Psicólogo sobre ‘Casamento às Cegas’: ‘Beleza se inicia de dentro para fora’
Por Raphael Araujo - 30/12/22 às 14:10
A segunda temporada de “Casamento às Cegas Brasil”, da Netflix, estreou recentemente, e um acontecimento inusitado chamou a atenção do público que assistia ao programa: Amanda Souza, que se aproximou de Paulo na fase às cegas, foi descartada pelo participante logo depois que eles se viram pessoalmente. O motivo apontado por diversos fãs foi de gordofobia, pois ela é uma mulher gorda, tendo inclusive entrado no programa para ocupar um espaço diferente do habitual em atrações deste tipo, e a rejeição dele acabou sendo extremamente criticada.
Em conversa com OFuxico, o psicólogo Alexander Baz comentou sobre o assunto, começando pelos impactos psicológicos que participar de um reality show como esse pode gerar nos participantes: “As consequências são sempre contundentes, psicologicamente falando. A prioridade já evoca “tensões psicoemocionais”, que começam na própria esfera pessoal dos participantes e na medida em que se desenrola o reality essas mesmas tensões são migradas para o público, pelas associações livres que se dão inconscientemente”.
“A partir daí, e da expectativa, podem ocorrer frustrações e apreciações, que também fazem parte dos desafios. Essas irão provocar manifestações psicológicas negativas (transtornos de ansiedade; Depressão; e outros); como também manifestações psicológicas positivas (expectativas concluídas e desejos em também ter um desfecho igual)”, explicou ele.
“Ocorrem também frustrações pôr a pessoa não ter uma relação satisfatória, e piorando as sintomatologias, quando a relação não é nem razoável ocorrendo uma associação imediata em relação ao próprio fracasso conjugal do expectador. Ainda dos participantes, os desafios são o respeito, a sinceridade, a naturalidade — e principalmente ser ele(a) mesmo, sabendo lidar com as tensões que o reality desse tipo provoca. Que são diferentes dos outros reality shows. Porque é mais que uma competição é uma união conjugal”, afirmou o profissional.
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RESPEITO E IDEALIZAÇÃO
Sobre os participantes construírem relações profundas dentro das condições do programa, Alexander avaliou: “A principal premissa é o respeito, sendo sempre a prerrogativa a ser cumprida. Como não há prévio conhecimento dos participantes, não devem haver por parte desses nenhum tipo de restrição quanto aos pares que for conhecer”.
“O que unirá os participantes será o mecanismo psicológico da ‘identificação conjugal’, que envolve em uma primeira instância a preferência pelo biotipo. Toda atração começa pelo visual, se irá ou não se desenvolver o relacionamento, dependerá da 2ª fase, que vem após a identificação — que é a ‘combinação conjugal’, onde uma está atrelada à outra”, completou Baz.
Ele então comentou sobre o conceito de “idealização conjugal”, que pode ser bastante fantasiosa e frustrante: “É complicado falar de preconceito, porque há claramente presente o componente da identificação, que ultrapassa todos as questões da normalidade, dando vazão à uma ‘fantasia-delirante’. Quando há esse tipo de comportamento, há o detalhe — de um deliro (que é uma ideia equivocada)”.
“Ao haver contato com a realidade, a ‘fantasia-delirante’ se dissolve pela entrada da inclusão do pensamento lógico, que automaticamente corrige o ‘pensamento ilógico’, promovido pela associação do deliro e da identificação. Essa seria a leitura que eu faço. Pois, ao haver uma autêntica ‘combinação conjugal’ precedida pela ‘identificação conjugal’, não haveria restrições movidas por convenção social”, observou o psicólogo.
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IMPACTOS EM AMANDA
Em relação à Amanda Souza, Alexander listou os próximos passos que ela deve realizar após o ocorrido em relação ao psicológico: “A primeira ação é compreender, de que decepções existem, mas manter a autoestima integral, sem que haja abalos. Evidentemente, que sensações como estas, mexem com o emocional. Porém, entender de que a beleza e os atributos começam de dentro para fora é essencial!”
“A idealização faz com que haja:
– “um fogo muito rápido”. E que se consome mais rápido ainda com o raciocínio lógico, terminando sumariamente pela razão, sobre a idealização.
– Ignorar o desprezo (se houve mesmo, pela condição física) é uma ação emocionalmente necessária!
– Não se sentir diminuída ou menosprezada. Principalmente no Séc. XXI, que ações como essas, retrógradas, não são mais passíveis.
– A dica também é procurar pessoas que gostem do seu biotipo (embora em Blind Dates, é difícil conhecer antes)”, listou o profissional.
Baz continuou: “A autoestima é conquistada, fundamentalmente pelo trabalho psicoterápico. Não há medição para autoestima (ansiolíticos em caso de algum evento). Para diminuir a ansiedade que também é afetada pela baixa da autoestima. A confiança também é uma questão pessoal. Mas, não ter aspirações, nem tanto, “mergulhar de cabeça” é a única opção. Conhecer alguém aos poucos (pelas ações. Não por palavras)”.
Por fim, Alexander Baz revelou como enxerga um “‘Casamento às Cegas’ bem-sucedido”: “O correto é estabelecer parcimônias com pessoas que possam encontrar seus biotipos. Sem que ninguém se sinta prejudicado, ou diminuído”.
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Raphael Araujo Barboza é formado em Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero. OFuxico foi o primeiro lugar em que começou a trabalhar. Diariamente faz um pouco de tudo, mas tem como assuntos favoritos Super-Heróis e demais assuntos da Cultura Pop (séries, filmes, músicas) e tudo que envolva a Comunidade LGBTQIA+.