Qual o limite do entretenimento dentro de um Reality Show?
Por Murilo Rocha - 26/11/22 às 08:00 - Última Atualização: 25 novembro 2022
Entra ano e sai ano, todos ficam fissurados por algum reality show: Seja aqueles que focam em um game como o BBB e a “A Fazenda”, ou os de pegação, como De Férias com o Ex. Porém, algo inédito rolou neste ano: Todos ficaram devendo de alguma forma. O que vimos no BBB, com a falta de grandes conflitos, e um jogo frio, e o que estamos vendo no reality rural da Record, onde não vemos jogo, apenas muitas confusões, e um reality muito pesado cheio de ameaças, agressões pesadas verbais, e sem um clima tranquilo.
Por outro lado, os de pegação se aprofundaram no tema, trazendo até mais forte neste ano, o que não é necessariamente ruim, uma vez que o reality se propõe a isto, como “Túnel do Amor” ou “De Férias com o Ex”. E também vale lembrar que são realitys mais nichados, uma vez que nem todo mundo que assiste um, vai assistir o outro, e o público que consome quer ver este tipo de coisa, que vem sendo exibida por anos na MTV. O programa só gera polêmicas quando algum participante vai longe demais, e acaba até ganhando uma vaga em outros realitys, como Lipe Ribeiro, Bifão, e companhia, que estiveram em “A Fazenda”.
E O ENTRETENIMENTO?
Bom, teoricamente tivemos duas radicais este ano: O “BBB” trouxe um elenco um pouco engessado, que não focou no entretenimento de games, e deixou a desejar, colocando todo mundo ‘para dormir’, e tirando toda a graça do reality, como jogos da discórdia repetitivos, discussões pequenas sobre relações, e até mesmo rivalidades que não foram para frente, bem como a chatíssima cantoria, que só parou após a chegada dos participantes da Casa de Vidro. Ou seja, o medo do cancelamento, após o caótico “BBB21”, onde Karol Conká causou, e tivemos Juliette como campeã, foi muito grande, e deixou todos os da edição seguinte com medo do que fazer, e de perder conquistas e contratos aqui fora.
Mas, se de um lado tivemos cantorias, cirandas, e pouco “fogo”, temos “A Fazenda 14”, com muito fogo, muita treta, e pouca diversão. Não é nada confortável assistir as mesmas brigas todos os dias, com as mesmas falas, e com palavras e um nível cada vez mais baixo. O negócio é que assistir participantes X e Y trocarem ofensas, sem o mínimo de bom senso, é chato e agressivo. Aliás, agressivo é a palavra que define essa edição. Os barraqueiros não são carismáticos, a divisão de grupos, realizadas por eles, trava completamente o jogo, já que sabemos que dois de um grupo, e um do outro, resulta sempre na eliminação daquele que tem mais integrantes na roça.
EXISTEM LIMITES?
Se voltarmos ao BBB20, uma referência de edição, tivemos conflitos interessantes, rivalidades travadas do início ao fim, e mesmo divididos em grupos opostos, eles conseguiram permear toda a casa, coroando uma edição que começou com polêmicas, por ser a primeira trazer famosos, na melhor edição. No caso de “A Fazenda”, brigas e baixaria sempre aconteceram. Existem momentos icônicos que são parte do reality: Gretchen contra Penelope Nova; Andressa Urach e Denise Rocha; até mesmo Theo Becker nas poucas semanas que ficou. Agora, o x da questão é isso: Mesmo com gritos e berros de “Te pego lá fora”, as brigas engrandeciam o programa. Só que neste ano, aconteceu justamente o contrário, onde alguns participantes inclusive fizeram ameaças de morte, além de discussões pesadas e dinâmicas que sempre parecem recicladas, sem tirar, nem por.
Então sim, existe um limite. Acontece que nem sempre ele é visível. Ninguém gosta e ninguém acompanha um game que está parado, sem nada para comentar ou virar assunto. A polêmica é necessária, porém, se estiver sendo exagerada, ela se torna negativa e afasta quem está assistindo. Assim como a ausência dela também afasta, já que entram em um lapso em looping. O limite se encontra ai, e o público sabe disso, tanto sabe que acompanha a maioria deles entendendo e buscando um tipo de visão, um tipo de diversão, seja pelas brigas nitroglicerinas ou pelos jogadores natos.
SALVAÇÃO?
Não acredito que tenha. 2022 não se consagrou como um ano bom para muitos realitys, deixando as coberturas um pouco massivas, já que o foco é muito mais sobre a repercussão do lado de fora, do que algo sobre o jogo. O negócio é que tudo ficou previsível, tudo ficou massivo, e o final antecipado já é uma realidade. Não tem surpresas, não tem emoção. A única ressalva foi a eliminação de uma das favoritas, Deborah Albuquerque, na roça quádrupla. No BBB, podemos citar a eliminação de Lina, ou Linn da Quebrada, que também chocou ao ser tirada perto da reta final. O que nos resta, como público, é torcer para que no próximo ano os produtores e diretores entendam isto, e saibam que todos querem comentar, e todos querem ter opiniões. Sucesso comercial ou não, o entretenimento deveria ser a prioridade, e ultimamente, ele tem ficado para trás.
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Em formação no Jornalismo pela UMESP. Escreve sobre cultura pop, filmes, games, música, eventos e reality shows. Me encontre por aí nas redes: @eumuriloorocha