A suspensão do Twitter/X no Brasil e seu impacto na repercussão de reality shows

Por - 08/10/24 às 16:53

Logo do X, antigo TwitterLogo do X, antigo Twitter - Reprodução

Há muito tempo a batalha entre Elon Musk e o judiciário brasileiro vinha acontecendo e, finalmente, em 30 de agosto o Supremo Tribunal Federal bloqueou o acesso ao X/Twitter. Muitos foram pegos de surpresa e os impactos da suspensão logo foram sentidos, principalmente nos setores ligados ao entretenimento.

O Twitter/X é, há muitos anos, uma das redes sociais preferidas dos brasileiros para comentar de forma ágil todo o tipo de assunto relacionado à cultura pop, e principalmente reality shows. É inerente que a parcela mais jovem dos telespectadores são ávidos comentaristas dos programas de TV nas redes sociais e as emissoras sabem disso.

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O público brasileiro, que é ligado em reality show, se entrega de coração aberto aos participantes e os mutirões e as ‘hashtags’ são algumas das formas que as emissoras encontraram para manter o telespectador repercutindo o programa nas redes sociais.

Nicollas Piton, criador da página Central Reality, opinou sobre a decisão do STF em bloquear a rede social.

“Entendemos totalmente a decisão do Ministro Alexandre de Moraes. Apesar de nos afetar diretamente, temos a consciência de que foi uma decisão importante, não só para mostrar ao mundo nossa soberania, mas também para melhorar a plataforma, que nitidamente vem sofrendo desde que Elon Musk assumiu o comando. O discurso de ódio, camuflado em ‘liberdade de expressão’ aumentou consideravelmente e notávamos nos comentários das publicações, além do aumento dos ‘bots’ que atrapalhavam o diálogo dos seguidores nos posts. No fim das contas, acreditamos que foi um mal necessário para um bem maior.”

O reality inédito da Globo, o ‘Estrela da Casa’, havia estreado há menos de três semanas da suspensão e acabou sendo um dos principais afetados neste setor. Com dinâmicas que necessitavam da participação nas redes sociais, a atração global foi cada vez mais sendo prejudicada, muitas vezes mal havendo publicações a respeito nos principais portais. Apesar de se manter na liderança da audiência a maior parte da sua exibição, é nítido que o programa não atingiu o seu potencial máximo com o público da internet, principalmente na divulgação das canções dos participantes.

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As outras redes sociais, que geralmente bebiam da fonte do X/Twitter, também sentiram os impactos da suspensão. Frequentemente os conteúdos que são replicados no Instagram, Facebook e Tik Tok são provenientes do antigo passarinho, o que acaba gerando um problema em cadeia: sem a fonte primária, a praticidade de postar muito conteúdo diminui e limite o que o público da informação rápida que eles buscam.

A migração para o Bluesky foi a saída encontrada pela maioria dos portais brasileiros para tentar suprir a necessidade de comentar sobre as coisas, entretanto, a rede social não estava estruturada o bastante para suprir as demandas do público, principalmente pela limitação na publicação de vídeos e a falta dos ‘trending topics’, que mostravam os assuntos mais relevantes do dia.

Nicollas também revela como foi a adaptação ao bloqueio do X/Twitter: “Apesar da Central possuir mais de 600 mil seguidores no Instagram, o X era onde a maior parte do nosso público está reunida, somando mais de 1 milhão de seguidores só lá. Então, os impactos com a suspensão foram sentidos desde o primeiro dia, principalmente porque foi durante a cobertura do ‘Estrela da Casa’ e antes da estreia da nova temporada de ‘A Fazenda’”.

Ele ainda revelou que o foco atualmente está no Instagram, já que as outras redes sociais ainda estão muito “cruas” para o grande público.

“Antes de fechar de vez, consegui reunir os adms para tentar arrumar a solução, e decidimos que o foco iria para o Instagram, já que o Bluesky estava ainda muito verde e precisava amadurecer. Então, ficou assim, iríamos adaptar a cobertura que tínhamos no X com as limitações do Bluesky, e tentaríamos focar mais no Instagram.” Apesar dos claros impactos no setor, a regulamentação do X/Twitter frente às leis brasileiras é um importante movimento não só para a plataforma, mas como pros usuários que, esperançosamente, vão ter onde recorrer caso haja problemas”, finalizou.

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