Alexandre Nero sobre seu personagem em Nos Tempos do Imperador: ‘Personificação do mal’
Por Redação - 27/07/21 às 16:50
Desde o início da pandemia do novo coronavírus, a Rede Globo decidiu paralisar as gravações das novelas e exibir apenas reprises, mas isso está próximo de mudar.
“Nos Tempos do Imperador” estreia no dia 9 de agosto e a novela vai mostrar que existem ideais que atravessam o tempo. A trama, escrita e criada por Alessandro Marson e Thereza Falcão, e com direção artística de Vinícius Coimbra, é uma obra de época, ambientada no Rio de Janeiro.
A história acompanha momentos importantes da vida do Imperador Dom Pedro II (Selton Mello), da Imperatriz Teresa Cristina (Leticia Sabatella), de Luísa, a Condessa de Barral (Mariana Ximenes), além de Pilar (Gabriela Medvedovski) e Jorge/Samuel (Michel Gomes), ao longo dos anos.
Veja +: Nos Tempos do Imperador: Conheça a personalidade turrona de Tonico
“A novela ‘Nos Tempos do Imperador’ é uma sequência da ideia de ‘Novo Mundo’. A diferença entre as duas histórias é que agora já temos um Brasil estabelecido desde a Independência, feita por Dom Pedro I. Agora, temos personagens de fato brasileiros, netos dos portugueses que vieram para cá. Falar de Dom Pedro II já era um desejo meu e do Alessandro. Nós escolhemos destacar na novela as coisas que ele fez, como a relação dele com o ensino, com a cultura, e o patrocínio à ciência. Esse olhar para projetar um novo Brasil. Apesar de ter cometido alguns erros e de não ter conseguido levar à totalidade seu plano de abolição, Dom Pedro II tem coisas importantíssimas. E todos os personagens ficcionais nascem do resultado desse momento, de como estava a economia, das dificuldades desses novos brasileiros”, comentou a autora Thereza Falcão.
Além disso, o público terá a chance de ver um lado mais falho do Imperador.
Veja +: Nos Tempos do Imperador: Saiba qual é o sonho da jovem Pilar
“Em uma obra longa como uma novela, é muito mais fácil conseguir mostrar várias facetas de um mesmo personagem. Ao longo dos mais de 100 capítulos de ‘Nos Tempos do Imperador’, acho que conseguimos mostrar várias contradições de Dom Pedro II, inclusive optamos por tratar de algo que não é a melhor parte da história dele, a Guerra do Paraguai. Para falarmos dessa guerra, tivemos que expor algumas contradições e algumas coisas não tão heroicas que ele foi obrigado a fazer. Apesar de estarmos fazendo uma ficção histórica, de não ser um documentário, tentamos nos manter fieis ao espírito do Dom Pedro II”, afirmou Alessandro Marson.
O diretor artístico ainda ressaltou que emoção é o que não falta na história.
“Sinto que, por conta da pandemia, nesse momento tão difícil do Brasil, estamos todos muito sensíveis, muito impactados, mas também estamos todos muito sensibilizados pela própria novela. Emoção é uma coisa que todo mundo pode esperar muito de ‘Nos Tempos do Imperador’. É uma novela que está emocionando a nós, que estamos fazendo, e que vai além do entretenimento a que uma novela se propõe. Ela tem cultura, nos faz refletir sobre a nossa história, sobre nossas escolhas. Todos estamos muito emocionados e acho que essa emoção vai passar para o público”, afirmou Vinicius Coimbra.
Veja +: Elenco usa look de época ao gravar cena de praia em Nos Tempos do Imperador
ELENCO E PERSONAGENS
Selton Mello – Dom Pedro II
A responsabilidade de interpretar essa figura tão central da história do nosso país coube a Selton Mello.
“Eu não me lembrava, da época da escola, de tantos detalhes da história do Dom Pedro II. Quando li alguns capítulos que o Vinícius (Coimbra, diretor artístico) me mandou, no começo, fiquei muito intrigado. Ele foi um personagem tão importante na história do Brasil e não foi tão retratado quanto Dom Pedro I. É um personagem que eu lia e ficava muito encafifado sobre o que ele estaria pensando ao dizer ou viver certas coisas. Li várias biografias e é muito interessante que essas obras não têm respostas para muitas coisas. A Thereza e o Alessandro seguiram também essa pegada de levantar mais perguntas do que respostas, o que eu acho muito interessante, pois cumpre o papel da arte, que é levar entretenimento e reflexão, favorecendo a imaginação do expectador e a curiosidade histórica”.
Leticia Sabatella – Teresa Cristina
A esposa do Imperador também foi muito pouco retratada nos livros de história.
“A Teresa Cristina foi a última Imperatriz, ela sofreu com o fim do Império, com esse confisco da imagem do Dom Pedro II e dela. Ela virou uma figura meio apagada, mas, poxa, como assim uma pessoa que estudava Arqueologia, que se responsabilizada pela escavação de sítios arqueológicos importante e tinha uma coleção dentro do museu, lia, tentava se aproximar do povo, gostava de artes… como ela pode ser tratada como alguém ignorante? A Teresa Cristina foi realmente apaixonada pelo Brasil”.
