‘143’, de Katy Perry, é uma festa e todo mundo está convidado
Por Murilo Rocha - 20/09/24 às 14:21
Ele chegou ao mundo: o sexto álbum de estúdio de Katy Perry, o aguardado “143”, em 20 de setembro, mesmo dia do seu show no Rock In Rio. A cantora sempre declarou o novo projeto como “dançante”, com “altos bpms” e, acima de tudo, com muita alegria em cada faixa. Fica bem nítido que, ao ouvir o álbum diversas vezes, ele foi criado e idealizado para se declarar aos fãs, ao marido, Orlando Bloom, e sua filha com o astro, Daisy Dove.
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Com um misto de música pop, anos 80 e um eletropop, com toques de trap aqui e ali, Katy Perry começou sua nova era a promovendo com sensualidade e cabelão preto em todo lugar. Diria que o álbum tem essa energia: músicas para performar, dançar e se empolgar com algumas das ótimas preciosidades que temos por aqui, como “Nirvana” e “Crush”.
O maior elefante branco da sala é o produtor Dr Luke, acusado de abusar sexualmente de Kesha, e que tem envolvimento no projeto. A polêmica maior é a presença dele em “Woman’s World”, uma faixa com uma letra feminista, mas que deixou uma parte do público decepcionado com a sua presença justamente nela. Escolhida para ser o primeiro single do “143” é quase esquecível perto do restante das faixas, principalmente com outras escolhas óbvias.
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A trinca inicial conta com ela, “Gimme Gimme“, ao lado de 21 Savage e “Gorgeous” com Kim Petras. As duas seguem quase o mesmo compasso: um trap pop e um feat. Nesta, a parceria com a estrela alemã deveria ser priorizado por ter um pouco mais haver com o projeto e com o mote sexy da era. Já a primeira não é nada inovador ou revolucionário.
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“Crush” é um som refrescante e oitentista: com uma letra que conta com “é um crush? Lá vou eu me apaixonar de novo”, a música traz suavidade e bpms altos, uma clara declaração ao seu digníssimo marido e que eleva o nível do álbum com seus sintetizadores e um refrão extremamente grudento; “I’m His, His Mine”, ao lado da incrível Doechii, usa do sample de “Gypsy Woman” de Crystal Waters com maestria: uma faixa classuda e com uma letra que é exuberantemente sobre ser a ‘dona’ da relação (e dos pensamentos do seu amor!).
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Já “Nirvana” é, ao menos para mim, o ápice do álbum. Com uma atmosfera quase que espacial, é sexy e entrega um tipo de house e de europop na medida certa, com uma letra aos moldes de alguém que domina e exibe sua sensualidade sem medo.
“All The Love” e “Lifetimes” são quase a mesma coisa: letras fofas, românticas, mas que vai, certamente, dividir o público entre o amei e o ‘deixo para minha amiga do lado’. A primeira é quase um mantra sobre recuperar o amor que lhe foi tirado, uma referência a sua dramática separação de Russel Brand e, claro, ao hate train que sofreu com “Witness”, álbum que é um verdadeiro divisor em sua carreira.
Ali na trinca final, “Truth” é um dos últimos respiros dos anos oitenta e noventa, com uma letra sobre dizer a verdade, mesmo que se machuque com ela. Não é a faixa mais inspiradora e pode fazer sentido aqui ou ali, mas é um pouco mais do mesmo. No entanto, “Artificial”, com JID, tem uma quebra logo no começo e traz uma sonoridade experimental, futurista e remete quase a uma “E.T”.
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Já “Wonder” é uma declaração fofa para a linda Daisy. A música conta até com a voz da filha no início e no fim e serve como um recado para que o peso do mundo nunca tire o brilho de sua vida. É uma linda música de amor incondicional.
143: saldo final
Com momentos bons, o “143” pode não ser o álbum mais ousado ou mais experimental de sua carreira. Ele serve como um ‘disco aos fãs’, o que muitas divas pop tem por aí. Katy Perry sempre sonhou em entregar um disco dance e ela o fez. Talvez um pouco datado, mas ainda, sim, com sua marca e com seu jeitinho.
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Um ponto para ser notado: seus vocais estão muito mais maduros e cheios de momentos potentes nas famosas high notes. No final, o disco é uma verdadeira festa e deve ser escutado dessa maneira. Como toda festa, existem momentos que não são os melhores e tá tudo bem. A metamorfose de Katy Perry aconteceu na frente dos olhos de todos e ela se mostra pronta para seguir voando por vários rumos, seja estes quais forem.
Em formação no Jornalismo pela UMESP. Escreve sobre cultura pop, filmes, games, música, eventos e reality shows. Me encontre por aí nas redes: @eumuriloorocha