Caso Marcius Melhem: Justiça determina que Google deve tirar do ar entrevistas de Letícia Spiller

Por - 27/04/23 às 13:33

Fotomontagem de Letícia Spiller e Marcius MelhemFotomontagem: Reprodução Instagram @arealspiller e Reprodução Record TV

Nesta quinta-feira, 27 de abril, a 21ª Câmara de Direito Privado do Rio de Janeiro fez uma determinação ao Google: que retire do ar, no prazo de até 48 horas, todas as matérias que mostram entrevistas de Letícia Spiller falando das acusações de assédio sexual a Marcius Melhem.

De acordo com o jornal O Dia, em dezembro de 2020 Letícia Spiller conversou com o programa “Reclame na Play” sobre o assunto e, caso o Google não cumpra a determinação, terá que arcar com uma multa de R$ 10 mil por hora de atraso.

Na participação do “Reclame na Play”, perguntaram a Spiller sobre as acusações de assédio contra o ex-diretor do Núcleo de Humor da TV Globo e ela respondeu que “teriam demorado para denunciá-lo, permitindo que ele se tornasse ‘o cara’ perante a opinião pública”.

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Com um outro convidado chamando Melhem de mártir, Letícia completou: “Né? O mártir dessa situação”.

A atriz também relatou que Marcius Melhem sempre foi uma pessoa “muito querida” e “de bom coração”. Segundo Letícia Spiller, um dia após sua entrevista, “alguns veículos distorceram suas falas e afirmaram que ela estava defendendo Marcius Melhem”. Além disso, ela afirmou ter recebido mensagens de ódio em suas redes sociais.

CASO NA JUSTIÇA

Ainda segundo a publicação, Gabriel de Oliveira Zefiro, desembargador relator da sentença, afirmou que nção houve defesa de Melher por Spiller e que ela também não fez crítica alguma às mulheres que começaram a acusá-lo de assédio.

“A atriz não afirmou que Marcius Melhem tem um bom coração, mas sim que era dura a decepção decorrente de uma acusação tão grave contra uma pessoa que ela reputava, no passado, quando o conheceu, ser uma pessoa correta e de bom coração. Com efeito, a atriz não afirmou que ela, pessoalmente, questionaria o motivo da demora na denúncia de assédio. Apenas afirmou que se tivesse acontecido com ela, ela denunciaria imediatamente e explicou que assim agiria para evitar justamente a desconfiança de muitas pessoas.”

Ele prosseguiu: “Ao contrário, a agravante apenas sinalizou a importância de se denunciar os abusos sexuais o mais rápido possível, justamente considerando a dificuldade de se provarem condutas como essas, que geralmente ocorrem sem a presença de testemunhas, além de haver preconceitos sociais, notadamente de ordem machista, que dificultam a correta elucidação dos fatos.”

A DENÚNCIA

Marcius Melhem dirigia o Núcleo de Humor da Globo, na época em que foi denunciado por Dani Calabresa ao compliance da emissora, no ano de 2019. Em 2020, foi aberto um inquérito policial na Delegacia da Mulher do Rio de Janeiro, onde as denúncias começaram a ser apuradas.

Melhem, por sua vez, move também um processo contra Dani Calabresa, alegando danos morais. Além dela, outras mulheres deram depoimentos, alegando ter sofrido assédio por parte do humorista.

MULHERES FALAM

No dia 24 de março deste ano, Dani Calabresa, Georgiana Góes, Maria Clara Gueiros e demais atrizes, roteiristas e diretores romperam o silêncio e contaram detalhes inéditos sobre o caso que envolve o humorista Marcius Melhem; acusado de assédio sexual e moral dentro da Rede Globo.

O grupo se reuniu em uma entrevista exclusiva, comandada pelo colunista Guilherme Amado e publicada no jornal Metrópoles, com depoimentos ouvidos pelas supostas vítimas e pelo acusado, de forma forte e inédita, em vídeos separados em duas partes, com os títulos “Caso Marcius Melhem: elas falam” e “Caso Marcius Melhem: ele fala”.

Dani Calabresa contou que Melhem tinha o hábito de contracenar encostando o pênis ereto em atrizes ou tentando forçar sua língua em beijos que deveriam ser técnicos.

“Estava insustentável trabalhar em um ambiente em que eu comecei a perceber que eu era barrada dos convites; que eu não era liberada para as coisas; que eu estava trabalhando com tremedeira; que ele se aproveita das brincadeiras para brincar ereto; que ele pega de verdade; ele tenta enfiar a língua de verdade. Não é selinho, não é piada, não é brincadeira”, contou ela.

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A roteirista Carolina Warchavsky, presente no entrevista, comentou: “Quando saiu na imprensa a notícia sobre o assédio sofrido pela Dani, eu entendi todos os comportamentos típicos de assédio que estavam acontecendo, tudo o que eu tinha ouvido falar quando comecei na TV Globo. Eu entendi que era verdade, que eu tentei bloquear um tempo como se não fosse.”

Todos ali presentes também descreveram como era o ambiente de trabalho com o acusado: “tóxico”. “O que me chamava mais atenção era uma certa falta de vida pessoal. Ele queria transformar aquela coisa do trabalho, a espontaneidade das relações profissionais, para a vida dele”, contou o ator Marcelo Adnet.

“Para mim, o ambiente do Núcleo de Humor da Globo era muito divertido, mas tinham momentos de constrangimento, que eu demorei para entender que não eram normais e tinham o nome de assédio”, explicou a atriz Georgiana Góes.

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