Boris Johnson renuncia: ‘Estou abrindo mão do melhor emprego do mundo’
Por Flavia Cirino - 07/07/22 às 09:38
“É claramente a vontade do Partido Conservador que deve haver um novo líder do partido e, portanto, um novo primeiro-ministro”. Assim Boris Johnson iniciou seu pronunciamento nesta quinta-feira, 07 de julho, confirmando a renúncia do cargo.
Desde a última sexta-feira, 1º de julho, o então premiê britânico vinha passando por mais uma turbulência em seu governo, uma crise que se arrastava há tempos, mas que chegou num momento insustentável para a continuidade de sua liderança.
“É minha função junto a vocês continuar fazendo o que prometi em 2019. Estou abrindo mão do melhor emprego do mundo, mas quero agradecer a minha família, aos servidores, agências e membros do Partido Conservador”, disse ele.
Em seu pronunciamento, Boris Johnson disse que o processo de escolha do novo líder deve começar agora; cronograma será anunciado na próxima semana. O premiê deve permanecer à frente do governo até a escolha do sucessor.
Boris Johnson afirmou que irá dar apoio ao novo líder a ser decidido. “Ao público, sei que muitos estarão aliviados. Estou triste por estar entregando o melhor emprego no mundo”, disse.
“A razão de eu ter lutado tanto é porque eu senti que era meu dever. Estou imensamente orgulhoso de minhas conquistas”, acrescentou.
Para a secretária de Relações Exteriores, Liz Truss, Boris Johnson tomou a decisão certa: “O governo sob a liderança de Boris teve muitas conquistas – entregando o Brexit, vacinas e apoiando a Ucrânia. Precisamos de calma e unidade agora e continuar governando enquanto um novo líder é encontrado”, disse Truss.
O governo russo comemorou a queda do premiê: “Ele não gosta da gente, nós também não gostamos dele”, afirmou o porta-voz do Kremlim, Dmitry Peskov.
QUAIS OS ESCÂNDALOS QUE LEVARAM À RENÚNCIA DE BORIS JOHNSON
Uma série de acusações criaram um dos escândalos mais notáveis do governo, sem precedentes. Por muitas vezes os críticos do governo acusaram o primeiro-ministro de desrespeitar o procedimento e dobrar as regras quando lhe conviesse, como quando ele decidiu pedir à rainha que suspendesse ou fechasse o Parlamento por cinco semanas no auge de uma crise política sobre o Brexit.
A monarca acatou o pedido, de acordo com seu dever de ficar fora da política e agir apenas sob o conselho dos ministros de Estado, embora a Suprema Corte considerasse que a prorrogação era ilegal.
Por seu desrespeito às regras e padrões parlamentares, Johnson foi forçado a se desculpar pessoalmente
Outro fato que escandalizou o Reino Unidos foi uma alegação de corrupção depois que mensagens do WhatsApp revelaram que ele havia pedido fundos a um doador do Partido Conservador para reformar sua residência em Downing Street. O trabalho teria custado cerca de US$ 280 mil (aproximadamente R$ 1,5 milhão)
O Partido Conservador foi multado em 17.800 libras (cerca de R$ 115 mil) pela Comissão Eleitoral em dezembro do ano passado.
Também em 2021, Boris Johnson tentou forçar os parlamentares conservadores a votar a favor da revogação da suspensão de um colega do partido do Parlamento.
O Premiê enfrentou ainda a revolta dos britânicos por conta de festas realizadas em Downing Street, residência e sede oficial do governo britânico, em pleno lockdown da Covid-19. Aliás, o festeiro parlamentar promoveu uma noite de bebedeira na véspera do funeral do príncipe Philip – em um momento em que limites rígidos de socialização forçaram até a rainha a se sentar sozinha para se despedir daquele que foi seu marido por quase 74 anos.
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É jornalista formada pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em Jornalismo Cultural e Assessoria de Imprensa pela Estácio de Sá. Ela é nosso braço firme no Rio de Janeiro e integra a equipe de OFuxico desde 2003. @flaviacirino