Terra e Paixão: Entenda o vício de remédios de Petra e os malefícios

Por - 25/06/23 às 06:00 - Última Atualização: 24 junho 2023

petra usando remédios em terra e paixãoReprodução/TV Globo

Petra (Debora Ozório) é uma das personagens mais complicadas de “Terra e Paixão“, a novela das 21h da TV Globo, já que além de enfrentar diversos problemas familiares, ainda é completamente viciada em remédios, principalmente calmantes.

Durante a trama, vemos que a jovem não consegue passar um dia sem se refugiar em um (ou muito mais) comprimido, o que a faz ficar ‘molenga’, as vezes apática e quando o estado se agrava, chega até a perder a consciência e não lembrar das últimas horas.

Em uma conversa com o psiquiatra Dr. Gabriel Domingos de Paula, OFuxico procurou entender melhor o funcionamento dos remédios tarja preta, considerados os mais fortes na medicina, e os malefícios que eles podem trazer caso não sejam administrados com cuidado, como no caso de Petra.

O QUE É UM REMÉDIO TARJA PRETA?

“Remédio tarja-preta é um remédio que recebe da Anvisa uma recomendação, uma identificação visual no rótulo da embalagem, que é uma tarja-preta, falando principalmente da problemática, da dependência que essa medicação pode causar. Classicamente, são medicamentos da família dos benzodiazepínicos que recebem esse tarja preta, medicamentos com capacidade de criar dependência”, definiu o profissional.

Ele ainda deixou claro que para tomar esse tipo de medicamento, é preciso a indicação de um psiquiatra, ou seja, não é possível chegar na farmácia e comprar sem receita: “A maneira correta de se tomar uma medicação tarja-preta, primeiro, segue a mesma recomendação de qualquer outra medicação, né, sempre sob supervisão médica, E a segunda regrinha seria de o mínimo possível. Medicação tarja-preta por ter um alto grau de dependogênese, a gente aconselha o mínimo possível dessa medicação, mas com certeza, estando sobre o aval médico, com uma boa indicação clínica, ela vai estar correta”.

CONTRAINDICAÇÕES

Os casos mais comuns para tomar esse tipo de medicação é quando o paciente apresenta um alto teor de ansiedade ou depressão.

“A medicação tarja-preta são as medicações com maior poder de redução da ansiedade, os famosos ansiolíticos. São medicações que a gente usa intensamente nos tratamentos da ansiedade, principalmente da intensidade da ansiedade aguda, nos picos de pânico, crises de ansiedade. São as medicações de efeito mais rápido, que conseguem aí dar resposta às sensações ruins dentro de 5, 10, 20 minutos eles já estão fazendo efeito”, detalha.

Além do risco em tomar além do receitado, misturar remédios muito pesados com bastante bebida alcóolica também não é indicado.

“A maior contraindicação com certeza seria o uso concomitante de bebida alcoólica. As medicações de tarja preta e bebida alcoólica são tem uma interação realmente problemática de potencialização do efeito de ambas as substâncias, e aí podem provocar estados de deturpação no sistema nervoso central muito intenso. Muita sonolência, perda de reflexos, amnésia, então, são situações de grande problemática na concomitância de bebida alcoólica com medicação”, afirma Gabriel.

“Além disso,  existem outras contraindicações dependendo das outras medicações que essa pessoa pode eventualmente estar tomando. Então, sempre é essencial ter avaliação do profissional médico se você está tomando uma medicação tarja preta e for adicionada a uma medicação nova então vale a pena falar. Ou o contrário se está tomando uma outra medicação por qualquer motivo e aí tem a prescrição de uma medicação tarja preta”, complementa.

VÍCIO

Ele explicou a fundo o caso de dependência: “Toda medicação vai sempre ter uma relação de boa prática de que a melhor dose é a menor dose possível. Tomar acima dessa dose, o primeiro erro é que a gente pode estar tomando desnecessariamente. A segunda questão é exatamente pelo efeito de ser uma medicação que pode gerar dependência e pode gerar esse estado de mais sedação, que não é uma coisa positiva. E aí, se, por exemplo, uma pessoa está acostumada com uma dose muito, muito, muito baixa e ela toma uma dose que nem é tão alta, uma dose moderada, ela já pode ter ali uma sensação de hipersedação, de obnubilação do sistema nervoso central”.

“O vício não é dependente diretamente e puramente da classe medicamentosa. Então não é todo remédio tarja preta que vai causar dependência para toda pessoa. Isso é de uma interação daquela medicação com aquele indivíduo e aí entram muitas outras situações, que é a realidade social da pessoa, qual é a relação da pessoa com aquela medicação, como que é o uso, se a gente busca, se a pessoa busca efeitos que não são os corretos da medicação e aí sim a gente poderia estar configurando essa questão de um vício da medicação”, explica.

OVERDOSE E MORTE

E os perigos podem chegar ao extremo, como o caso de acontecer uma overdose: “Overdose sempre pode acontecer porque overdose não é uma realidade exclusiva de algumas medicações, mas é uma realidade relacionada a qualquer substância que entre no corpo, em uma dose acima da recomendada. Então, qualquer medicamento, a gente pode estar falando às vezes, de Dipirona e aspirina, existe overdose de qualquer substância. Então a overdose sim, vai acontecer. Estamos falando dos efeitos deletérios da medicação”

A morte inclusive é uma possível realidade para aqueles que abusam dos medicamentos: “A superdose, a overdose, ou às vezes nem mesmo a overdose, mas uma tomada de medicação exagerada concomitante, com outras medicações ou até mesmo álcool, pode levar a um desfecho de fatalidade, como a morte, porque é uma medicação que vai causar uma hipersedação e, dependendo da situação, isso pode levar a uma parada cardiorrespiratória”.

SAINDO DO VÍCIO

Para finalizar, contou a melhor maneira de se curar do vício em remédios: “Toda e qualquer relação de abuso com uma substância, seja ela lícita ou ilícita, a primeira coisa é o reconhecimento do problema. Então, o primeiro passo é a gente entender que está numa situação de abuso, seja do tarja preta, seja de uma bebida alcoólica, seja de uma droga ilegal, seja de tabaco, do que for. E a partir dessa identificação, buscar ajuda. O profissional mais indicado para lidar com isso é o psiquiatra, mas a busca da ajuda médica precisa acontecer o quanto antes”.

WALCYR CARRASCO

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