Trisal na TV: ‘Terceira Metade’ mostra a nova cara do amor além do que se imagina

Por - 21/07/2025 - 13:02

Reality 'Terceira Metade'Os três primeiros episódios de 'Terceira Metade' mostraram que será quente! - Foto: Reprodução/ Globoplay

O amor livre ainda incomoda. E talvez seja justamente por isso que ele desperte tanta atenção — e até desconforto — entre quem acredita apenas em um único modelo de relacionamento. No reality Terceira Metade, já disponível no Globoplay, a proposta é simples, mas o impacto, nem tanto: casais de diferentes orientações sexuais buscam um terceiro para viver um trisal, enfrentando, juntos, os dilemas da não monogamia.

‘A monogamia nunca funcionou’, diz Deborah Secco

Com apresentação de Deborah Secco, a atração não força ninguém a aceitar o novo, mas convida o público a olhar de forma mais honesta para as transformações no afeto contemporâneo. Afinal, como afirmou a própria atriz: “Cada um está num nível, mas o mais importante é todo mundo respeitar o seu tempo e o seu gosto.”

Apesar disso, muitos ainda torcem o nariz para esse tipo de relação. A atriz Vida Vlatt, por exemplo, questionou nas redes sociais o impacto do programa, especialmente na formação de jovens. Segundo ela, tratar o poliamor com naturalidade seria “normalizar perversões”. O argumento, no entanto, reforça uma resistência a compreender o outro, ignorando que o mundo — e as formas de amar — mudaram.

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Apresentando o “Terceira Metade”, Deborah Secco revela o que é fidelidade para ela #deborahsecco #terceirametade #globoplay #reality @luigi.civalli

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Amor a três, DRs e lágrimas: a emoção é real

Logo nos primeiros episódios, “Terceira Metade” mostra que viver um trisal pode ser tão ou mais desafiador do que qualquer namoro a dois. Emoções se misturam quando o tema “ser marmita de casal” vem à tona. Muitos participantes desabafam sobre a sensação de exclusão, o julgamento externo e o preconceito que enfrentam fora — e até dentro — das relações.

Saiba mais detalhes de ‘Terceira Metade’

Diante disso, Deborah Secco reforça uma ideia poderosa: todos têm o direito de amar e serem amados. E embora nem todos estejam prontos para viver esse tipo de relação, escutar quem está já representa um avanço. A discussão sobre pertencimento, aceitação e liberdade de escolha aparece em cada detalhe — desde os dates descontraídos até as inevitáveis DRs.

Além de provocar reflexões, o programa se aproveita do seu caráter voyeur. O público observa os conflitos, as conversas difíceis, os ciúmes e a tentativa de reorganizar sentimentos que muitas vezes sequer foram nomeados. Não existe fórmula mágica para se relacionar, e é justamente essa ausência de regra que gera incômodo, curiosidade e identificação.

O amor livre não é obrigação, mas merece respeito

Mesmo com todo o apelo visual e a leveza típica dos realities, “Terceira Metade” também confronta tabus. O discurso de Deborah Secco durante a divulgação do programa ilustra bem isso: ela afirmou não apenas acreditar na não monogamia como uma tendência, mas também apontou a monogamia como uma instituição que já não atende a muitos casais.

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Essa opinião tem respaldo em dados. O número de divórcios no Brasil subiu nos últimos anos, e cada vez mais pessoas relatam dificuldades em manter relacionamentos baseados em exclusividade total. Isso não significa que todos devam viver em relações abertas, mas talvez represente o esgotamento de um modelo tradicional que não contempla mais a complexidade das emoções humanas.

Deborah, aos 45 anos, vive atualmente um namoro discreto com o produtor musical Dudu Borges. Após se separar de Hugo Moura, pai de sua filha, a atriz mergulhou no projeto com uma bagagem pessoal que reforça a mensagem do programa. Como ela mesma disse, “muitos fingem fazer essa escolha só para machucar o outro.”

Assistir “Terceira Metade” pode não convencer ninguém a formar um trisal, mas certamente provoca perguntas. E se o primeiro passo for apenas entender? Se a única exigência for o respeito, já teremos evoluído mais do que parece. Porque amar continua sendo um direito de todos — mesmo que cada um escolha amar à sua maneira.

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É jornalista formada pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em Jornalismo Cultural e Assessoria de Imprensa pela Estácio de Sá. Ela é nosso braço firme no Rio de Janeiro e integra a equipe de OFuxico desde 2003. @flaviacirino