Zéu Britto compara história de Saramandaia à sua cidade natal
Por Redação - 15/07/13 às 21:02
A ligação de Zéu Britto com Saramandaia vem de antes de seu nascimento. De acordo com memórias da infância, as explicações de sua notória excentricidade vêm do fato de sua mãe ter assistido à novela de Dias Gomes quando ainda o carregava na barriga.
"Minhas tias diziam que as histórias da trama iam fazer com que eu nascesse louco. É coisa de cidade pequena. Jequié é quase como uma Saramandaia", diverte-se.
Convidado pelo diretor Fabrício Mamberti para interpretar o Maestro Totó na adaptação de Ricardo Linhares, o ator acredita que o papel na trama é o fechamento de um ciclo.
"Essa coisa ldica e fantasiosa sempre fez parte da minha vida. E agora uni isso ao meu trabalho", analisa.
Para viver o personagem, Zéu contou com a ajuda de um barbeiro, já que Totó também exerce essa
profissão na história.
"Não fazia ideia de como preparava a espuma", diverte-se.
Já quanto ao sotaque, tipicamente baiano, o ator não encontrou maiores problemas.
"Saramandaia faz parte de um Brasil misto, plural, que não se atém a diferenças no modo de falar", complementa.
Além da carreira de ator, que começou em 1995, na Bahia, no grupo Os Catedráticos, Zéu acumula funções de apresentador, músico, compositor, produtor e até dono de bar.
"Em 2006, criei a Urubu Rei Produções, uma empresa para produzir meus shows, entre outras coisas.
A vontade de ter um estabelecimento para unir tudo que diz respeito a arte é um sonho antigo", diz,
comemorando o sucesso do recém-inaugurado Armazém Cultural São Joaquim, localizado em Santa Teresa, no Rio de Janeiro.
Para ter mais noção de como lidar com o bar, o ator voltou a estudar.
"Entrei na faculdade de Administração para ter mais embasamento para cuidar desse novo filho", justifica.
O Fuxico: Você acredita que o lado musical de Saramandaia tenha sido um dos fatores que contribuíram para sua presença na novela?
Zéu Britto: Com certeza! O primeiro trabalho que fiz com o diretor Fabrício Mamberti foi em Vida da
Gente, em que fiz uma participação cantando. Ele lembrou disso e me chamou para interpretar o
Maestro Totó. O lado lúdico de Saramandaia é a minha cara e ganha um tom a mais quando é
relacionado com msica. Estou juntando duas das minhas funções preferidas, não poderia estar mais
feliz. Além disso, é a primeira vez que fico do início até o final em uma novela. E eu preciso dessa falta de rotina que a tevê tem, onde cada dia você grava uma coisa diferente, em um lugar diferente.
OF: Seus trabalhos sempre tiveram relação direta com o humor. Isso já incomodou você?
ZB: De forma alguma. Acho que isso faz parte de mim, até por causa dos meus olhos grandes e das
minhas expressões. É quem eu sou, não tem como negar. Mas, apesar dessa forte ligação, aprendi a
direcionar meu trabalho para outros lados, fora da interpretação. Eu faço as coberturas dos grandes eventos na Bahia, ao vivo, na TV Bahia, afiliada da Rede Globo. Uso a preparação e a bagagem que eu trouxe do programa Zéu de Estrelas, que apresentei na TV Brasil, e junto com a minha extravagância natural. Gosto da coisa do ao vivo, do improviso. Mas também gosto de escrever as cabeças do programa, pensar no texto, nas diferentes formas de falar.
OF: Como foi seu primeiro contato com a música?
ZB: Eu sempre escrevi, mas no início fui meio relutante para mostrar para outras pessoas. Na
medida em que fui mostrando e as pessoas gostando, fiquei mais confiante. Até que, nesse processo, me chamaram para fazer uma msica para uma peça chamada Intimidades, que entraria em circuito na Bahia. Depois disso, comecei a fazer muitas músicas para teatro. Comecei a só conseguir compor sob demanda, quando tinha um pedido especial. Foi em Sexo Frágil, série exibida pela Globo em 2003, que me desenvolvi como compositor. Na pressão, pois tinha de criar uma música para cada episódio, mas foi nessa época que cresci como músico profissional.
OF: Quais são suas maiores inspirações na hora de compor?
ZB: As minhas músicas são todas roteirizadas, como mini-óperas. Basicamente, quando criança, eu
só ouvia João Gilberto, Caetano Veloso e Gilberto Gil. E eles têm essa coisa de ter histórias e melodias marcantes muito fortes. Mas já o conteúdo é totalmente proveniente do meu imaginário, da minha cidade natal e dos fatos surreais e lúdicos que são contados por lá.
OF: Além de todas as funções que acumula, tem alguma coisa relacionada às artes que você ainda queira fazer?
ZB: Eu tenho um projeto de escrever, mas ainda preciso me preparar mais. Durante os meus shows,
faço leituras de poesias escritas por mim. As pessoas sempre pedem por elas e eu nunca reuni isso em lugar nenhum. Então, o primeiro projeto é fazer um livro com todas essas poesias, que são muitas. Além disso, quero escrever ficção. Mas, para isso, preciso me dedicar mil vezes mais. Para entrar no universo da ficção, é preciso passar por um exílio artístico de concentração que eu não pude ter ainda.
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