Mariana Ximenes – Luisa, Condessa de Barral
Outra mulher importante no período do Segundo Reinado é Luisa, a Condessa de Barral, que teria sido o grande amor de Dom Pedro II.
“Eu não conhecia a minha personagem e tive o prazer de conhecê-la através dos olhos de Thereza e Alessandro, e de um livro da Mary Del Priore sobre a Barral. A Condessa é uma mulher muito impressionante, muito forte. Tem traços muito contemporâneos: tem delicadeza, gentileza, mas sobretudo firmeza. Ela é uma abolicionista e tem uma relação linda com os negros. No engenho dela, todos os negros são livres”, contou a atriz.
Gabriela Medvedovski – Pilar
Além da paixão entre Dom Pedro II e a Condessa de Barral, o público vai acompanhar também a história de Pilar, jovem que sonha se tornar a primeira médica do Brasil.
“Acho que a trama, no geral, traz os elementos históricos de uma maneira muito inteligente, transformando-os em questionamentos sobre o que vivemos hoje. É inevitável comparar a situação da Pilar, por exemplo, com uma mulher que quer ser dona do próprio destino e que muitas vezes não consegue porque é silenciada, o que acontece até hoje. Nós, mulheres, quando não somos silenciadas, pagamos um preço muito alto para conseguirmos ser ouvidas. Acho que a Pilar, de alguma maneira, simboliza um pouco de cada mulher que lutou para ser escutada e que abriu os caminhos para estarmos aqui hoje”.
Michel Gomes – Jorge/Samuel
Já o ator Michel Gomes falou da felicidade com esse trabalho.
“Estou realizando um sonho contando a história de um personagem que é brasileiro como eu. Me preparei para esse trabalho entendendo como eu poderia levar para as cenas um sentimento que sempre me acompanhou durante a vida, por eu ser negro. A história do Jorge é a história dos meus ancestrais. Estou contando também a minha história, de alguma forma”, disse.
Alexandre Nero – Tonico
E como todo bom folhetim tem seu grande vilão, em ‘Nos Tempos do Imperados’ o responsável por agitar a vida dos protagonistas é Tonico.
“Ele é um personagem ficcional, mas talvez seja o mais real da novela. Esse cara está aí, eventualmente em mim, em nós… Talvez seja o personagem mais sem dualidade que eu já fiz. A gente sempre tenta humanizar os personagens para que as pessoas percebam os dois lados, porque ninguém é só bom ou só malvado. Mas ele é a personificação do mal, o que é bacana para a novela que ele seja. É importante que fique claro que ele fala coisas tão absurdas que não tem como defender”, ressaltou Nero.
Dani Ornellas – Cândida
Entre os cenários que compõem a trama está a Pequena África, lar histórico da comunidade afro-brasileira na Região Portuária do Rio de Janeiro. A atriz Dani Ornellas, que vive Cândida, a Rainha da Pequena África, comentou sobre a importância dessa representatividade.
“Pessoas das quais hoje nós falamos tanto, como Tereza de Benguela, Luisa Mahin e outras mulheres líderes quilombola, não estão nos livros de História. A Teresa conduziu um quilombo com quase mil pessoas entre pretos, indígenas e brancos e liderou esse quilombo durante muito tempo. Onde está essa história? Por que eu não cresci ouvindo e lendo isso? Para mim, a Cândida é a oportunidade de dar voz a histórias que são minhas e que não foram contadas para mim”.
Rogério Brito – Dom Olu
Já o ator Rogério Brito interpreta Dom Olu, Rei da Pequena África, um personagem que existiu e foi uma pessoa, que trocava informações e confidências com o Imperador.
“Fico muito feliz porque em algum momento na realização desse personagem existe uma reconexão com meus ancestrais. É um desafio muito mais que necessário. Nesse momento pelo qual estamos passando, o povo negro precisa de líderes, de alguém que nos conduza para chegarmos aonde a gente precisa. Ao mesmo tempo, precisamos ter consciência de onde viemos para poder pensar sobre aonde vamos. Dom Olu me traz essa luz. Ele é considerado o Rei do espaço de resistência que é a Pequena África pelo fato de ter descendência nobre, que é o que faz ele ter essa identificação e essa ligação com Dom Pedro II, que também é um nobre. Através desse contato com o Imperador, ele se articula para poder de alguma forma acolher e liderar o povo que o considera como Rei”, explica Rogério.
Pioneiro no Brasil em cobertura de entretenimento, famosos, televisão e estilo de vida, em 24 anos de história OFuxico segue princípios editoriais norteados por valores que definem a prática do bom jornalismo. Especializado em assuntos do entretenimento, celebridades, televisão, novelas e séries, música, cinema, teatro e artes cênicas em geral, cultura pop, moda, estilo de vida, entre outros.