Ex-dançarinas de Lizzo reagem ao seu comunicado: ‘Chocadas’

Após a cantora Lizzo emitir um comunicado negando as alegações de assédio sexual, discriminação e criação de um ambiente de trabalho hostil, levantadas por três de suas ex-dançarinas – Arianna Davis, Noelle Rodriguez e Crystal Williams – as mesmas se mostraram ‘em choque’ com a declaração da artista que descartou ser a pessoa que elas acusam no processo.

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Arianna, Noelle e Crystal reagiram à nova declaração da cantora e disseram em entrevista à emissora inglesa Channel 4 que se sentem ‘chocadas e desanimadas’, e acreditam que a reputação de Lizzo, de ser uma celebridade que representa positividade corporal e empoderamento feminino é “performativa”.

Na entrevista, Crystal Williams compartilhou que a declaração de Lizzo aumentou sua decepção e que ela e as outras dançarinas sentiram que suas preocupações estavam sendo “completamente desconsideradas”.

Crystal afirmou que a resposta de Lizzo fez as dançarinas sentirem que estavam compartilhando falsas acusações, quando esse não é o caso:

“Foi muito desanimador ler e me sentir esquecida, especialmente quando ela [Lizzo] defende o que ela representa em relação ao empoderamento feminino – ser uma defensora da saúde mental – ser uma defensora da positividade do corpo – e apenas para provar que esse não é o caso, porque nada foi reconhecido nessa declaração.”, lamentou Crystal.

As três foram então questionadas se a provação doeu mais porque elas admiravam Lizzo. Arianna respondeu: “Dói mais. Admiro o fato de que ela estava usando sua plataforma para abordar questões que outros artistas não estavam fazendo, mas conhecendo-a agora, foi performativo.”, acusa.

Noelle foi questionada se ela acredita que seu processo contra a cantora prejudicará o ativismo de Lizzo.

“Acho que não. Não estamos tentando transformá-la em vilã – estamos apenas tentando responsabilizá-la. Achamos que ela é capaz de talvez mudar a maneira como faz as coisas.”, afirmou.

Arianna concordou com Noelle dizendo que ‘a bondade que alguém coloca no mundo sempre ficará lá e não será esquecida’, mas “duas coisas podem ser verdadeiras ao mesmo tempo”.

COMUNICADO DE LIZZO

“Estes últimos dias foram muito difíceis e esmagadoramente decepcionantes. Minha ética de trabalho, moral e respeito foram questionados. Meu caráter foi criticado. Normalmente escolho não responder a falsas alegações, mas elas são tão inacreditáveis e ultrajantes demais para não serem abordadas.”, afirma na declaração.

“Essas histórias sensacionalistas vem de ex-funcionários que já admitiram publicamente que foram informadas de que seu comportamento na turnê era inapropriado e não profissional.”, revela.

“Como artista, sempre fui muito apaixonada pelo que faço. Eu levo minha música e minhas apresentações a sério porque, no final só quero lançar a melhor arte que represente a mim e aos meus fãs. Com a paixão vem o trabalho duro e os altos padrões. Às vezes tenho que tomar decisões difíceis, mas nunca é minha intenção fazer alguém se sentir desconfortável ou como se não fosse valorizado como uma parte importante da equipe”, assegura.

E se defende: “Não estou aqui para ser vista como vítima, mas também sei que não sou a vilã que as pessoas e a mídia me retrataram nos últimos dias. Sou muito aberta com minha sexualidade e com minha expressão, mas não posso aceitar ou permitir que as pessoas usem essa abertura para me fazer parecer algo que eu não sou”, justifica.

“Não existe nada que eu leve mais a sério do que o respeito que devemos receber como mulheres nesse mundo. Eu sei como é quando os outros te fazem sentir envergonhada pelo seu próprio corpo diariamente, e jamais iria criticar ou demitir um funcionário por conta de seu peso. Estou magoada, mas não vou deixar que o bom trabalho que fiz no mundo seja ofuscado por isso. Quero agradecer a todos que estenderam a mão para me apoiar durante esse período difícil”, concluiu.

ENTENDA O CASO

As mulheres acusam Lizzo de coagi-las a participar de shows nus de cabaré, e outras atividades, e as que não aceitam dançar conforme a música da artista, são demitidas ou ‘castigadas’ como por exemplo, comer bananas da vagina de artistas sexuais em Amsterdã. Mas, se elas concordavam com a ideia de diversão de Lizzo eram recompensadas com luxuosas viagens em jatos particulares para locais tropicais.

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Em entrevista ao programa “TMZ Live”, duas delas, Arianna e Crystal revelaram o motivo de suas respectivas demissões. Enquanto Crystal disse que foi acusada de beber antes das apresentações, Arianna afirma que Lizzo a envergonhou por ganhar peso e usou um suposto distúrbio alimentar para justificar sua demissão.

Depois de tomar conhecimento do processo das dançarinas, a diretora de documentário Sophia Nahli Allison twittou na terça-feira (1) que queria falar contra Lizzo porque “validar as experiências de outras mulheres negras é profundamente importante” para ela.

A cineasta começou compartilhando uma foto sua segurando uma câmera grande durante um show, explicando que havia “viajado um pouco com Lizzo” em 2019 para o documentário “Love, Lizzo”, lançado pela HBO Max em 2022.

Allison afirmou que na época “afastou-se” do projeto “depois de cerca de duas semanas” porque foi “tratada com muito desrespeito” pela artista.

“Eu testemunhei como ela é arrogante, egocêntrica e cruel”, Allison alegou. “Meu espírito disse para correr o mais rápido que puder [longe dela] e estou muito grata por ter confiado em meu instinto (…) me senti profundamente ferida, mas me curei.”

De acordo com a coluna “Page Six”, do jornal “The New York Post”, a diretora de 36 anos disse que ler as alegações das dançarinas Arianna Davis, Noelle Rodriguez e Crystal Williams contra Lizzo, 35, a fez perceber “o quão perigosa é a situação” de sua própria experiência.

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Ela concluiu: “Esse tipo de abuso de poder acontece com muita frequência. Muito amor e apoio às dançarinas.”, disse.

Mais tarde, Allison contou que se reuniu com outras pessoas que “compartilharam em particular” suas próprias “experiências muito semelhantes” com Lizzo.

Ela então alegou: “Lizzo cria um ambiente laboral extremamente tóxico e hostil e prejudica o trabalho… o trabalho e a autoridade de outras mulheres negras e pardas no processo.”, afirmou, chamando Lizzo de ‘agressora narcisista’ que “construiu sua marca com mentiras”.

“Fiquei empolgada em apoiar e proteger uma mulher negra por meio do processo documental, mas rapidamente descobri que sua imagem e ‘mensagem’ eram uma fachada”, concluiu Allison.

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