Ciro Gomes avisa que, mesmo sob pressão, não desistirá da candidatura à presidência

Depois de ter sido alvo de uma operação da Polícia Federal que investiga possíveis irregularidades na construção da Arena Castelão, em Fortaleza, Ciro Gomes se viu pressionado. Presidenciável do PDT nas próximas eleições, ele recebeu apoio de diversos nomes da esquerda, incluindo o também presidenciável Lula, do PT. E na noite de quinta-feira, 16 de Dezembro, durante um evento de filiação da ex-reitora da Universidade de São Paulo (USP) Suely Vilela ao partido, em Ribeirão Preto, no interior paulista, Ciro afirmou que – contrariando especulações e expectativas – não desistirá de sua candidatura nas Eleições de 2022.

“Não (há chance de desistir), a minha candidatura não me pertence. Eu antes queria muito ser presidente do Brasil, mas vendo que o nosso país está passando, eu agora preciso salvar o Brasil. Preciso juntar todo mundo que tenha boa vontade para salvar esse país desse desastre que está aí”, disse o pedetista.

Além da investigação da PF, contra ele e o irmão, o senador Cid Gomes, pesa na possibilidade de desistência de Ciro Gomes sua baixa porcentagem nas pesquisas de intenção de voto. A Folha destaca que, nos bastidores, políticos do PDT consideram que Ciro deveria abrir mão de sua candidatura e que o partido deveria ter foco total em eleger deputados federais no próximo pleito.

LULA LIDERA PESQUISAS

A pesquisa Datafolha de intenção de voto divulgada na quinta-feira, 16 de Dezembro, reforça, entre lideranças do PSB, a aposta de que o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) acabará desistindo de se lançar candidato à Presidência da República em 2022 para que seu partido, o PDT, se junte à frente de esquerda liderada pelo PT. A pesquisa mostra Ciro com 7% das intenções de voto em um dos cenários pesquisados. Em primeiro lugar, aparece o ex-presidente Lula (PT) com 48%, seguido por Jair Bolsonaro (PL), com 22%. Moro tem 9% do eleitorado, segundo o levantamento.

Na avaliação de líderes do PSB, o principal entrave para Ciro revelado nas pesquisas é o desempenho de Sergio Moro (Podemos). O ex-juiz vem pontuando em terceiro lugar nos levantamentos, o que minaria as chances de o presidenciável do PDT unir a “terceira via” em torno de si.

Caciques do PSB que negociam com o PT e, ao mesmo tempo, expressam admiração por Ciro dizem em reservado acreditar que Ciro recuará da candidatura ante a possibilidade de terminar a disputa presidencial em quarto, quinto ou até sexto lugar.

“Imagina se um (João) Doria (pré-candidato do PSDB à presidência) passa ele? Para que ele vai fazer isso?”, questionou uma liderança do PSB em reservado.

Lideranças da esquerda que estão à frente das negociações para a frente de esquerda afirmam que ninguém irá pressionar Ciro a desistir de uma candidatura “por respeito a ele”. Mas apostam que ele não estará na urna concorrendo ao Planalto “por uma quarta vez”. Ciro e o PDT, porém, negam essa possibilidade.

CIRO E CID GOMES NA MRA DA POLÍCIA FEDERAL

A Polícia Federal cumpriu na última quarta-feira, 15 de Dezembro, 14 mandados de busca em endereço de Ciro Gomes (PDT) e seu irmão, o ex-governador do Ceará e senador Cid Gomes. As ações fazem parte de uma operação contra um esquema de fraudes, exigências e pagamentos de propinas a agentes políticos e servidores públicos no procedimento de licitação para obras no estádio Castelão, em Fortaleza, entre 2010 e 2013.

A Polícia Federal informou no pedido enviado à Justiça para realização da operação, que o presidenciável seu irmão são parte de uma “associação criminosa” atuante no Ceará para beneficiar empresários. Outro irmão da dupla também foi citado, Lúcio Ferreira Gomes. Além deles, outros três políticos também foram alvo.

“Os atos sistemáticos de corrupção delatados resultaram em massivos ganhos para a empreiteira e, como contrapartida, possivelmente proporcionaram o enriquecimento ilícito dos agentes públicos beneficiários, num esquema que permeou as duas gestões consecutivas do ex-Governador Cid Ferreira Gomes no Estado do Ceará”, afirma a PF.

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Com o objetivo é apreender mídias digitais, aparelhos celulares e documentos, a ação integra 80 policiais federais no cumprimento de 14 mandados de busca e apreensão, expedidos pela 32ª Vara da Justiça Federal, em residências de Fortaleza (CE), Meruoca (CE), Juazeiro do Norte (CE), São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG) e São Luís (MA).

“As investigações tiveram início no ano de 2017, sendo identificados indícios de esquema criminoso envolvendo pagamentos de propinas para que uma empresa obtivesse êxito no processo licitatório da Arena Castelão e, posteriormente, na fase de execução contratual, recebesse valores devidos pelo Governo do Estado do Ceará ao longo da execução da obra de reforma, ampliação, adequação, operação e manutenção do Estádio Castelão. Apurou-se indícios de pagamentos de 11 milhões de reais em propinas diretamente em dinheiro ou disfarçadas de doações eleitorais, com emissões de notas fiscais fraudulentas por empresas fantasmas”, explica a PF.

Após a operação, a investigação continuará com base no material apreendido. Entre os crimes que poderão responder, está lavagem de dinheiro, fraudes em licitações, associação criminosa, corrupção ativa e passiva.

PRESIDENCIÁVEL DIZ QUE AÇÃO É ABUSIVA

Através de seu perfil no Twitter, Ciro Gomes classificou a ordem como “abusiva” e disse que o presidente Jair Bolsonaro (PL) “transformou o Brasil num Estado Policial que se oculta sob falsa capa de legalidade.”

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