Diante das críticas, cenas de ‘Nos Tempos do Imperador’ serão regravadas
Por Flavia Cirino - 17/09/21 às 10:00
No último dia 26 de agosto, OFuxico fez o alerta: cenas da novela “Nos Tempos do Imperador” não estavam legais… a maneira como a trama aborda a escravidão e o racismo gerou até pedidos de desculpas por parte da autora e crescentes críticas nas redes sociais, iniciadas na estreia e que seguem frenéticas, ressaltaram vários equívocos apontados na trama. E eis que agora, oficialmente, diante de inúmeras críticas, a história terá cenas regravadas.
Com a entrada do escritor e pesquisador da cultura afro-brasileira, Nei Lopes, na equipe para dar uma consultoria, vários capítulos foram revistos. Uma das sequências que serão refeitas envolve a Princesa Isabel, que, na segunda fase da história, será vivida por Giulia Gayoso.
A trama das 18h também será avaliada em um grupo de discussão com telespectadores promovido pela Globo de forma virtual, por conta da pandemia. A ideia é fazer mais ajustes depois que sair o resultado. OFuxico já havia destacado que reuniões internas estavam sendo realizadas para tentar frear as duras críticas que resultaram em índices decrescentes de audiência.
Veja +: ‘Nos Tempos do Imperador’ sofre queda de audiênca e tem cada vez mais críticas
PRIMEIRO CAPÍTULO JÁ DISSE A QUE VEIO
Logo no primeiro capítulo, um grupo de negros escravizados identificados como Males invade uma fazenda para libertar seus pares. Na cena, homens e mulheres são dizimados pelos capitães do mato e seus capatazes. Uma mulher negra é baleada na frente do filho, golpes de capoeira são interrompidos por facada.
O negro Jorge/ Samuel (Michel Gomes) se fere nesse combate e é salvo por Pilar (Gabriela Medvedovski), moça branca de família abastada, que apesar de ser descendente do opressor, caiu imediatamente nas graças do escravizado fugitivo. Ele agradece a mocinha por ter salvado sua vida e a chamou de “anjo”. Já se sabe que eles serão um casal na novela.
Em outra cena, a Condessa de Barral (Mariana Ximenes) é recebida por negros sorridentes na lavoura ao visitar um bebê recém-nascido.
Na pele de Dom Pedro II, Selton Melo interpreta um personagem “humanizado”, que deixa até que esqueçamos que ele não aboliu os escravizados. Poderia… A visão de herói da nação que a novela vai tentar imprimir, não é real. D. Pedro II sequer estava presente à assinatura da Lei Áurea e a imagem dele é construída como em contraponto com o comportamento de Pedro I. Mas já é outra história…
CENAS ENTRE PILAR E SAMUEL FORAM O ESTOPIM
No mês passado, uma sequência causou revolta nas redes sociais. Nela, Pilar (Gariela Medvedovski) e Samuel (Michel Gomes) conversaram sobre a possibilidade de ela morar com ele na Pequena África. Em determinado momento, os dois discutiram o preconceito que ela poderia sofrer por ser branca. Uma “brilhante” aula de “racismo reverso”, que é a maneira que quem não entende de questões raciais justifica uma suposta prática de negros contra brancos.
A Pequena África, local real, localizado no Centro do Rio de Janeiro, é onde se estão as principais marcas deixadas pela história dos negros na cidade. Era o ponto de acolhimento e proteção para negros livres, ex-escravizados, e também fugitivos.
Veja +: Relembre como Pilar pediu Samuel em namoro
A ideia de Pilar morar na Pequena África foi vetada por Dom Olu (Rogério Brito), considerado o rei do lugar. Ele explicou que a moça teria facilidade para encontrar outro local para morar, o que não acontece com os negros. Ela compreendeu o argumento, mas seu namorado, o ex-escravizado Samuel, acusou os outros moradores do reduto – todos negros – de discriminação.
“Só porque você é branca não pode morar na Pequena África? Como queremos ter os mesmos direitos se fazemos com os brancos as mesmas coisas que eles fazem com a gente?”, disse ele na cena.
As críticas dominaram a web. Thereza Falcão, que escreve a rama com Alessandro Marson, se desculpou: “Foi péssimo. Pedimos muitas desculpas. Eu mesma quando vi a cena aqui em casa, falei: o que foi isso? Todos os capítulos que vão ao ar até o 24 foram escritos em 2018, gravados na ampla maioria em 2019”, justificou ela.
“Na época não contávamos com uma assessoria especializada, o que só aconteceu no ano passado, com a entrada do Nei Lopes. Hoje assisto a muitas cenas com uma sensação muito longínqua. Mais uma vez pedimos desculpas por cometer um erro grosseiro como esse”.
“Nos Tempos do Imperador” já está quase toda gravada, mas, assim como acontecerá em “Um Lugar ao Sol”, a próxima trama das 21h, o elenco fará diferentes opções de finais. Será uma forma de atender as opiniões do público.
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É jornalista formada pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em Jornalismo Cultural e Assessoria de Imprensa pela Estácio de Sá. Ela é nosso braço firme no Rio de Janeiro e integra a equipe de OFuxico desde 2003. @flaviacirino