Masterchef tem mais a ver com Mazzaropi do que você imagina. Entenda!

Por - 05/07/22 às 20:05

Jurados do Masterchef e Ana Paula Padrão e cartaz do filme Sai da Frente, de MazzaropiMelissa Haidar/Band e Divulgação

Depois de oito anos no ar, sendo ao todo 14 temporadas, entre amadores, kids e profissionais, o “Masterchef Brasil” deixou a sede da Band, onde gravava o programa nos estúdios da emissora, e migrou para a região metropolitana de São Paulo, mais precisamente para São Bernardo do Campo, nos famosos estúdios Vera Cruz, um marco para o cinema nacional.

Inaugurado em 1949, foram feitas 22 produções, entre elas, “O Cangaceiro”, inspirado na história de Lampião e dirigido por Lima Barreto, vencedor do Festival de Cannes de 1953, e o primeiro filme de Mazzaropi, “Sai da Frente”, que em 2022, completa 70 anos.

E, falando em Mazzaropi, em conversa com o OFuxico, a diretora do Masterchef, Marisa Mestiço, confidenciou que, apesar dos dois estúdios de 3.600 metros quadrados cada, que tem 17 metros de pé direito, o Masterchef desta temporada está sendo gravado em um local específico que tem uma ligação muito forte com a ascensão de Mazzaropi.

Cartazes de filmes dos estúdios Vera Cruz e logotipo do Masterchef Brasil
Foto: Luigi Civalli

“A gente montou o nosso estúdio do Masterchef exatamente no local, onde ele reproduz uma ‘Veneza Brasileira’, em um de seus filmes. Ali onde ficam as linhas de bancadas era onde ficava a piscina, transformada em um rio para o filme, e tudo acontecia em volta deste lugar. É icônico esse filme, na época foi uma revolução fazer esse rio dentro de um estúdio e é justamente o lugar mais importante do Masterchef, que é onde os participantes cozinham, então é mágico para nós estar ali em um lugar tão importante para o cinema brasileiro”, contou, lembrando que Mazzaropi rodou seu primeiro filme por lá, “Sai da Frente”, de 1952, além de mais quatro produções do ator.

Filmes de Mazzaropi rodados nos estúdios Vera Cruz
Filmes de Mazzaropi rodados nos estúdios Vera Cruz – Divulgação

Masterchef ajuda na revitalização do Vera Cruz

Pelos próximos três anos, a PRH-9 Produções, empresa do Grupo Bandeirantes de Comunicação, tem o direito de exploração dos estúdios e o Masterchef foi o primeiro programa da emissora a “entrar” no espaço.

Para Marisa Mestiço, mexer com algo que faz parte do cinema brasileiro, é muita responsabilidade.

“É muita responsabilidade, de modo geral, estar aqui. A gente saiu de um lugar onde tinha muita estrutura da emissora. Daí, a gente veio para um lugar com muito espaço e uma necessidade de criar infraestrutura. Isso foi interessante, porque a gente testou e está testando muitas coisas e as outras produções aqui já vão vir com o aprendizado de coisas que funcionam”, afirmou.

Marisa Mestiço, diretora do Masterchef
Marisa Mestiço, diretora do Masterchef Brasil – Melissa Haidar/Band

“No Veracruz, a gente também conseguiu ter um estúdio 360 de circulação e um estúdio assim para quem trabalha com audiovisual sabe o quanto isso é importante. No cenário em si, a gente só fez uma reforma no mercado, mas não fiz nenhuma grande mudança, porque a gente precisa implementar o projeto lá, a gente estava saindo de casa, o Masterchef ficou ‘adulto’. Então, os maiores desafios ficam por parte da produção mesmo, mas foi muito interessante ter o espaço porque é uma casa nossa, onde somos o primeiro projeto grande a explorar o espaço daquele tamanho”, completou.

Porém, não pense que foi uma tarefa fácil para a direção do Masterchef, pois foi uma construção de algo “quase do zero”, mas fica o fato que todas as mudanças serão aproveitadas pelos próximos programas.

