Ex-funcionários dizem que Hytalo Santos dava ‘mesada’ aos pais dos menores

Uma investigação do Ministério Público do Trabalho da Paraíba, em parceria com a Polícia Civil, trouxe novos detalhes sobre a vida do influenciador digital Hytalo Santos. Ele e o marido, Israel Nata Vicente, acabaram presos em São Paulo (SP), na última sexta-feira, 15 de agosto, acusados de tráfico de pessoas e exploração sexual de adolescentes.

Ex-funcionários do casal, ouvidos em condição de anonimato, relataram que menores viviam sob controle rígido na casa de Hytalo, em João Pessoa (PB).

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Segundo os depoimentos, ele decidia quando os adolescentes podiam comer, dormir e até usar o celular. Um dos ex-funcionários afirmou ao programa: “Inclusive já teve filmagens que ele fez para postar na rede social, que as crianças estavam indo para escola e, após desligar as câmeras, elas não iam para escola. Ou, se acontecesse de eles irem para a escola e surgir alguma agenda ou algo que precisasse de um deles, eles iriam lá simplesmente para pegar a criança”.

As denúncias, aliás, também apontam festas frequentes, com bebidas alcoólicas liberadas para os adolescentes. Outro ex-funcionário declarou posteriormente: “Eu presenciei muita festa, bebida, e a bebida era vontade para todo mundo. Todos bebiam, sem restrição”. De acordo com o Ministério Público, a residência funcionava como um reality show. Os jovens gravavam vídeos diários, muitas vezes com coreografias sensuais.

Esse material ia para as redes sociais e gerava altos lucros para o influenciador por meio de publicidade, rifas e sorteios online. Uma ex-funcionária contou ainda que os ambientes eram sujos e que os adolescentes ficavam sem alimentação adequada, dependendo da autorização de Hytalo. As investigações também revelaram que uma das adolescentes engravidou na casa e perdeu o bebê.

Famílias recebiam e crianças não iam à escola

Os relatos mostram que a frequência escolar dos adolescentes ficava comprometida. Em alguns casos, eles passavam até 50 dias fora da escola para acompanhar viagens de gravação. Pais dos jovens recebiam de R$ 2 mil a R$ 3 mil por mês como uma espécie de mesada para permitir que os filhos morassem com o influenciador. Conselheiros tutelares disseram que não receberam denúncias formais das famílias, a maioria delas moradora de Cajazeiras, cidade natal de Hytalo.

Hytalo começou a carreira como professor de dança em praças públicas e conquistou visibilidade com vídeos de adolescentes. Com o sucesso, passou a exibir carros de luxo e mansões em diferentes cidades. Segundo ex-funcionários, ele recebia grandes quantias em espécie e joias, mas a defesa nega atividades ilegais. Durante a prisão, cada um dos dois estava com quatro celulares.

O delegado Fernando Davi explicou: “A suspeita é que eles estavam sim tentando se evadir e já sabiam que seria expedido um mandado de prisão”. Os advogados afirmaram que o casal estava em São Paulo a passeio. Em nota, a defesa declarou: “Se os fatos causam indignação é uma outra abordagem para a situação, mas prendê-lo por conta disso me parece um exagero tremendo. A ideia de exploração sexual que foi pintada, acho que ela transborda da realidade muito”.

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O Ministério Público da Paraíba e o Ministério Público do Trabalho afirmaram que existem provas suficientes de exploração de menores. De acordo com os procuradores, eles aliciavam adolescentes em outras cidades, os levavam para João Pessoa e os submetiam a um regime de trabalho forçado. Após a prisão do casal, os jovens acabaram devolvidos às famílias.