Lula é capa da revista TIME, que o aponta como ‘presidente mais popular do Brasil’
Por Flavia Cirino - 04/05/22 às 11:00
A revista americana “TIME” divulgou nesta quarta-feira, 04 de maio, a capa da semana com uma entrevista com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A publicação traz o título bastante intrigante: “O segundo ato de Lula”. No subtítulo, a revista escreveu: “O líder mais popular do Brasil buscar retornar à Presidência”.
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Vale destacar que a revista “Time” trabalha com capas distintas para diferentes regiões do mundo. Na mesma semana em que Lula está em destaque, a edição norte-americana terá capa com o Elon Musk, homem mais rico do mundo que deve comprar o Twitter; a europeia, com o chanceler alemão Olaf Scholtz; a edição do Pacífico terá capa com Volodymyr Zelenski, presidente da Ucrânia.
A entrevista, segundo a Time, foi realizada no fim de março em São Paulo. Na conversa, Lula falou sobre os desafios da economia brasileira, o que espera para a campanha eleitoral e um novo mandato caso seja eleito e sobre o que a Time classificou como “frágil democracia brasileira”.
Ele ainda destacou que nunca desistiu da política, mas que, quando saiu da Presidência, no fim de 2010, pensou que não se candidataria ao mandato novamente.
“Eu na verdade nunca desisti da política. A política está em cada célula minha, a política está no meu sangue, está na minha cabeça. Porque o problema não é a política simplesmente, o problema é a causa que te leva à política”, afirmou o ex-presidente.
“Quando deixei a Presidência em 2010, efetivamente eu não pensava mais em ser candidato à Presidência da República. Entretanto, o que eu estou vendo, doze anos depois, é que tudo aquilo que foi política para beneficiar o povo pobre— todas as políticas de inclusão social, o que nós fizemos para melhorar a qualidade das universidades, das escolas técnicas, melhorar a qualidade do salário, melhorar a qualidade do emprego—, tudo isso foi destruído, desmontado”, completou.
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REVIRAVOLTAS E OPERAÇÃO LAVA A JATO
A reportagem cita também a reviravolta na trajetória política dele, condenado e preso após as investigações de corrupção da Operação Lava Jato. A revista destaca que Lula foi solto, após o Supremo Tribunal Federal (STF) considerar que ele foi julgado por um juiz que atuou de forma enviesada, o que afetou a defesa. A publicação não cita nominalmente o ex-ministro e ex-juiz Sergio Moro.
A “Time” conta ainda que Lula vai disputar as eleições contra o presidente Jair Bolsonaro, e cita que o ex-presidente lidera as pesquisas de preferência do eleitorado.
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Em determinado momento da entrevista, a “Time” lembra que, no Brasil, as pessoas dizem quem há várias “encarnações” de Lula quando tema é política econômica. E questiona que postura o presidente adotará nessa área caso seja eleito. Lula responde que política econômica é um tema a ser definido após as eleições.
“Eu sou o único candidato com quem as pessoas não deveriam ter essa preocupação, porque eu já fui presidente duas vezes. E a gente não discute política econômica antes de ganhar as eleições. Primeiro você precisa ganhar para depois saber com quem você vai compor e o que você vai fazer. Quem tiver dúvida sobre mim olhe o que aconteceu nesse país quando eu fui presidente da República: o crescimento do mercado”, argumentou o ex-presidente.
BOLSONARO E A DEMOCRACIA
A Revista Time ainda menciona Jair Bolsonaro (PL) diante do painel da democracia brasileira: “Bolsonaro, um defensor da ditadura militar do século 20 do país, convocou comícios em massa contra juízes que o desagradam e atacou jornalistas críticos. Ele também passou meses alertando sobre fraude eleitoral no Brasil, em um eco do comportamento do presidente Donald Trump antes das eleições americanas de 2020”, diz a reportagem.
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“Em abril, ele sugeriu que as eleições poderiam ser ‘suspensas’ se ‘algo anormal acontecer’. Se ele perder, alertam os analistas, é provável que haja uma versão brasileira do motim de 6 de janeiro [invasão do Capitólio]. Se ele vencer, as instituições brasileiras podem não aguentar mais quatro anos de seu governo”, continua o texto.
Sobre supostos temores do mercado com sua eventual volta ao poder, Lula diz: “sou o único candidato com quem as pessoas não devem se preocupar [com a política econômica]. Porque já fui presidente duas vezes. Não discutimos políticas econômicas antes de vencer as eleições. Primeiro, você tem que ganhar as eleições. Você tem que entender que em vez de perguntar o que vou fazer, apenas olhe para o que eu fiz”.
GUERRA RÚSSIA X UCRÂNIA
O ex-presidente também comentou sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia: “Dois chefes de Estado eleitos, sentados à mesa, olhando-se nos olhos’, podem resolver quaisquer divergências”.
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Para Lula, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, têm culpa na guerra.
“Os Estados Unidos têm muita influência política. E Biden poderia ter evitado, não incitado. Ele poderia ter participado mais. Biden poderia ter tomado um avião para Moscou para conversar com Putin. Esse é o tipo de atitude que você espera de um líder. (…) Vejo o presidente da Ucrânia, falando na televisão, sendo aplaudido, sendo aplaudido de pé por todos os parlamentares [europeus]. Esse cara é tão responsável quanto Putin pela guerra. Porque na guerra, não há apenas uma pessoa culpada”.
O petista afirmou ser preciso renovar as instituições globais. “As Nações Unidas de hoje não representam mais nada. Os governos não levam a ONU a sério hoje, porque tomam decisões sem respeitá-la. Precisamos criar uma nova governança global”.
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É jornalista formada pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em Jornalismo Cultural e Assessoria de Imprensa pela Estácio de Sá. Ela é nosso braço firme no Rio de Janeiro e integra a equipe de OFuxico desde 2003. @flaviacirino