“No começo, foi um pouco estressante, porque a gente tinha muita responsabilidade pela entrega do programa mesmo, mas acho que é muito legal a gente explorar o espaço e fazer pequenas melhorias. Eu acho que é muito legal essa responsabilidade toda. Aqui, a gente fez uma reforma de cozinha back, que é nossa cozinha de apoio, que vai ficar para a estrutura, não importa o que vai acontecer aqui. A gente fez mudança na ala de produções, onde melhoramos a estrutura ali, então eu acho que a nossa contribuição, assim como o Mazzaropi deixou o seu legado aqui. Então, eu espero que, se um dia não tiver o Masterchef, alguém lá na frente fale: ‘Gente, ali era o palco do Masterchef, eles usavam deste jeito’, acho que história é o que faz movimentar o mundo e eu acho que nossa responsabilidade também é um prazer de fazer nossa história aqui”, disse.

Cenário do Masterchef
Foto: Luigi Civalli

Concorrência “amiga”?

Questionada sobre o fato de reality shows culinários “mandarem recado” ao Masterchef em seus programas, Marisa Mestiço leva bem na esportiva, ou melhor, ela adora, pois mostra que o programa, pioneiro neste tipo de atração na TV aberta, continua em evidência após oito anos no ar.

“Eu amo que mandem recado para a gente. Eu nunca faria um abre do meu programa, mandando um recado para o Claude, nem para ninguém. Eu acho que eles mandam recado porque nós abrimos as portas e aí eles falam como: ‘Olha, estamos fazendo diferente’. Que bom, porque eu acho que a gente vive de memórias, eu vivi de memórias afetivas de novelas da Globo e do Video Show, então eu ver as pessoas tendo memória afetivas do Masterchef falando: ‘Lá no Masterchef da Globo, no Masterchef da Record’, tem o ‘Para tudo’ da Ana, então acho que isso explica muito o que nós somos”, disse.

Evolução do perfil dos jogadores

E, se tem uma coisa que mudou ao longo dos anos, foi o perfil dos participantes. Atualmente, eles se preocupam bem mais com o jogo e não só com a gastronomia. Ah, e se você quer vencer o Masterchef, não existe uma fórmula mágica, mas a própria diretora do programa tem uma “cartilha” a seguir que pode mostrar o “caminho das pedras”.

“Eu nem acho que ser o melhor cozinheiro, apesar de ser a frase que a gente usa emblematicamente no programa, não acho que é o melhor rótulo para vencedor, porque é uma jornada de estratégias, de domínio dos seus ‘monstros’, da capacidade de ter uma malandragem ali, de guardar uma receita importante para um dia que você possa brilhar”, começou.

“Se eu fosse participante, eu faria isso. Iria estudar tudo o que o reality oferece. “E bom você dominar o programa, mas o ‘twist’ é de como você se comporta no programa. O participante tem que chegar aqui e estudar tudo o que o Jacquin gosta e não gosta, como a Helena se comporta. Então, tem que ter um equilíbrio entre o estrategista e o cozinheiro, porque se você focar muito em um, é muito difícil chegar longe”, acrescentou.

Marisa ainda afirmou que o Masterchef é um “combo” de estratégia, com jogo e culinária e o participante que dosar tudo isso da melhor forma é o que tem chance de ir mais longe.

Participantes na bancada do Masterchef
Melissa Haidar/Band

“Você entrar em um reality show sendo que você não quer jogar? Quem quer só cozinhar, eu sempre falo para ir para um concurso que várias marcas fazem, onde você ganha certificados e tudo mais. Agora, quem quer vir para o Masterchef, tem que gostar de jogo também. Nossop programa não é só cozinha, é um combo, então o participante tem que saber essa balança, é nesse lugar que as pessoas se perdem”, finalizou.

O Masterchef vai ao ar vai ao ar toda terça-feira, às 22h30, na tela da Band, com transmissão simultânea no Band.com e no aplicativo BandPlay. A atração também é exibida toda sexta-feira, às 19h25, no canal Discovery Home & Health e no Discovery+.

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Formado desde 2010, já passou pelas editorias de esporte e entretenimento em outros veículos do país e atualmente está no OFuxico. Produz matérias, reportagens, coberturas de eventos, apresenta lives e ainda faz vídeos curtos para as redes sociais