Xuxa sobre looks para desfile: ‘Quero quatro dedos abaixo da pepeca’

"Quero que seja quatro dedos abaixo da pepeca". Foi assim que Xuxa reagiu ao conferir um dos looks que usaria na festança que marcou os 40 anos da extinta grife carioca Yes Brazil, referência de moda nos anos 80. Com 40 anos de carreira, a apresentadora retornou às passarelas na noite de quinta-feira (12) e arrebatou o evento com duas entradas lacradoras.

A loura iniciou  sua performance com um vestido micro, colorido, ao som da banda Blitz, ícone da época. E encerrou embalada por Gilberto Gil, com um look jeans, jaqueta aberta quase exibindo os seios.  Uma catarse!

Antes de lacrar na passarela, Xuxa recebeu a imprensa e falou abertamente sobre sua relação com a marca, a grande responsável pela botinha da Rainha dos Baixinhos.

"A Yes Brasil está fazendo 40 anos e eu estou também fazendo 40 anos de carreira. Comecei aos 16, como modelo. Conheci a marca com meus 18, 19 anos e as nossas histórias se confundem, se juntam bastante porque a botinha que muita gente tem na memória, aquela botinha de amarrar, na verdade é da Yes Brasil. Eu usava tanto no programa, com todas as cores, mais a branca, obviamente, porque era Rio, Brasil. A Grendene acabou fazendo a botinha de plástico, de amarrar, para as crianças. Virou uma baita de uma marca que marcou história tanto na Grendene quanto pra mim. Assim que eu assinei o contrato com a Globo, quando saí da Manchete, eu estava totalmente vestida de Yes Brasil. Usava quase como se fosse meu guarda-roupa. A primeira vez que usei calça rasgada na minha vida, a primeira vez que fiz fotos bastante diferentes, a primeira foto de cartão que fiz foi com a roupa da Yes Brasil. Tinha muito a ver com meu estilo, meu jeito. Eu queria passar para as pessoas, a imagem que eu queria que as pessoas vissem, aquela coisa mais descontraída, colorida, divertida e à frente. Ele sempre esteve à frente de tudo e de todos"

A loura aceitou o convite de Thomaz Azulay e Patrick Doering pelo valor afetivo à grife, fundada há 40 anos por Simão Azulay, pai de Thomaz e grande amigo de Xuxa. E relembrou a ousadia da marca:

"Quando ele me convidava pra fazer os desfiles, ele perguntava: posso tirar o forro? Posso deixar você sem sutiã? Posso deixar você com uma transparência? Eu topava absolutamente tudo pela confiança que eu tinha nele e que ele sempre teve em mim".

Xuxa contou aos risos que pedia sempre para reduzir o comprimento de suas roupas. E destacou que sua mãe era quem mais a incentivava a ousar.

"Eu usava a roupa quatro dedos abaixo da pepeca e esse foi meu único pedido pra esse desfile, que minha roupa fosse como no passado. Tive uma família que me apoiou muito. Em família de alemães e europeu não se usa roupa em piscina, praia. Eu não via o corpo como algo errado, feio. Minha mãe sempre disse que me achava mais bonita com pouca roupa. Quando posei para revistas masculinas, levei minha mãe. Ela  passava óleo no meu corpo e dizia pra mostrar mais. Então, quando o Simão dizia 'tira' eu pensava 'uhul', minha mãe vai adorar".

Xuxa destacou ainda que a tecnologia e o advento das redes sociais inibiu um pouco a ousadia.

"Antigamente a gente dava a cara pra bater, mas não sabíamos porque não tinha internet. A fé te tem que respeitar a coisa das pessoas se mostrarem. Estarem a frente. Tenho muito medo de onde a internet e a loucura das pessoas está levando a gente. Está tudo muito parecido e quando vemos algo diferente, batemos palma".

Longe das passarelas há anos, Xuxa recentemente se emocionou pra valer ao conferir um desfile de Sasha. Com a essência da moda no DNA, a loura avaliou a atual conjuntura do mercado fashion.

"Eu era mais modelo do que manequim porque nunca fui tão grande. Na época as mulheres eram maiores, consideradas como cabides. Elas tinham que ser muito magras e ter o tamanho muito grande. E eu não era. Sempre tive tamanho normal e era mais cheinha. Nem eu nem a Luiza Brunet não éramos, então fazíamos muito desfile. Mas eu vejo que hoje em dia essas coisas estão perdendo a força. No desfile da minha filha, vi mulheres gordas, vi mulheres bem magras, mulheres mais velhas, mulheres bem novas, trans desfilando. Todas as tribos, agora, são bem vindas porque eles tem que pensar em vestir todas as tribos, não pode ser só aquelas mulheres altas, magras e tal, senão não vai vender e eu acho que agora p desfile em si não é mais aquela coisa esquelética, aquele biotipo. Agora você tem que ter atitude. Eu acho que a Yes buscou muito isso, mostrou muito isso naquela época em que as mulheres tinham biótipo e eles vinham com mulheres que tinham mais atitude, que no caso, como eu disse, estava a frente de muitas campanhas. Às vezes ele pegava uma pessoa que estava costurando pra ele e colocava no desfile porque ele achava que tinha o biotipo interessante. Ele achava que não tinha que seguir um rosto bonito, exótico. Tinha que ter atitude e ele sempre foi à frente. Se hoje as pessoas falam de vintage, falam de moda dos anos 80, foi uma coisa que marcou demais. Está na cabeça das pessoas, de quem faz moda, de quem viu a moda e de quem vê as coisas acontecendo porque vai e volta. Busca naquela água, bebe um pouquinho da água dos anos 80 e volta pra cá, seja  o cabelo, seja na maquiagem, seja em algum detalhe, na estampa, sempre os anos 80 vai estar na moda, acredito que foi a época em que a moda foi mais valorizada. A mulher foi valorizada e teve essa mudança de que não tem que ser só a mulher cabide e sim a mulher com atitude".

Na ocasião, a grife The Paradise Rio, capitaneada por Thomaz, reverenciou o feito de Simão, emocionando a todos. Além de Xuxa, modelos consagradas pela marca como Veluma, Monique Evans e Pedrinho Aguinaga, desfilaram e foram aclamados. Pepeu Gomes e Davi Moraes também se apresentaram, dando um toque todo especial. Jonatan Azevedo declamou a musica O Tempo Não Para, de Cazuza, e foi aclamado.

Na primeira fila, Juliana Paes estava extasiada.

Mas não foi apenas Xuxa que lacrou no evento. Monique Evans foi responsável pelo momento desabafo ao tascar um beijo cinematográfico na namorada, a DJ Cacá Werneck. A plateia delirou e ouvia-se gritos diversos de apoio ao gesto. 

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