Lina já andou com megafone para se proteger da transfobia

Talvez poucos saibam, mas Lina Pereira dos Santos, ou simplesmente Linn da Quebrada, fez um pedido especial para a sua equipe antes de entrar para o “BBB22“. Ela orientou aos seus administradores o seguinte: ‘Eu vou errar, mas não passem panos, torçam os panos’. Thiago Felix, gestor de carreira da cantora, procurador da artista fora do programa e amigo há dez anos, foi quem contou a solicitação em entrevista ao OFuxico.

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“Eu sempre falo desse pedido, porque ele é muito forte e acho porque ele demonstra um lugar da Lina muito interessante, que é esse lugar dela compreender que ela é humana, e assim como qualquer uma de nós podemos errar. Ela deixou claro que ela é feita de contradições e que a gente precisa lidar com isso da melhor maneira possível aqui fora”, contou.

Thiago, que é um dos principais icebergs de um staff de 22 pessoas que cuida de Lina 24 horas por dia, sete vezes por semana, falou sobre a questão da troca dos pronomes ocorrida dentro do programa pelos demais participantes da casa. Quem está de olho no reality, já viu Lina triste e chateada quando o erro aconteceu. Por muitas vezes, a cantora também já “deu aula”, explicando, por exemplo, a Pedro Scooby qual era a diferença entre trans e travestis.

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“A Lina é uma grande comunicadora, esse assunto, ela perpassa por um lugar muito sensível da vivência e da existência dela. Obviamente que é algo que a fere muito. Mas por saber a importância da fala e quais os efeitos que essas palavras têm no outro, Lina sabe que dentro dessas situações, ela pode pedagogizar toda uma sociedade que assiste a esse programa”, afirmou Felix.

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“Lina já utilizou dos mais diversos meios. A sua arte, inclusive, é um meio de denunciar e de expor essas pessoas. Mas ela já fez de tudo: desde de conversar, até brigar. Teve uma época, que ela sofreu uma violência e começou a andar com megafone. Ela dizia que se a maltratassem na rua, ela puxava o aparelho para expor para todo mundo a situação. É triste, porque é uma coisa que acontece corriqueiramente, mas ela procura lidar de forma muito inteligente com essas questões”, contou o porta-voz.

Thiago também disse que Lina entrou para o reality com muito medo. “Com todos os medos possíveis. A gente sabe que é um programa de muita exposição, uma grande janela que pode oferecer muitas oportunidades, mas é também uma jogada de muito risco para qualquer pessoa. Pensando em carreira, colocamos tudo em cima de uma mesa e estudamos quais eram as possibilidades de dar certo e quais não, mas a Lina tem uma teoria de: ‘vou com medo’. Todo o nosso trabalho é feito com medo. A gente tem medo o tempo inteiro, mas ele serve de instrumento para que a gente manuseie para fazer as coisas acontecerem”, acrescentou.

Quem achou que Lina fosse entrar para o programa com um perfil “tiro, porrada e bomba” se equivocou. “Lina é uma pessoa que tem um carisma muito grande, as pessoas se identificam, as pessoas gostam dela. Eu acredito que se há um caminho, este é um caminho possível para levar ela à final e a vitória. Ela tem um raciocínio muito bom, é observadora, honesta, além de conseguir ver as coisas na sua complexividade e trabalhar em cima disso”, disse.

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Thiago Felix encerrou a entrevista contando o que há por trás da tatuagem que imitam vários riscos no peito da cantora.

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“Lina teve um câncer de 2014 para 2015 e o processo de quimioterapia fragilizou muito o corpo dela. Ela se coçava e foram ficando marcas, aí quando ela se curou, ainda assim, essas cicatrizes ficaram. Então, ela decidiu tatuar sobre as cicatrizes para manter a memória deste momento. Foi um câncer em um dos testículos, foi avassalador, uma fase muito difícil, de extrema vulnerabilidade física, mas Lina foi muito guerreira. Ela opera muito bem na fragilidade, sabe como ninguém transformar fraqueza em força”, concluiu.

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