“Além da Ilusão” traz o universo encantador da cenografia e direção de arte
Por Flavia Cirino - 07/02/22 às 01:00
A cidade mineira de Poços de Caldas foi palco para as gravações das cenas da primeira fase de “Além da Ilusão”. Com um patrimônio arquitetônico bastante preservado, alguns pontos turísticos da cidade foram utilizados como locações, a exemplo do Palace Hotel, a Thermas Antônio Carlos, a Cascata das Antas, o Mirante e o Parque José Affonso Junqueira. Rafael Vitti, Larissa Manoela, Olivia Araújo, Malu Galli e Antonio Calloni foram alguns dos atores que estiveram na cidade. Foram necessários três caminhões para levar os objetos de arte, figurinos, cenografia, sem contar com o aluguel dos carros de época, que foram uma atração à parte.
Responsável pela cenografia, Cris Bisaglia explica que o desafio desse trabalho é retratar a época em que se passa a trama de uma forma diferente da qual o público está acostumado a ver nas produções. Para isso, a equipe de cenografia tem ousado bastante no uso das cores, explorando diversos recursos, como papeis de parede coloridos e ricos em detalhes.
Na cidade cenográfica nos Estúdios Globo, além da sede da fazenda e da vila operária, ganha destaque a fábrica de tecelagem que conta com seis máquinas têxteis datadas de 1940, a mesma época em que se passa a novela, todas em pleno funcionamento. Para encontrar esses equipamentos, a cenógrafa fez uma intensa busca. “Cheguei a ligar para o Museu Têxtil de Portugal para descobrir onde poderia conseguir mais de uma máquina. Liguei para a antiga Tecelagem Saliba, que fechou em 2016, falei com o Museu Têxtil da Bahia, o de Minas Gerais, até que cheguei em um segurança da Saliba, que me passou o contato de uma pessoa que tinha comprado as máquinas de lá e trabalhava com confecção. Viajei para Carmo do Rio Claro, em Minas, e consegui alugá-las. Foi um alívio”, conta Cris.
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VAGÃO ESPECIALMENTE CONSTRUÍDO PARA A NOVELA
Outro destaque é a estação de trem da fazenda, que tem o interior de um vagão construído especialmente para a novela: “Optamos por fazer o vagão um pouco menor do que o real, com 11 metros de largura (o real tem 15 metros) e mantivemos a altura igual. Será o trem que faz a viagem de Campos dos Goytacazes para a fazenda e para o Rio de Janeiro”, explica.
Para a segunda fase da trama, ambientada em Campos dos Goytacazes, a equipe de produção de arte, liderada pelo diretor de arte Moa Batsow, levou em conta uma cidade que já era bastante desenvolvida na década de 40, mais moderna, colorida e agitada, reunindo alguns estilos como o art noveau e o art décó.
“O público vai ver a cidade de Campos supermoderna, colorida, cheia de elementos, carros, confeitaria, cinema, teatro, cassino, luzes, elementos divertidos, jornaleiro, chapeleiro, táxis, floristas, carroças, lavadeiras”, explica a produtora de arte Eugenia Maakaroun.
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Durante o trabalho de pesquisa, Eugenia também concluiu que a arte gráfica poderia ser um diferencial para marcar as décadas de 30 e 40. “O design dos objetos de cena, desde a forma de escrever até a gramática, é diferente dos dias atuais. Propus ao Luiz (diretor artístico) uma coisa bem divertida e simpática, já que o design está presente em tudo. Antigamente, um rótulo era bem trabalhado, tinha um pensamento, uma criação, as fontes eram diferenciadas. Vamos trazer isso para agregar à nossa arte. Levei a arte gráfica para todos os cenários”, diz.
“O Davi (Rafael Vitti), por exemplo, vai ter um baralho original, feito por nós, e o visual é muito sedutor para os nossos olhos. As artes gráficas também estarão presentes nos rótulos das cachaças, ainda nos anos 30, escritos à mão, no alambique de Giovanna (Roberta Gualda)”, conta a produtora.
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É jornalista formada pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em Jornalismo Cultural e Assessoria de Imprensa pela Estácio de Sá. Ela é nosso braço firme no Rio de Janeiro e integra a equipe de OFuxico desde 2003. @flaviacirino