Werner Shünemann: “Na TV, a gente tem um volume muito grande de coisas”
Por Redação - 05/11/12 às 09:04
Quando Lado a Lado, da Globo, entra no ar, Werner Shnemann logo fica nervoso. Principalmente se estiver passando alguma cena de Assunção, personagem que interpreta na trama. Esse tipo de insegurança, que poderia ser mais comum aos iniciantes, não diminuiu com o passar dos 33 anos de carreira do ator.
"Se eu for assistir à novela em casa, sozinho, eu suo. Não pode ter ninguém do lado", admite ele, que teme se decepcionar com o resultado.
Até porque, às vezes, o ensaio sai melhor que a sequência que foi gravada, o que deixa Werner angustiado. A autocrítica exagerada, no entanto, sempre fez parte de sua vida.
"Isso é muito difícil e, às vezes, é só um refúgio porque a gente fica se protegendo", analisa.
Mas, ao mesmo tempo, Werner percebe uma resposta positiva do público. O personagem, apesar de conservador e preconceituoso, consegue conquistar a simpatia de muitas pessoas por ter um perfil predominantemente do bem. Na trama, Assunção é casado com a vilã Constância, de Patrícia Pilar, que para conseguir o que quer, além de fazer muitas coisas absurdas, trai o marido.
"É um personagem bem significativo. Acho que pela primeira vez estou fazendo um cara ingênuo, sem maldade. A direção sempre me conduz de forma com que o Assunção pareça simpático e manipulado pela mulher", explica o ator, satisfeito em encarnar um tipo bem diferente do que viveu no trabalho anterior na tevê.
Em Passione, Werner interpretou Saulo, que ao longo da trama teve atitudes condenáveis – como bater exaustivamente na esposa – até ser misteriosamente assassinado.
"O Saulo me custou um pouco de saúde. Eu levava muito o personagem para casa. É bom voltar ao ar mais leve", pondera.
Para traçar a linha de atuação para o papel atual, Werner buscou informações com os diretores – Dennis Carvalho e Vinícius Coimbra – e com os autores – João Ximenes Braga e Claudia Lage – durante algumas leituras com o elenco.
"Quando é um personagem de época, a gente vai buscando um pouquinho de cada coisa", conta.
Mas ele está acostumado com trabalhos de contexto histórico relevante. O primeiro que fez, e que marcou sua estreia na Globo, foi A Casa das Sete Mulheres, exibida em 2003. Na ocasião, interpretou Bento Gonçalves, personalidade que já conhecia bastante por ter sido professor de História.
"Foi o melhor convite que apareceu", destaca ele, que também atuou em produções de época como JK, Amazônia, de Galvez a Chico Mendes e Eterna Magia.
Antes de ir para a Globo, aos 42 anos, Werner já tinha uma carreira bastante atuante em sua cidade natal, Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. E já acumulava trabalhos importantes no cinema e no teatro. Mas, mesmo com a vasta experiência na interpretação, para ele, a tevê ainda é o veículo mais difícil de exercer a profissão. O tempo de preparação para um personagem é bem mais ligeiro que no cinema e no teatro, o que exige um grau de concentração ainda maior. Afinal, é preciso acompanhar o ritmo da televisão sem perder o trabalho minucioso de composição. E é isso o que instiga Werner.
"Na tevê, a gente tem um volume muito grande de coisas para fazer e eu me sinto muito estimulado. É uma relação de paixão. Ao mesmo tempo, a minha autocrítica faz com que eu me desespere um pouco sempre e sinta essa atração irresistível de trabalhar nisso, de fazer cada vez melhor", filosofa.
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