Laudo aponta fraude em assinaturas de Cid Moreira
Por Flavia Cirino - 13/09/2025 - 13:11

Uma reviravolta movimenta o processo envolvendo Cid Moreira, que morreu aos 97 anos. Um laudo grafotécnico elaborado pelo perito Cláudio da Silva Cordeiro concluiu que assinaturas presentes em documentos trabalhistas atribuídos ao jornalista foram forjadas.
O parecer, obtido pelo portal LeoDias, analisou aviso prévio, registro de demissão em carteira e termo de rescisão contratual. Em todas as análises, surgiram indícios claros de falsificação.
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De acordo com o especialista, as assinaturas apresentam quebras de ritmo, rigidez, tremores artificiais e pressão irregular. No aviso prévio, as diferenças se concentram na inclinação e na velocidade de execução.
Na carteira de trabalho, a letra inicial destoa do padrão e os traços mostram espaçamento desigual. Já no termo de rescisão, os gestos gráficos e os detalhes de ataques e remates não coincidem com a escrita original. Para o perito, não há segurança técnica para atribuir a autoria a Cid Moreira.
Indícios de manipulação e áudios reveladores
Além da análise gráfica, o parecer reúne gravações do ex-funcionário Manuel Francisco de Lima. Nos áudios, ele sugere que o jornalista não tinha conhecimento da própria dispensa. Em um dos trechos mais fortes, Manuel afirma:
“Acho que ele até pensa que eu pedi para sair”. A declaração se deu em conversa de WhatsApp e anexada como evidência contra Maria de Fátima Sampaio Moreira, ex-esposa de Cid, apontada como responsável pela condução da rescisão.
Outro ponto destacado é ainda mais delicado: Manuel afirmou que sua demissão ocorreu enquanto estava afastado pelo INSS, condição que garante estabilidade ao empregado. Para o perito, os documentos e os relatos gravados formam um “conjunto robusto de evidências” e indicam atuação de terceiros sem a anuência legítima do comunicador.
Em outro momento, Manuel relatou que Maria de Fátima chegou a manter a relação de trabalho ativa, mas posteriormente determinou seu desligamento. Esse tipo de relato reforça a tese de que Cid desconhecia os procedimentos e abre espaço para suspeitas sobre a interferência da ex-companheira na gestão contratual.
Defesa reage e acusa filhos de denunciação
Ao portal LeoDias, o advogado da viúva, Davi de Souza Saldaño, enviou nota afirmando que as acusações são “descabidas” e já foram rejeitadas em outras instâncias. De acordo com ele, o mesmo laudo teria sido apresentado anteriormente e ignorado pela Justiça.
Justiça trava venda da mansão onde vivia Cid Moreira
Sobre os áudios anexados, a defesa declarou que se tratam de provas ilegais e unilaterais. Saldaño disse ainda que Manuel desmentiu as declarações em sede policial. Esse episódio, de acordo com o advogado, levou o Ministério Público a denunciar os filhos do jornalista por denunciação caluniosa, processo que tramita na 1ª Vara Criminal de Petrópolis.
Novo capítulo no caso
Com a conclusão do laudo, a defesa da família Moreira pretende anexar o documento ao processo em andamento. A estratégia busca reforçar a tese de que Cid não autorizou a produção dos papéis trabalhistas e que houve interferência indevida na condução da demissão de Manuel.
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O caso, que já mobiliza diferentes versões, ganha agora mais um capítulo. Se comprovadas as irregularidades, o processo pode gerar responsabilizações civis e criminais, ampliando ainda mais a complexidade da disputa judicial.
É jornalista formada pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em Jornalismo Cultural e Assessoria de Imprensa pela Estácio de Sá. Ela é nosso braço firme no Rio de Janeiro e integra a equipe de OFuxico desde 2003. @flaviacirino

























