meses, de forma bem intensa. No nosso programa, só trabalho de segunda a quinta, tenho três folgas semanais. Porém, estou ocupado desde o final de fevereiro até o início de dezembro. O ritmo semanal é um pouco mais suave, com um ano mais ocupado. Tem vantagens, sim, sem dvida. Mas não é o que muitos colegas pensam.
OF: Mas, hoje, essa é uma posição que lhe agrada?
VB: Todos os atores e colegas da emissora que vêm falar comigo sinalizam o quanto é bacana integrar o elenco de uma série que faz sucesso. Um monte de gente quer um lugar nessa linha de shows. Aí, quando você alcança, é como se não pudesse querer nada além daquilo. Só que quem faz também precisa se reinventar. Tento brincar com determinadas coisas, aponto um rumo novo na relação do Armane com a Fátima. Às vezes, faço ele menos histriônico, brinco mais com o gestual, avalio se o melhor é colocar mais paixão ou mais ternura. A gente tenta criar algo novo para se estimular sempre.
OF: É difícil encontrar esse estímulo?
VB: Toda série, por mais campo que você tenha para criar e produzir, tem um tempo de vida. É um ciclo que, em determinado momento, vai se fechar. E isso depende muito do texto. Em Separação?!, por exemplo, os próprios autores entenderam que a história estava esgotada no final do primeiro ano. Aqui, criaram-se situações para que isso se abra mais. Já casaram as duas protagonistas, agora descasaram, a gente tem para onde ir. Mas é claro que sabemos que uma hora não vai dar para estender. Por enquanto, está valendo a pena. Para esse ano e até o próximo, pelo menos, acho que ainda temos fôlego. Só que a gente vive de novos desafios. É o dilema eterno do ator. A gente sempre tenta conquistar sucesso e, quando consegue, já começa a olhar o cercado do vizinho para ver onde pular. É preciso maturidade e cuidado para perceber o quanto compensa explorar e curtir o sucesso ou apostar em algo novo.
OF: Sente falta de fazer novelas?
VB: Recentemente, acompanhei o sucesso da minha mulher (Adriana Esteves, atriz) em Avenida Brasil. Não sei se dá para dizer que bateu saudade. Mas, quando temos uma novela com a repercussão que essa teve, qualquer ator fica com vontade de fazer. Acho que vou voltar a fazer novelas em algum momento. Agora, não posso falar que estou com vontade. Avenida Brasil, por exemplo, foi um marco tremendo. Mas vieram outras novelas. Lado a Lado era linda e não foi considerada um fenômeno. Não dá para tomar aquilo como uma média.
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