Banda Sepultura é envolvida em episódio de nazismo. Entenda o caso

Por - 19/07/23 às 11:34

Banda SepulturaFoto: Divulgação

A Polícia Civil do Ceará abriu uma investigação sobre um possível caso de racismo e de apologia ao nazismo, na plateia de um show do Sepultura.

A banda de rock se apresentou em Fortaleza, no Metal Week, último dia 08 de julho e imagens que viralizaram na web mostram que, enquanto o som pesado rolava, um homem, apontado como o autor de gestos nazistas, era agredido.

O homem agredido teria proferido ofensas racistas ao vocalista do grupo, o americano Derrick Green, que é negro. Em seguida, teria feito gestos típicos de nazistas.

“Esse doido estava fazendo gesto nazista, falando ‘Heil Hitler‘, falando que banda que tem negro como vocalista não é banda. Puxando briga, né? Batendo no povo sem motivo. Levou uma sola”, diz na gravação uma mulher não identificada.

O homem, após ser agredido, foi expulso da casa de shows. A polícia afirmou que vai apurar “as circunstâncias de uma ocorrência de lesão corporal”.

“As informações que dão conta que a vítima das agressões teria cometido crime de racismo e apologia ao nazismo”, destacou a corporação.

NAZISMO, ASSIM COMO RACISMO, É CRIME

A apologia do nazismo usando símbolos nazistas, distribuindo emblemas ou fazendo propaganda desse regime é crime previsto em lei no Brasil, com pena de reclusão.

A apologia do nazismo se enquadra na Lei 7.716/1989, segundo a qual é crime:

  • Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Pena: reclusão de um a três anos e multa – ou reclusão de dois a cinco anos e multa se o crime foi cometido em publicações ou meios de comunicação social;
  • Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo. Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.

A lei é respaldada pela própria Constituição, que classifica o racismo como crime inafiançável e imprescritível. Ou seja, o racismo pode ser julgado e sentenciado a qualquer momento, não importando quanto tempo já se passou desde a conduta.

Inicialmente, não havia menção ao nazismo na legislação, que era destinada principalmente ao combate do racismo sofrido pela população negra.

QUEM É O VOCALISTA DO SEPULTURA

A difícil missão de substituir Max Cavalera nos vocais coube ao americano Derrick Green.

Ele, que morava em Los Angeles, não conhecia o Brasil, tampouco a banda. Vale ressaltar que na época, 1998, o acesso à internet era privilégio de pouquíssimas pessoas e, na realidade, a maioria não estava nem aí ora isso…

Derrick aceitou a vaga, disposto a enfrentar o desafio. O primeiro deles foi mudar de mala e cuia para o País Tropical, estabelecendo-se em São Paulo.

Só então o artista entendeu a fama do Sepultura por aqui: “Eu não conhecia o Brasil, não sabia nada sobre a cultura ou o idioma. Não tinha nenhum amigo brasileiro. Não sabia nada, era completamente ignorante sobre o Brasil”, contou ele, ressaltando que recorreu à biblioteca.

Na adaptação, acostumar com o assédio dos fãs foi o mais “estranho” para ele, já que não tinha essa dimensão. Depois de 20 anos na Terra da Garoa, Green voltou pra Los Angeles, onde ainda mora.

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